Rocinha em guerra e Fora Temer no Rock in Rio? Maconha e pó põem HK-47 na mão de traficante (REINALDO AZEVEDO)

Publicado em 22/09/2017 20:38
Ah, sim: parece que, em certas áreas da imprensa do Rio, favela voltou a ser chamada de “favela”. Como se sabe, naqueles doces anos cabralinos, em que as UPPs eram apresentadas como um milagre, e quase ninguém na imprensa ousava dizer o contrário, as ditas-cujas passaram a ter o epíteto de “comunidade” (REINALDO AZEVEDO)

Acabou neste domingo a sétima edição do Rock in Rio. Quem puxou o grito “Fora Temer” em algumas apresentações foram os artistas, não o público. A imprensa deu visibilidade para os protestos “arranjados”, e o canal MultiShow, da Globosat, emprestava à coisa ares de quase revolução.  Fica assim provado ser verdadeira a frase: há mesmo gente que não aprende nada nem esquece nada.

Quiseram as circunstâncias, que têm história, que o grande evento se realizasse ao mesmo tempo em que se dá a “guerra na Rocinha”. Aqui e ali, leem-se tolices cuja síntese poderia ser esta: “Enquanto a moçada pulava no Rock in Rio, o Brasil real entrava em guerra na favela…” Por que é uma tolice? Porque as duas coisas fazem parte do Brasil real.  Ou, se quiserem, os dois países são reais. Em um deles, articulam-se com eficiência iniciativa privada e Estado; no outro, faltou o Estado oficial, e a iniciativa privada foi capturada pelo Estado paralelo do crime.

“Fora Temer”? É mesmo? Vamos ver.

“Ozartistas”, esse grupo que anseia ser, no Brasil, uma categoria de pensamento, leram as respectivas denúncias — a primeira e a segunda —, analisaram os indícios apresentados, procederam a um exame técnico e legal do material produzido pelo Ministério Público Federal? Bem, as minhas perguntas são meramente retóricas. Todos conhecemos a resposta.  O “Fora Temer”, nas circunstâncias dadas, seria um golpe. Como aquele sonhado pelo general Hamilton Mourão. Tanto ele como “ozartistas” creem em soluções radicais, rejeitam os instrumentos da democracia e do Estado de Direito e acham que, sob o império das leis que temos, não há solução. “Ozartistas”, em suma, são o general sem uniforme. E o general é a versão “heavy metal” dos que rejeitam “tudo isso que está aí”.

Enquanto gritavam o mantra, mera adesão inercial a uma agenda ideológica que desconhecem, o pau comia na Rocinha. Foi o “Dentro Temer” que autorizou a intervenção do Exército, o que permitiu, diga-se, a realização do Rock in Rio, onde se gritou “Fora Temer”. Até outro dia, note-se, “ozartistas” que ora vociferam boçalidades estavam inteiramente entregues à agenda de Sérgio Cabral. Ou não fui o único na grande imprensa, ao longo dos anos, a lastimar a política de segurança pública do agora ex-governador amaldiçoado?

Nunca “ozartistas” perguntaram para onde iam os traficantes que, em tese, fugiam das “comunidades”, como se dizia em carioquês, ocupadas.

Nunca “ozartistas” perguntaram como era possível “pacificar” favelas sem prender os líderes do narcotráfico.

Nunca “ozartistas” perguntam como se operava a mágica de supostamente ocupar território do tráfico sem dar um tiro.

Ao contrário:, aquilo era considerado um milagre da “Cidade Maravilhosa”, sob gestão estadual não menos “maravilhosa” de Cabral. Na campanha de 2010, Dilma prometeu levar o modelo de segurança do Rio para todo o Brasil. Vejam o vídeo abaixo a partir de 1min22s.

