Lula avalia entregar-se à polícia para evitar a voz de prisão (na FOLHA)

Publicado em 16/03/2018 15:07 e atualizado em 17/03/2018 15:09
Lula já discute o que fazer no dia da prisão (na Folha de S. Paulo)

Embora o assunto esteja formalmente interditado entre petistas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já discute com aliados como proceder caso seja determinada sua prisão.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante o lançamento de um livro sobre o seu julgamento, em São Paulo
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante o lançamento de um livro sobre o seu julgamento, em São Paulo - Ze Carlos Barretta/Folhapress

Segundo interlocutores, o ex-presidente avalia a hipótese de se apresentar, evitando a produção de imagens negativas típicas de uma operação policial.

Outra possibilidade é que o petista espere a chegada dos agentes policiais, também cercado por seus apoiadores. Nesse caso, porém, Lula poderia perder o controle da situação ao ser conduzido por policiais.

Petistas estão a postos para acompanhar o ex-presidente. Segundo colaboradores, só Lula poderá tomar essa decisão, que dependerá de onde estiver no dia definido para o cumprimento da sentença.

Na noite desta sexta (16), durante lançamento de um livro em São Paulo, o ex-presidente afirmou que, se mantida a condenação, será "o primeiro preso político do país no século 21".

Em discurso ao lado de aliados políticos e apoiadores no sindicato dos químicos, Lula atacou a Lava Jato e disse que está animado, apesar de condenado pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) a 12 anos e 1 mês de prisão.

Segundo ele, o objetivo da operação é "execrar e condenar as pessoas antes do julgamento". "Eu tenho consciência de que os que me condenaram não têm a consciência tranquila da inocência que eu tenho porque eles acham que mentiram", afirmou, antes de criticar imprensa, Ministério Público e Justiça pelo processo do tríplex em Guarujá (SP).

O evento encheu o auditório do sindicato no centro de São Paulo, onde ocorreu o lançamento do livro "A Verdade Vencerá: O Povo Sabe Por Que Me Condenam" (ed. Boitempo), em que Lula diz estar "pronto para ser preso" e afirma que não fugirá.

PT vai informar ao vivo prisão de Lula para mobilizar militância (na VEJA)

O PT vai conectar todos os perfis de suas redes sociais aos das principais lideranças do partido. Objetivo: informar, ao vivo, a prisão de Lula. A ideia é acionar a militância em tempo real.

O silêncio barulhento de Bolsonaro

Os políticos mais relevantes deste país, provocados ou espontaneamente, comentaram o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), e naturalmente o condenaram.

Menos um – o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ), candidato a presidente da República e o segundo colocado em todas as pesquisas de intenção de voto divulgadas até aqui.

Seus devotos justificaram o silêncio com a desculpa de que a mídia costuma deturpar tudo o que Bolsonaro diz. Procurado, ele limitou-se a dizer que nada tinha a declarar.

Bolsonaro foi contra a intervenção federal no Rio. Só tem a perder se ela der certo. Marielle era a síntese perfeita de tudo o que ele combate – mulher, negra, defensora dos gays, ativista política.

Daí o seu silêncio.

Deltan Dallagnol: Quatro anos de Lava Jato e eleições de 2018 (na FOLHA)

Solucionar a macrocorrupção passa necessariamente pela política; mais do que prender desonestos, o voto consciente é a chance de virar o jogo

Deltan Dallagnol

No dia em que Paulo Roberto Costa sentou-se em nossa frente, em agosto de 2014, a Lava Jato se transformou. Ao mesmo tempo, mudou o modo como víamos o mundo. A corrupção política não era um desvio do sistema, mas o modo de fazer o sistema operar. Ficou claro que parte relevante das oligarquias política e econômica se uniu para saquear os brasileiros. O desafio, para nós e para a sociedade, era bem maior do que poderíamos imaginar.

