BC corta Selic a 6,5% ao ano, nova mínima histórica, e indica nova redução em maio

Publicado em 21/03/2018 22:53

BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central cortou a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual nesta quarta-feira, levando-a à nova mínima histórica de 6,5 por cento ao ano, e indicou que fará mais uma redução da Selic em maio antes de encerrar o ciclo de afrouxamento monetário.

"Para a próxima reunião, o Comitê vê, neste momento, como apropriada uma flexibilização monetária moderada adicional. O Comitê julga que este estímulo adicional mitiga o risco de postergação da convergência da inflação rumo às metas", afirmou o Comitê de Política Monetária do BC em comunicado.

"Para reuniões além da próxima, salvo mudanças adicionais relevantes no cenário básico e no balanço de riscos para a inflação, o Comitê vê como adequada a interrupção do processo de flexibilização monetária, visando avaliar os próximos passos, tendo em vista o horizonte relevante naquele momento", acrescentou.

O BC também reduziu sua projeção de inflação pelo cenário de mercado a 3,8 por cento em 2018, ante 4,2 por cento na reunião de fevereiro. Para 2019, o cálculo foi a 4,1 por cento, contra 4,2 por cento antes.

"O Comitê julga que o cenário básico para a inflação evoluiu de forma mais benigna que o esperado nesse início de ano. O comportamento da inflação permanece favorável, com diversas medidas de inflação subjacente em níveis baixos, inclusive os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária", destacou o BC.

Em pesquisa Reuters, 36 de 41 economistas projetavam a redução de 0,25 ponto percentual na Selic agora, enquanto cinco esperavam manutenção.

Até agora, já foram 12 reduções consecutivas na taxa básica de juros, somando 7,75 pontos percentuais. O prosseguimento do ciclo de cortes que começou em outubro de 2016 se dá em meio ao quadro de inflação persistentemente baixa.

No mês passado, o BC chegou a sinalizar claramente o fim dos cortes na Selic, mas indicou que poderia seguir em frente caso visse sinais de fraqueza na inflação, cenário que acabou se concretizando.

Em fevereiro, o IPCA atingiu o menor nível para o mês em 18 anos, somando em 12 meses alta de apenas 2,84 por cento, abaixo da meta oficial --de 4,5 por cento, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

O próprio presidente do BC, Ilan Goldfajn, afirmou no início deste mês que a inflação surpreendeu também a autoridade monetária, vindo abaixo do esperado. Foi a senha para que o mercado e analistas mudassem seus cenário sobre a Selic, precificando mais um corte agora, ao invés de manutenção.

Ainda que a expectativa seja de retomada um pouco mais forte da economia neste ano, o ambiente de juros baixos ainda não conseguiu acelerar firmemente a atividade em meio à alta ociosidade das empresas e elevado nível de desemprego.

Na pesquisa Focus mais recente, feita pelo BC junto a uma centena de economistas, a estimativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) recuou a 2,83 por cento em 2018. Ao mesmo tempo, a perspectiva para a inflação neste ano também caiu a 3,63 por cento.

No comunicado desta quarta-feira, o BC ponderou que a visão para a próxima reunião do Copom, que acontece em 16 de maio, pode mudar e levar ao fim da flexibilização monetária caso não veja mais risco de ser adiada a convergência da inflação.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

STF suspende prazos processuais em todas as ações ligadas ao RS
Wall St salta com dados de empregos nos EUA reforçando hipótese de cortes nos juros
Dólar cai ao menor valor em quase um mês com dados fracos de emprego nos EUA
Ibovespa fecha em alta com melhora em perspectivas sobre juros nos EUA
Taxas futuras de juros têm nova queda firme no Brasil após dados de emprego nos EUA