Agro brasileiro não sente efeitos da 'greve geral'; líderes comentam movimento

Publicado em 28/04/2017 20:10

A greve proposta pelos sindicatos de esquerda nesta sexta-feira, 28 de abril, contra as reformas propostas pelo governo federal, teve impactos limitados nas atividades do agronegócio. As manifestações atingiram  de forma apenas pontual o setor de transporte e a logística em algumas regiões. Na parte da manhã houve tentativas de paralisação de algumas rodovias, com bloqueios que apenas atrapalharam o fluxo normal do trânsito. "Um movimento pífio", sentenciou o ministro da Justiça, Osmar Serraglio.

-- “Estamos testemunhando tentativas de bloqueios em diversas partes do país. Mas a polícia está sendo muito eficiente, está desobstruindo os piquetes. É um contrassenso imaginar que alguém esteja em greve e esteja se dirigindo ao serviço. Essa obstrução é contra aqueles que desejam se locomover ao trabalho. Não temos greve, não há greve. O que há é uma baderna generalizada“, disse o ministro ao programa Jornal da Manhã, da rádio Jovem Pan. "É uma manifestação que “não é dos operários”, mas das centrais sindicais insatisfeitas com o fim do imposto sindical na reforma trabalhista proposta pelo presidente Michel Temer".

Para o professor Marcos Fava Neves, da FEA (Faculdade de Economia e Administração) da USP e diretor da Markestrat, a greve foi mais um golpe na economia brasileira já fragilizada. 

"A greve a atrapalha uma economia já combalida, pois espalha prejuízo em uma sociedade já em prejuízo. É preciso também deixar claro que a esmagadora maioria dos grevistas não detêm informação. É massa de manobra que grupo que não querem perder a mamata. E se tivessem informação sobre os benefícios da reforma, e o impacto positivo na geração de riqueza e renda não estariam fazendo greve. Outro ponto é que uma greve é válida só se for pelo voluntariado, pelo ideal. Agora, se fazem piquetes, batem nas pessoas como vimos nos aeroportos, se não deixam as pessoas à livre escolha, isso é ditatorial e precisa ser investigado. Precisa-se também que a sociedade investigue como uns grupelhos têm acesso aos sistemas de transportes e áreas estratégicas, impendido a locomoção das peesoas". 

Para o presidente executivo da Abramilho (Associação Brasileira dos Produtores de Milho) e ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli, o tempo de uma greve geral não é este. "A greve está totalmente deslocada no tempo e no espaço. Um ato totalmente irresponsável. Greve feita com base no impedimento dos deslocamento de pessoas, impedindo aqueles que querem trabalhar, não é greve coisa nenhuma. E também não está tendo nenhum impacto sobre as operações do agro, só se algum bloqueio em estrada estiver atrapalhando”. 

O presidente da Andaterra, Sérgio Pitt, viu pequenas manifestações acontecendo em seu município -- Barreiras, oeste da Bahia. "Aqui em Barreiras tentaram fechar estradas mas a adesão foi tão pequena que desistiram". Disse que, acompanhando pelas TVs, concluiu que houve apenas  pequenos grupinhos tentando fazer barreiras para congestionar o trânsito, nada mais que isso.

-- "Tenho sentimento de indignação com essa greve, mais ainda marcada em um mês com vários feriados... e ainda marcam um movimento para a véspera de mais um. Isso prova que seus líderes não querem é trabalhar. E mais indignado fico ao ver que essa paralisação foi patrocinada pelo funcionalismo público, que se sobrepõe a milhares e milhares de pessoas que nem sabem direiro os benefícios das mudanças".

senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS), considera que a greve é um direito assegurado na Constituição Federal, legítimo e que faz parte do processo democrático. "Mas eu lamento muito que haja desinformação quanto a elas. Estamos trabalhando para uma atualização. As leis trabalhistas são dos anos 1940 e estamos no século 21. Todos os direitos do trabalhadores do artigo 7º no capítulo das obrigações sociais estão assegurados".

Sobre o impacto no agro, a senadora acredita que os pequenos impactos tenham sido somente no bloqueio de rodovias que, eventualmente, impediram o fluxo da produção. 

No Rio Grande do Sul

No Rio Grande do Sul, o foco do movimento de paralisação aconteceu em duas das principais rodovias de escoamento da produção, a BR-386 (que serve para escoar os grãos do campo até os silos), e a BR-116 (ligação com o porto de Rio Grande), como explica o economista da Farsul (Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul), Antônio da Luz. Os protestos, porém, contavam com pequenos grupos de pessoas, mas causando grandes transtornos e filas quilométricas pela manhã.

Já o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Tapejara (RS) promoveu de manhã manifestação nas principais ruas da cidade. Os agricultores familiares foram às ruas com mais de 350 tratores. O ato contou com mais de 3 mil pessoas acabou no início da tarde, segundo o presidente do Sindicato, Adagir Coronete.

Em Ijuí (RS), pequenos produtores rurais também participaram de manifestações e trancaram com tratores a entrada do Banrisul e da agências bancárias e do INSS na cidade. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores Rurais o movimento reuniu 14 entidades, mais de mil produtores da região. As manifestações se encerraram por volta das 15h.

No Paraná

Os impactos para o agro no Paraná também não foram muito expressivos, sem relatos de protestos de produtores e com apenas a logística ligeiramante comprometida. Os portos de Antonina e Paranaguá também tiveram parte de suas atividades paralisada por manifestações dos portuários na parte da manhã.

Por meio de uma nota, o presidente da FAEP (Federação de Agricultura do Estado do Paraná), Ágide Meneguette, tratou a greve como inoportuna para este momento do Brasil. "A Federação considera a greve inoportuna. Estamos vivendo um momento decisivo, em que  medidas importantes precisam ser tomadas  para o desenvolvimento e o futuro do País. Não é a hora de se dividir a nação".

-- "O momento é de unirmos forças em apoio ao Governo Federal para o bem comum. Há milhares de trabalhadores que precisam que o crescimento da econômica seja retomado o mais rápido possível para que eles possam voltar ao mercado de trabalho. Se queremos ser uma nação séria precisamos modernizar nossa legislação e ter uma postura de  País desenvolvido", concluiu Ágide Meneguette.

Em Goiás

Em Goiás foi tudo normal, segundo informou o diretor da FAEG, Pedro Arantes. "Se formos tomar como exemplo somente esta sexta-feira, podemos dizer que não houve nenhum impacto para o agro aqui em Goiás. Tivemos alguns bloqueios na entrada de Goiânia, mas nada muito sério", disse o economista da Faeg (Federação da Agricultura do Estado de Goiás), Pedro Arantes.

Em Mato Grosso

No maior estado produtor de grãos do Brasil, os movimentos foram semelhantes, com tentativas de bloqueios em estradas de Sinop, Tangará da Serra e Rondonópolis - tradicionais cidades de produção agrícola. Já em Cuiabá, 100% das agências bancárias fecharam suas portas nesta sexta-feira. 

"A greve não reflete o sentimento geral das necessidades do Brasil. Ou, como se diz, o anseio de poucos não representa a conquista de muitos! Demita um grevista e contrate um desempregado! E quanto a problemas operacionais por conta da greve, nenhum aqui no estado do Mato Grosso", concluiu o presidente do Conselho Estadual das Revendas de Produtos Agropecuários (Cearpa), Gilson Provenssi.

Por: Redação NA
Fonte: Notícias Agrícolas

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