Transcrevo um trecho do discurso daquela senhora:
“A gente considera que o resultado da política aqui, dessa parceria do governo federal com o governo estadual, aqui, com o governador Sérgio Cabral, ela construiu uma referência no que se refere (!!!) à… No que se refere basicamente à… estruturação de uma política de segurança através das Unidades de Polícia Pacificadora. É transformar territórios em guerra em territórios de paz (…) Em muitos estados, não transferiram os chefes do crime organizado para as penitenciárias de segurança máxima. Aqui foi transferido. Os daqui estão em Catanduvas, Campo Grande e Mossoró. Com isso, o que é que acontece? Você tira do presídio os líderes e os cabeças e impede que os presídios sejam transformados em plataformas do crime (…)”

Onde estava os que gritam, agora, “Fora Temer”, enquanto o Exército, por vontade de Temer, garante a segurança possível no Rio? Bem, acho que estavam votando em Dilma. Não custa lembrar a adesão dos veículos de comunicação do grupo Globo à política cabralina, não? Um grupo de cariocas chegou a lançar um movimento para que José Mariano Beltrame, então secretário de Segurança, recebesse o Prêmio Nobel da Paz.

Por que lembrar isso tudo? Em nome da responsabilidade.

O “Fantástico”, claro!, fez reportagens sobre o último dia do Rock in Rio. Uma delas tratava dos R$ 150 milhões que o governo federal deve investir no ano que vem num calendário de 100 eventos nas áreas de cultura, turismo, esporte e negócios. O conjunto deve atrair algo em torno de R$ 1 bilhão da iniciativa privada. O objetivo é aumentar o fluxo de turistas, aumentando emprego e renda. O ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, estava presente ao encontro com empresários e políticos que tratou do assunto. Não teve fala sua no “Fantástico”. O programa, aliás, também noticiou as ações do Exército na Rocinha e a tomada do “bunker” de um traficante. Os ministros Raul Jungmann (Defesa) e Moreira Franco (Secretaria Geral) foram citados. Nada de lhes dar a palavra. Mas, é claro, ganhou destaque o “Fora Temer” durante apresentação de uma banda brasileira.

Ah, sim: parece que, em certas áreas da imprensa do Rio, favela voltou a ser chamada de “favela”. Como se sabe, naqueles doces anos cabralinos, em que as UPPs eram apresentadas como um milagre, e quase ninguém na imprensa ousava dizer o contrário, as ditas-cujas passaram a ter o epíteto de “comunidade”. O termo “favela” passou a ser considerado politicamente incorreto. Não dá mais para esconder: aquela fantasia está desmoralizada, assim como o governo Cabral, e o Rio está na lona. Então a         “comunidade” voltou a ser “favela”.

A propósito: queimar um baseado no Rock in Rio, cheirar uma carreira ou consumir uma “bala”, gíria para o ecstasy, são ações que põem metralhadoras e fuzis HK-47 nas mãos dos bandidos da Rocinha, que aterrorizam também os trabalhadores da Rocinha, que não têm dinheiro para ir ao Rock in Rio gritar “Fora Temer” enquanto os descolados queimam um baseado que põe fuzis nas mãos dos bandidos da Rocinha.

 Lula libre (em O Antagonista)

 

O representante de Cuba na Assembleia Geral da ONU defendeu a candidatura de Lula.

Lauro Jardim reproduziu um trecho de seu discurso:

“Expressamos nossa solidariedade com o ex-presidente Lula, vítima de perseguição política para impedir sua candidatura às eleições diretas mediante uma inabilitação judicial. Lula, a presidente Dilma Rousseff, o PT e o povo brasileiro terão sempre Cuba ao seu lado.”

O dinheiro do BNDES para o porto de Mariel não foi em vão.

Comandante do Exército chama general Mourão para receber advertência (por MERVAL PEREIRA)

Na nota oficial divulgada nesta sexta-feira, o Comandante do Exéricto, General Villas Bôas, em linguagem cifrada, manda os seguintes recados: é o único que pode falar pelo Exército, que defende a democracia e serve à Nação. O General Mourão foi chamado para receber essa advertência, o que foi comunicado ao Ministro da Defesa.

