Para aprovar Previdência, Temer indica deputado ligado a Maia para Cidades

Publicado em 20/11/2017 17:03

Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Michel Temer vai indicar nesta segunda-feira um deputado ligado ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para o Ministério das Cidades a fim de tentar ampliar sua base de apoio para aprovar a versão enxuta da reforma da Previdência, disseram à Reuters uma fonte palaciana e um parlamentar envolvido nas tratativas.

O nome escolhido é o do deputado Alexandre Baldy (Podemos-GO), que deixará a legenda nesta segunda para se filiar ao PP e assumir a pasta. Deputado federal de primeiro mandato, Baldy foi o relator do projeto de repatriação de recursos.

A indicação de Baldy deverá ser oficializada até a noite desta segunda em nota oficial a ser divulgada pelo Palácio do Planalto, segundo uma fonte. A posse deverá ocorrer na terça-feira, em horário ainda não definido.

A escolha de Baldy também agrada a partidos do chamado centrão e reduz a influência do PSDB na Esplanada dos Ministérios. Principal aliado de Temer, o partido iniciou um processo de desembarque com a saída na semana passada de Bruno Araújo da pasta das Cidades.

"É uma pessoa bem-quista na Casa e foi apresentado por dois partidos importantes da nossa base, o PP e o DEM", afirmou o vice-líder do PMDB Carlos Marun (MS), deputado próximo do Planalto.

O acerto do nome ocorreu após uma série de conversas no final de semana entre Temer, Maia, o próprio Baldy e outros parlamentares aliados. A escolha deverá ser anunciada oficialmente nos próximos dias, segundo duas fontes.

Inicialmente, o PP pressionava para emplacar no cargo de ministro o presidente da Caixa, Gilberto Occhi, mais ligado ao presidente do partido, senador Ciro Nogueira (PI). Contudo, o nome de Baldy começou a ganhar força nos últimos dias na bancada da Câmara.

Uma das preocupações no Palácio do Planalto, de acordo um interlocutor de Temer, é não desequilibrar a correlação de forças na Esplanada entre os partidos da base. Uma ideia pensada é Baldy assumir o ministério filiando-se ao PP, mas ele não poderá concorrer a um cargo eletivo em outubro de 2018. Ele ficaria até o final do mandato presidencial e não teria como se beneficiar pessoalmente das ações do ministério.

Atualmente, o PP tem mais de 40 deputados e ocupa os ministérios da Agricultura e da Saúde, duas pastas com grande orçamento, além da presidência da Caixa. O partido foi um dos principais aliados de Temer na rejeição das duas denúncias contra ele na Câmara.

No momento, segundo Carlos Marun, o governo admite não ter os votos suficientes para aprovar a reforma. São necessários ao menos 308 votos no plenário da Câmara, em dois turnos de votação.

O vice-líder disse que o trabalho a ser feito envolve ampliar o apoio na base com a conclusão das mudanças na Esplanada e a apresentação do novo texto da Previdência provavelmente nesta quarta-feira, para tentar votar a matéria daqui a duas semanas.

PSDB

Michel Temer também passou a avaliar a possibilidade de deslocar o tucano Antonio Imbassahy da Secretaria de Governo para o Ministério de Direitos Humanos, hoje ocupado pela correligionária Luislinda Valois. Segundo uma fonte, Temer tem muita consideração por Imbassahy, mesmo diante da provável saída do PSDB do governo e cogita mantê-lo na Esplanada.

Inicialmente, essa mudança do tucano não vinha sendo admitida no Palácio do Planalto.

A tendência é que a pasta da Secretaria de Governo fique com o PMDB. O presidente do Conselho Nacional do Sesi, o peemedebista João Henrique de Almeida Sousa, é um dos principais cotados para assumir o ministério. Ele foi deputado federal e ministro dos Transportes e tem trânsito com a bancada do partido na Câmara. O vice-líder Carlos Marun também é outro dos lembrados para o posto.

Temer está fazendo uma rodada de consultas com aliados a fim de definir o nome. "O presidente está pensando a respeito, não sei se tomou uma decisão", disse Marun, ao destacar que as negociações para a pasta das Cidades estavam mais adiantadas.

Entre os aliados há quem defenda, no entanto, um nome que não seja do PMDB para assumir o ministério. A ideia seria não fortalecer o partido.

(Edição de Maria Carolina Marcello)

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

STF suspende prazos processuais em todas as ações ligadas ao RS
Wall St salta com dados de empregos nos EUA reforçando hipótese de cortes nos juros
Dólar cai ao menor valor em quase um mês com dados fracos de emprego nos EUA
Ibovespa fecha em alta com melhora em perspectivas sobre juros nos EUA
Taxas futuras de juros têm nova queda firme no Brasil após dados de emprego nos EUA