DataPoder 360: 65% dos brasileiros já consideram votar em quem ‘nunca foi político’, como João Dória

Publicado em 24/04/2017 10:00

A onda antipolítica que tomou conta do Brasil nos últimos anos aparece em números na última pesquisa do DataPoder360 realizada nesta semana: 65% dos brasileiros dizem que votariam com certeza ou poderiam votar em quem “nunca foi político” na disputa para presidente em 2018.

Este é o primeiro levantamento sobre a conjuntura política com abrangência nacional após a divulgação, na semana passada, dos vídeos de delações premiadas relacionadas à Odebrecht.

 

O estudo foi realizado nos dias 16 e 17 de abril. Foram entrevistados 2.058 brasileiros e brasileiras com 16 anos de idade ou mais, em 217 municípios. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.

 

Além de fazer a sondagem sobre a sucessão presidencial de 2018, o DataPoder360 indagou também aos entrevistados sobre o que vai influir no voto do ano que vem.

Apesar de faltar muito tempo para a disputa (em 7 outubro de 2018), já há 1 interesse além do usual a respeito de quem poderá comandar o país depois de Michel Temer. A pesquisa indica que 42% dos brasileiros já têm “muito interesse” pelas eleições e 27%, “pouco interesse”.

Para 62% dos eleitores, a principal qualidade para um candidato a presidente é a “honestidade”. O resultado supera a soma de todas as outras respostas. Apenas 4% acham que ter experiência é mais importante. O 2º predicado mais relevante, segundo a pesquisa DataPoder360 é o “compromisso” do político com as suas propostas e com o país.

O IMPACTO LAVA JATO

A operação Lava Jato, em curso há mais de 3 anos, está presente na vida cotidiana dos brasileiros. Segundo a pesquisa, 87% dos entrevistados responderam que tomaram conhecimento das delações premiadas relacionadas à empreiteira Odebrecht.

Embora o processo judicial possa demorar meses ou anos para muitos dos políticos citados, os brasileiros parecem (pelo menos neste momento) já ter feito 1 juízo de valor a respeito do episódio.

Para 78% dos entrevistados, quem foi acusado de receber propina já não merece mais o voto nas eleições de 2018 para governador ou presidente. Ou seja, o impacto das delações da Odebrecht praticamente inviabiliza quase uma geração inteira de políticos –se as eleições fossem hoje.

João Doria vai a 13%, desidrata Bolsonaro e é o tucano mais forte em 2018

O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), 59 anos, é o tucano mais bem posicionado na disputa presidencial de 2018, revela pesquisa nacional do DataPoder360.

Se a disputa fosse hoje, Doria teria 13% das intenções de voto. Os outros 2 tucanos sempre citados como possíveis candidatos a presidente pontuam menos.

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, 64 anos, tem 8% das intenções. O senador mineiro Aécio Neves, 57 anos, fica com 7%. Os 3 tucanos –Doria, Alckmin e Aécio– foram testados em cenários idênticos (contra os mesmos adversários).

A pesquisa do DataPoder360 é a primeira de abrangência nacional realizada após a divulgação dos vídeos das delações da Odebrecht. O levantamento foi realizado nos dias 16 e 17 de abril. Foram entrevistados 2.058 brasileiros e brasileiras com 16 anos de idade ou mais, em 217 municípios. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.

Eis os 3 cenários para a corrida presidencial testados pelo DataPoder360:

O prefeito de São Paulo se torna, a partir de agora, o tucano mais competitivo para a disputa de 2018. Doria tem se recusado a assumir a candidatura publicamente. Mas a pressão tende a aumentar.

Alckmin e Aécio foram citados nas delações da Odebrecht. Ambos negam ter cometido irregularidades, mas o desgaste tem sido intenso por causa da exposição das acusações na mídia.

João Doria não aparece nas delações da Odebrecht.

ONDA CONSERVADORA

O deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) está bem posicionado nos 3 cenários pesquisados para 2018. Chega a ter 19% das intenções de voto.

Como se observa nas tabelas acima, Bolsonaro só desidrata quando João Doria também entra na disputa. Nessa hipótese, os 2 empatam no 2º lugar, com 14% e 13% das intenções de voto, respectivamente.