Nota de Esclarecimento

Com relação ao episódio veiculado em mídia que envolveu o General de Exército Antônio Hamilton Martins Mourão, o Comandante do Exército, General de Exército Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, informa:
1. O Exército Brasileiro é uma instituição comprometida com a consolidação da democracia em nosso País.
2. O Comandante do Exército é a autoridade responsável por expressar o posicionamento institucional da Força e tem se manifestado publicamente sobre os temas que considera relevantes.
3. Em reunião ocorrida no dia de ontem, o Comandante do Exército apresentou ao Sr. Ministro da Defesa, Raul Jungmann, as circunstâncias do fato e as providências adotadas em relação ao episódio envolvendo o General Mourão, para assegurar a coesão, a hierarquia e a disciplina.
4. O Comandante do Exército reafirma o compromisso da Instituição de servir à Nação Brasileira, com os olhos voltados para o futuro.

Desatino militar, editorial da FOLHA

Fosse o Brasil uma democracia mais antiga, o comentário do general Antonio Hamilton Mourão sobre uma possível intervenção militar para resolver a crise política seria reduzido ao que é: um desatino de quem aprendeu a enxergar o mundo pelas lentes da caserna.

Como se diz, para quem só sabe usar um martelo, todos os problemas se parecem com um prego.

A democracia brasileira, contudo, ainda engatinha. Quase 30 anos depois de promulgada a Constituição Federal, ainda estão distantes os objetivos fundamentais da República: construir uma sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e reduzir as desigualdades; promover o bem de todos, sem discriminação.

As instituições, cuja estabilidade não deixa de ser apreciável, amargam todavia desgaste crescente. Executivo, Legislativo e Judiciário afogam-se em escândalos de corrupção e refregas incompatíveis com Poderes de Estado.

O golpe de 1964 e a ditadura militar ainda encontram simpatizantes entre setores minoritários, mas estridentes da sociedade; parte da população considera que a estabilidade democrática ainda não é um fato, mas um processo em curso.

Por tudo isso, o general Mourão jamais deveria ter dito o que disse. Logo ele, que em 2015, após fazer declarações políticas, perdeu o comando da região Sul e foi transferido para a secretaria de Finanças do Exército, uma função burocrática.

Ainda que a cúpula militar tenha dado ampla mostra de que compreende seu papel constitucional, e ainda que o general tenha falado num encontro fechado, as opiniões suscitaram forte e merecida reação da sociedade civil.

Diante dessa situação, a cúpula do Exército tinha duas opções. A primeira envolveria punir um oficial que se excedeu em sua retórica. Ao que tudo indica, considerou-se, talvez com razão, que essa saída forjaria um mártir —algo de que o país não precisa.

O comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas, escolheu o caminho diplomático. Resolveu o caso com conversas internas e uma nota pública, na qual reiterou seu compromisso com a consolidação da democracia e afirmou que somente ele fala em nome da instituição.

O episódio terminou como começou: sem maior importância. Num contexto em que as Forças Armadas têm sido chamadas a agir na segurança pública, a polêmica ao menos serviu para mostrar que a sociedade se mantém vigilante e, nos termos da Constituição, não tolerará ação militar que não esteja subordinada aos poderes civis.

Ausência de punição à pregação golpista de general indica que algo se move abaixo dos radares (por DEMÉTRIO MAGNOLI)

"Será que ele foi para o céu ou está no inferno?", perguntou-se Laurita Mourão, aos 88, por ocasião do lançamento de seu livro sobre Olympio Mourão Filho, seu pai. Como agente integralista, Mourão foi responsável pelo falsificado Plano Cohen, que serviu de pretexto para o golpe do Estado Novo; como general de Exército, comandou os blindados e as tropas da 4ª Divisão de Infantaria que partiram de Juiz de Fora para o Rio na madrugada de 31 de março de 1964. Hoje, um segundo Mourão, o general Antonio Hamilton, sonha com o primeiro, violando um tabu recente que separa os militares da tradição golpista.