Os números do caso dão uma amostra do problema. Em Curitiba, a Lava Jato acusou 289 pessoas, e 123 já foram condenadas por crimes como corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. As penas ultrapassam 1.860 anos de prisão. Muitos réus são poderosos, como oito ex-parlamentares condenados e presos, incluindo um presidente da Câmara e dois chefes da Casa Civil, além de dezenas de donos e executivos das maiores empreiteiras do país. Quase R$ 12 bilhões estão sendo recuperados por meio de acordos.

Em Brasília, apenas a colaboração da Odebrecht implicou quase um terço dos ministros e senadores e quase metade dos governadores ---pelo menos 415 políticos de 26 partidos foram mencionados. Investigações se multiplicaram e, pela primeira vez, um presidente da República foi acusado por corrupção. Mas não só ele: seis pessoas próximas foram denunciadas e três dessas, presas. Cinco presidentes da Câmara e seis do Senado também foram implicados.

A corrupção bilionária na Petrobras é apenas a ponta do iceberg que a Lava Jato descobriu: políticos e partidos desonestos há anos têm escolhido pessoas incumbidas de arrecadar subornos para chefiar órgãos federais, estaduais e municipais. Elas fraudam licitações em favor de empresas que pagam propinas. Outros esquemas também foram revelados. Vende-se de tudo: leis, proteção contra investigações parlamentares e empréstimos baratos ---o apoio parlamentar é apenas mais uma mercadoria.

A Lava Jato também ajudou a entender por que é difícil sair do fundo do poço: a propina enche os bolsos e financia campanhas eleitorais caras, garantindo a reeleição dos corruptos. Mais de metade dos R$ 6 bilhões em propinas do esquema da Petrobras foi paga para políticos e partidos. Fica difícil aos demais candidatos competir com os corruptos, o que nos coloca no centro de um círculo vicioso da corrupção. 

Propagandas eleitorais caríssimas, turbinadas com propinas, fazem qualquer candidato parecer um anjo.
Uma vez eleitos, os corruptos têm interesse em manter e ampliar os esquemas que novamente multiplicarão seus votos e fortuna. Esse ciclo deturpa a democracia e torna a sociedade prisioneira da corrupção. 

Contudo, as eleições de 2018 oferecem uma rota para a liberdade. Há quatro anos, o consenso sobre a necessidade de políticas públicas anticorrupção vem crescendo.

A corrupção não é um problema de ideologias, mas do Brasil ---afeta saúde, segurança, educação, infraestrutura e tudo o mais. Lutar contra esse problema é uma questão de justiça social.

Prender corruptos numa dada operação, por si só, não resolve o problema, ainda que seja um passo indispensável na direção do Estado de Direito. Colocar as esperanças excessivamente sobre o Judiciário, como fez a Itália, ou esperar por heróis que nos salvem são erros que precisamos evitar.

Nossas esperanças devem estar não sobre pessoas, mas sobre instituições e sistemas que funcionem bem. Por isso, a solução para a macrocorrupção brasileira passa necessariamente pela política.

É o Congresso que pode aprovar leis capazes de fomentar, de diferentes formas, a integridade no setor público e privado.

O ano de 2018 apresenta grandes desafios para a Lava Jato, como a consolidação da execução da pena após decisão de segunda instância e a redução do foro privilegiado.

O período após as eleições também promete ser conturbado, com o risco de políticos aprovarem uma anistia de última hora. Contudo, o maior desafio é elegermos deputados federais e senadores que representem nossa diversidade, mas ao mesmo tempo estejam comprometidos com a mudança desse quadro. Após quatro anos, o voto consciente é nossa melhor chance de virar o jogo contra a corrupção.

