Novo-diretor da PF diz que buscará combate "incansável" da corrupção e cita Lava Jato
Por Ricardo Brito
SÃO PAULO (Reuters) - O novo diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segóvia, afirmou nesta segunda-feira que vai buscar o combate "incansável" da corrupção no país, que vai continuar como prioridade em sua gestão à frente da corporação.
"É nesse espírito de equipe, todos unidos, que buscaremos o combate incansável à corrupção no Brasil e continuará sendo a agenda prioritária da Polícia Federal, tendo como premissa a continuidade de operações especiais, tais como Lava Jato, Cui Bono (e tantas outras)", disse Segóvia, durante cerimônia de transmissão de cargo no Ministério da Justiça.
O novo chefe da PF destacou que, "nesse vendaval de dúvidas e de questionamentos" em relação ao futuro da instituição, gostaria de reafirmar a postura de obedecer sempre e estritamente as leis e a Constituição no país, mantendo a hierarquia e a independência no exercício do dever.
Cumprimentando o presidente Michel Temer, presente ao encontro, Segóvia disse que aceita com imensa honra e senso de responsabilidade a missão de comandar a PF. Ele afirmou que atuará no combate ao crime organizado e citou especialmente a Lava Jato, embora não tenha dado detalhes.
O novo diretor ainda prometeu trabalhar para acabar com o que chamou de infeliz disputa institucional entre as atribuições da Polícia Federal e do Ministério Público Federal.
Além de Temer, estiveram presentes na cerimônia realizada no Ministério da Justiça o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), o ministro do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli, entre outras autoridades e políticos.
O presidente Temer não discursou. Ele e Eunício são investigados na operação Lava Jato pelo STF, cujas diligências e apurações são conduzidas pela PF.
MISSÃO CUMPRIDA
Primeiro a falar no evento, o ex-diretor-geral da PF Leandro Daiello fez um discurso emotivo e pessoal de sua gestão, o mais longevo da carreira. Ao deixar o cargo e se aposentar, ele disse que a carreira de policial não é fácil e acrescentou ter orgulho de ser policial.
"Fizemos o que era para ser feito e quando olharmos para trás teremos certeza de que cumprimos a nossa missão", afirmou Daiello, que não cumprimentou Temer durante a solenidade.
Numa fala cheia de recados, o ministro da Justiça, Torquato Jardim, elogiou o trabalho feito por Daiello e disse que a escolha do novo diretor foi feita diretamente pelo presidente.
Durante as tratativas para a escolha de Segóvia, Torquato não havia chancelado a indicação. Ainda assim, ele desejou boa sorte ao novo chefe da instituição.
O ministro da Justiça - a quem a PF é funcionalmente vinculada - afirmou que cabe à corporação ser um "elo institucional" entre os atores que participam de investigações, como o Ministério Público. Ele ainda fez uma crítica velada à atuação de órgãos - Torquato era um crítico da atuação do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot.
"Não vale a vaidade fruto da ambição nem propósitos ocultos dos desvãos do processo", afirmou Torquato. Para ele, não se pode haver lugar para o "talvez ou quem sabe" porque não se pode admitir "ilação especulativa" e que todos estão obrigados a seguir a orientação dada pela Constituição.
Aloísio Brito Unaí - MG
Nesse País a regrinha básica que diz "quem fala demais faz de menos" vem bem a calhar. Isso aí é carta marcada do Temer. Falam o que as pessoas querem ouvir, lógico. Para as pessoas mais esclarecidas são uns verdadeiros idiotas.