O primeiro Mourão operou nos cenários turbulentos formados pelo levante comunista de 1935 e, décadas depois, pela Guerra Fria, acirrada com a Revolução Cubana de 1959. O segundo, em contraste, fala a um Exército reformado, que trocou a Doutrina de Segurança Nacional pela lealdade à Constituição. Aparentemente, nada existe em comum entre os dois, excluída a fortuita coincidência do nome. Contudo, a ausência de punição efetiva à pregação golpista do Mourão vivo indica que algo se move abaixo dos radares.

O general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército, uma figura de nítidas convicções democráticas, sabe que, ao contrário do que alegou, as declarações de Mourão não foram "descontextualizadas". O "grande soldado, um gauchão" é reincidente. Às vésperas da deflagração do processo de impeachment, convocou o "despertar de uma luta patriótica" –e foi punido com a perda do Comando Militar do Sul. Agora, envergando a farda e enfatizando falsamente que reproduzia a visão do Alto Comando, lançou um ultimato ao Judiciário: se os tribunais não retirarem "da vida pública esses elementos envolvidos em ilícitos, nós teremos que impor isso". A circunstância de que respondia a uma pergunta provocativa, em ambiente mais ou menos fechado, não muda o sentido das coisas: como o primeiro, o segundo Mourão cultiva a planta da sedição.

Villas Bôas tem histórico irrepreensível. Nos meses do impeachment, desprezou solenemente o punhado de idiotas que, acampados nos arredores de sua residência oficial, clamavam por uma intervenção militar. Naquele intervalo conturbado, reagiu com discreta, mas clara, repulsa aos ensaios de intermediários de Dilma Rousseff que sugeriam a hipótese de decretação do Estado de Sítio. Nos dois casos, o comandante repetiu as sentenças constitucionais sobre as instituições e as funções das Forças Armadas. Agora, face à insubordinação de Mourão, reitera as mesmas sábias palavras –mas circunda suas implicações. Como os acampados de ontem, o general desordeiro tem direito a suas próprias opiniões, com a condição de que seja transferido à reserva.

Por que Villas Bôas limita-se a uma advertência protocolar, e mesmo ela, sob pressão do ministro da Defesa? O mistério remete aos movimentos, ainda desconexos, que escapam às telas dos radares. Numa ponta, a crise da Lava Jato provocada pelo desastroso acordo do MP de Janot com os irmãos Batista semeia dúvidas sobre o futuro do combate judicial à corrupção sistêmica. Na outra, a corrente periférica de golpistas civis procura estabelecer uma cabeça-de-ponte nos quarteis por meio da candidatura de Jair Bolsonaro, que se apressou em compartilhar a palestra de Mourão. Villas Bôas identificou uma ofensiva em pinça –e, equivocadamente, preferiu recuar até uma trincheira defensiva.

O primeiro Mourão operava para Getúlio Vargas, em 1937, e para o núcleo golpista do Alto Comando, em 1964. O segundo, por ora, apenas reproduz o discurso de grupelhos extremistas com baixa audiência militar –mas já ganhou a incauta solidariedade do respeitado general da reserva Augusto Heleno. Seria a hora certa de abatê-lo na estrada, cortando no nascedouro a articulação cívico-militar e reafirmando o tabu constitucional. 

Temer diz que Brasil pode estar no caminho de um regime de exceção (Poder360)

O presidente Michel Temer disse nesta 6ª feira (22.set.2017) que o princípio da inocência tem sido invertido em seu processo. O peemedebista é alvo de uma 2ª denúncia apresentada pelo ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, por obstrução de Justiça e organização criminosa.

O princípio básico da inocência foi subvertido: agora todos são culpados até que provem o contrário. E nem provas concretas bastam para repor a verdade. A marca indelével da desonra ficará em muitos inocentes que foram atingidos“, declarou o presidente da República.

É um recado aos deputados. Vários integrantes da Câmara têm acusações contra si. Temer quer dizer que eles também podem ter prejuízos políticos e de imagem mesmo que provem serem inocentes.

 

 

Tenho convicção de que os parlamentares submeterão essa última denúncia aos critérios técnicos e legais. A verdade, mais uma vez, triunfará.