DELTAN DALLAGNOL, mestre em direito pela Harvard Law School (EUA), é procurador da República e coordenador da força-tarefa da Lava Jato

Dallagnol diz que revisar prisão em segunda instância pode enterrar Lava Jato (na Agencia Brasil)

O chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato no Paraná, procurador da República Deltan Dallagnol, disse hoje (16) que o Supremo Tribunal Federal (STF) pode enterrar o combate à corrupção se revisar o entendimento que autorizou a execução provisória de condenados em segunda instância da Justiça. Deltan e outros procuradores que atuam nas investigações se reuniram com a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, em Porto Alegre, para divulgar o balanço dos quatro anos de trabalho na operação.

Durante coletiva de imprensa, Dallagnol afirmou que o futuro da Lava Jato depende do Supremo. A possibilidade de revisão da decisão que autorizou, em 2016, a prisão em segunda instância ocorre diante do recurso protocolado no STF pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que pretende suspender sua condenação a 12 anos e um mês de prisão na ação penal do tríplex do Guarujá (SP).

"Se o STF reverter o seu entendimento quanto a prisão em segunda instância, ele vai enterrar o combate à corrupção e a impunidade no nosso país. Essa é a nossa preocupação central hoje. Se esse entendimento for mantido, a expectativa é de que, dentro de um prazo razoável, a grande maioria dos réus que foram condenados venham a cumprir pena dentro de uma perspectiva curta de tempo", advertiu o procurador.

Após a reunião com os investigadores, a procuradora-geral, Raquel Dodge, destacou o trabalho da força-tarefa e ressaltou que lei brasileira está valendo para todos.

"Sabemos todos que a corrupção continua ocorrendo no Brasil em larga monta, apesar do muito que já se avançou no âmbito da Operação Lava Jato. E, por isso, é preciso redobrar o esforço, redobrar o ânimo, redefinir estratégias, porque as pessoas que cometeram esses crimes não podem ficar impunes, não pode seguir sem reparar o dano”, disse.

De acordo com balanço divulgado na capital gaúcha, 39 investigações da Lava Jato tramitam em tribunais superiores, sendo 36 delas no STF, envolvendo 101 investigados, e 134 delações premiadas foram assinadas e enviadas à Corte para homologação. Os processos envolvem a devolução de R$ 2,7 bilhões aos cofres públicos.

A exploração lulista do cadáver de Marielle (O Antagonista)

A resolução da Executiva Nacional do PT que compara o assassinato de Marielle Franco ao processo penal que resultou na condenação de Lula é de um oportunismo político sem tamanho, afirma João Domingos no Estadão.

“De acordo com a resolução petista, tanto a execução de Marielle quanto a condenação de Lula são consequências de uma escalada de autoritarismo no País.

Nesse clima, afirma o PT no documento (…), ‘os movimentos sociais são reprimidos, professores são espancados, a universidade é atacada, artistas são censurados, setores politizados do Judiciário atuam casuisticamente e o governo golpista apela, de forma demagógica e irresponsável, para a militarização de esferas de competência do poder civil’.

 
 
 

Tudo o que está escrito entre aspas no parágrafo acima faz parte de uma argumentação política a partir de uma visão ideológica das coisas. Portanto, o PT tem todo o direito de dizer isso. (…)

Comparar o assassinato da vereadora Marielle ao processo penal que condenou Lula por lavagem de dinheiro e corrupção passiva, no entanto, supera a argumentação lógica da política.

(…) A condenação de Lula veio depois de um processo judicial (…). Para se defender, o ex-presidente contratou os melhores advogados, produziu as melhores peças jurídicas com as mais afamadas teses, ocupou as redes sociais, atacou Judiciário, Ministério Público, meios de comunicação e tudo o mais que viu pela frente.

Ao contrário de Lula, a vereadora não teve nenhuma oportunidade de defesa. Foi fuzilada.”

O Antagonista, além de já ter pulado os trechos do artigo que exaltam a militância de Marielle, só tiraria da parte sobre advogados e peças jurídicas a palavra “melhores”.

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Fonte:
Folha de S. Paulo/Ag Brasil

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