Esse empate técnico entre Bolsonaro e Doria é uma indicação sobre como se mexe a onda conservadora que tomou conta de parte do eleitorado. É possível que parte dos eleitores esteja apenas fazendo 1 “pit stop” na candidatura do radical Jair Bolsonaro. Quando aparece alguém menos colérico, o eleitor rapidamente começa a desembarcar do deputado do Partido Social Cristão.

DORIA: DESCONHECIDO POR 53%

O tucano João Doria é o menos conhecido dos principais pré-candidatos a presidente. Segundo o DataPoder360, há 53% dos eleitores que dizem não conhecer o prefeito paulistano.

Essa “taxa de desconhecimento” não deve ser interpretada como algo a favor ou contra. Em teoria, Doria tem espaço para crescer nas preferências do eleitorado quando se tornar mais conhecido. Isso vai depender, entretanto, de seu desempenho como prefeito de São Paulo e de como a conjuntura política será alterada nos próximos meses.

A LIDERANÇA DE LULA E A REJEIÇÃO AO PETISTA

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 71 anos, confirma sua liderança nas projeções para 2018. O petista lidera os 3 cenários testados pelo DataPoder360, com 24% ou 25% das intenções de voto, dependendo de quem são seus adversários.

No início dos anos 2000, o marqueteiro Duda Mendonça formulou a teoria dos 3 terços do eleitorado. Ele dizia que Lula sempre teria 1/3 dos votos. Outros 33% seriam do núcleo duro anti-PT. E o terço final ficaria como 1 pêndulo, flutuando de 1 lado para o outro.

Em 2002, Lula suavizou o discurso, fez uma “carta ao povo brasileiro” (que hoje sabe-se teve colaboração intelectual da Odebrecht), tirou proveito da crise econômica do final do governo FHC. Naquele ano, sob orientação de Duda Mendonça, o ex-líder sindical conseguiu vencer a disputa presidencial conquistando parte do eleitorado que o enxergava de maneira reticente.

Após o impeachment de Dilma Rousseff (em maio de 2016) e com o agravamento da recessão econômica, Lula estava reconstruindo uma ponte com parte do eleitorado que poderia garantir uma nova vitória petista na eleição presidencial de 2018. Agora, há indicações de que o cenário mudou 1 pouco.

Primeiro, o ex-presidente foi o político que teve a maior carga negativa no noticiário das delações da Odebrecht. Segundo, apesar de todas as incertezas políticas sobre a aprovação de reformas, a economia brasileira mostra resiliência e deve terminar o ano com algum crescimento. O fato é que o resultado para Lula é uma rejeição altíssima, com 59% dos eleitores dizendo que tem uma opinião negativa sobre o líder petista.

Neste momento –e pesquisas são fotografias do momento–, há sinais de que a liderança de Lula passa por uma certa inflexão na corrida pelo Palácio do Planalto. Por ora, entretanto, é impossível dizer como o petista estará posicionado em 2018.

E se Lula não puder ser candidato? Essa hipótese existe. Há risco real de o petista vir a ser condenado em 2ª Instância e ficar inelegível. O DataPoder360 indagou os eleitores a respeito: “Se Lula não for candidato a presidente em 2018 e indicar alguém no seu lugar, como você reagiria?”.

As respostas, neste momento, são desalentadoras para o PT. Segundo a pesquisa, 64% “não votariam de jeito nenhum na pessoa indicada por Lula”. Só 18% dariam “com certeza” o voto para o nome sugerido pelo petista, e outros 18% não souberam ou não responderam.

O DESGASTE DE AÉCIO E DE ALCKMIN

O tucano Aécio Neves é o mais rejeitado entre os nomes citados para a corrida pelo Planalto em 2018. Entrevistados com uma opinião negativa sobre o tucano chegam a 66%. O colega do PSDB paulista Geraldo Alckmin pontua 54%. José Serra tem 58%.

Os 3 tucanos foram citados nas delações da Odebrecht. Todos negam ter cometido irregularidades, mas o desgaste já é real.

Conheça a seguir os detalhes sobre a percepção dos eleitores sobre Serra, Alckmin, Aécio e Doria:

Fonte: Poder360

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