 
 

Michel Temer disse que o Brasil segue 1 rumo semelhante ao de uma ditadura. “Só regimes de exceção aceitaram acusações sem provas, movidos por preconceito, ódio, rancor ou interesses escusos. Lamento dizer que, hoje, o Brasil pode estar trilhando este caminho“, declarou.

A estratégia do Planalto para barrar a 2ª denúncia e angariar 1 pouco mais de prestígio com a população é atacar Janot, sua equipe e as delações premiadas que embasaram o pedido. “Tudo que afirmei desde o início dos ataques que venho sofrendo, podem conferir, se confirmou“, afirmou o presidente.

Ele cita a suspeita de informação privilegiada contra Joesley e Wesley Batista e o envolvimento do ex-procurador Marcello Miller no caso.

Lançaram contra mim ilações, provas forjadas, denúncias ineptas produzidas em conluios com malfeitores. Mais recentemente, as mesmas mãos que tentaram tirar o país dos trilhos da recuperação e do crescimento voltam à carga. Repetem seu procedimento: vazam para a imprensa depoimentos mentirosos, sem base em fatos e nenhuma conexão com a verdade“, declarou.

O presidente divulgou o vídeo após viajar a São Paulo para se reunir com alguns conselheiros. Traça a estratégia para barrar a 2ª denúncia apresentada por Janot na Câmara o quanto antes. A estimativa do Planalto é que o processo dure ao menos 30 dias. Mas desde o início, a tramitação tem atrasado.

Primeiro, Temer teve de esperar a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre enviar ou não a denúncia à Câmara antes da investigação sobre o processo de delação premiada da JBS. Depois de uma semana, a Corte decidiu, por 10 a 1, enviar aos deputados a peça. Nesta 6ª (22.set), após o processo chegar ao Legislativo, apenas 2 deputados compareceram à sessão e não foi possível dar o 1º passo para a tramitação: a leitura do caso em plenário.

Quanto mais o processo se estende, mais tempo o governo perde em pautas que considera importante, como a reforma da Previdência e tributária. Algumas medidas provisórias também correm risco de caducar caso o foco da Câmara se dirija apenas à denúncia.

Não bastasse isso, 1 dos mais próximos aliados a Temer, o ex-ministro Geddel Vieira Lima, está preso. O Planalto teme que o peemedebista possa fechar 1 acordo de delação premiada que possa atingir o presidente.

Léo Pinheiro promete detalhar pagamentos por palestras de Lula

Segundo O Globo, Léo Pinheiro promete detalhar, em sua proposta de delação premiada, como foram feitos pagamentos de palestras a Lula e doações ao Instituto Lula.

A afirmação foi feita pelo ex-presidente da OAS à PF na última terça-feira, diz o jornal carioca. Intimado a colaborar com a Polícia Federal, Léo Pinheiro preferiu ficar em silêncio e dizer que as informações novas estarão em seu acordo de delação.

O empreiteiro foi condenado por Sergio Moro a mais de 35 anos de prisão e está tentando diminuir seu tempo na cadeia.

TRF-4 nega pedido para anular condenação de Lula

O TRF-4 negou um pedido apresentado pela defesa de Paulo Okamotto para anular a sentença que condenou Lula no caso do triplex do Guarujá.

Em seu despacho, o desembargador João Pedro Gebran Neto afirmou que a discussão a respeito de quaisquer vícios materiais e formais da prova ou a ocorrência de cerceamento deve ocorrer no curso da própria ação penal ou mesmo em sede recursal.

“Tenho sido bastante flexível e tolerante com o uso do habeas corpus em questões que não dizem respeito ao direito à liberdade. Impera a necessidade de melhor otimizar o uso do habeas corpus, sobretudo por se tratar de processo relativo à Operação Lava-Jato, com centenas de impetrações.”

Vale lembrar que Okamotto foi absolvido do crime de lavagem de dinheiro em relação ao armazenamento do acervo presidencial.

Para Gebran, o habeas corpus do ex-presidente do Instituto Lula “poderia ser lido como uma provocação da defesa, que está na fase de razões de apelação”.

O general e a “intervenção” (editorial da GAZETA DO POVO)

Não é aceitável que a cúpula das Forças Armadas permita que delírios golpistas sejam alimentados pelas palavras ou pela omissão dos próprios militares

Desde o início dos protestos contra o governo de Dilma Rousseff, sempre houve uma minoria insensata que pedia um golpe de Estado, eufemisticamente chamado de “intervenção militar constitucional”, para derrubar o governo. Esses grupos não sossegaram com o impeachment, até porque o governo que lhe seguiu também tem seus esqueletos no armário (e fora dele) quando o assunto é corrupção. Mas durante todo esse tempo os militares jamais endossaram o chamado dos golpistas – até agora.

Quem quebrou o silêncio foi o general Hamilton Mourão, secretário de Economia e Finanças do Exército. Durante palestra em uma loja maçônica, em Brasília, respondendo a uma pergunta que sugeria a derrubada do governo e o fechamento do Congresso, afirmou: “Quando nós olhamos com temor e com tristeza os fatos que estão nos cercando, a gente diz: ‘Pô, por que não vamos derrubar esse troço todo?’ (…) Ou as instituições solucionam o problema político, pela ação do Judiciário, retirando da vida pública esses elementos envolvidos em todos os ilícitos, ou então nós teremos que impor isso”. Mourão ainda acrescentou que sua visão é compartilhada por outros membros do alto comando das Forças Armadas.

Não há como ser mais claro – nem mesmo com as observações, feitas pelo general, de que o Exército jamais deveria ser fator de instabilidade nem agir de forma ilegal. Foi a primeira vez que um oficial general da ativa disse algo desse teor, e Mourão recebeu apoio de pelo menos mais um general (Augusto Heleno, que chefiou a missão brasileira no Haiti) e até mesmo de um deputado, Cabo Daciolo (PTdoB-RJ), que pediu o fechamento do Congresso onde ele próprio é parlamentar.

O comando do Exército preferiu abafar o caso. Apesar da indignação inicial do ministro da Defesa, Raul Jungmann, o comandante Eduardo Villas Bôas garantiu que não haveria punição, elogiou Mourão e ainda deu sua interpretação da Constituição, dizendo que “essa defesa das instituições, dos poderes constituídos, ela poderá ocorrer por iniciativa de um deles ou na iminência de um caos. Então, as Forças Armadas teriam um mandato para fazê-lo”, referindo-se a uma intervenção.

Leia também:Golpismo e democracia (editorial de 8 de novembro de 2014)

Leia também: Autoritários à solta (editorial de 18 de novembro de 2016)

Não é bem isso que diz a Constituição. Seu artigo 142 afirma que as Forças Armadas estão “sob a autoridade suprema do presidente da República, e destinam-se à defesa da pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”. Um exemplo de intervenção a pedido de um dos poderes é a atual ação do Exército no Rio de Janeiro, ou a que houve no Espírito Santo durante o motim da Polícia Militar. Mais importante é ressaltar que nunca há intervenção por decisão própria das Forças Armadas, sem a iniciativa de algum dos poderes constitucionais.

Mais ainda: no Brasil, a defesa de uma ruptura institucional por meio de golpe de Estado, ainda que disfarçada sob denominações mais sutis, é crime, previsto no artigo 22 da (ironia das ironias) Lei de Segurança Nacional – o artigo 17 da mesma lei criminaliza o ato em si de mudar o governo por meio da força.

Villas Bôas pode ter suas razões para evitar uma punição ou uma censura pública a Mourão, que em poucos meses passará para a reserva. O comandante não quer transformar o colega em mártir ou atiçar quem pensa como Mourão, e o ministro Jungmann demonstrou concordar com a argumentação. Mas não é aceitável que a cúpula das Forças Armadas permita que delírios golpistas sejam alimentados pelas palavras ou pela omissão daqueles em quem essa minoria antidemocrática deposita (de forma não correspondida, assim torcemos) suas esperanças.

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Fonte:
RR/O GLOBO + O ANTAGONISTA + GP

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