Palocci fecha delação com PF do Paraná; agora é o momento de apresentação de provas contra Lula

Publicado em 26/04/2018 07:42

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BRASÍLIA (Reuters) - O ex-ministro Antonio Palocci, dos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, fechou um acordo de delação premiada com a Polícia Federal do Paraná, onde está preso desde setembro de 2016 após uma das fases da operação Lava Jato, informou à Reuters uma fonte com conhecimento do assunto.

Palocci já prestou uma série de depoimentos, segundo a fonte. O teor das declarações e quem ele envolveu na colaboração, contudo, não foi revelado.

A expectativa é que ele possa contar situações que vivenciou ou tomou conhecimento como ministro da Fazenda de Lula e chefe da Casa Civil de Dilma, tendo tido papel decisivo em campanhas de ambos ex-presidentes.

O acerto com a PF, entretanto, precisa ser homologado pelo Poder Judiciário. O aval do acordo ficará com o juiz Sérgio Moro, se não envolver autoridades com foro privilegiado, ou ficará a cargo do Supremo Tribunal Federal (STF), no caso de haver.

Ainda não está certo se essa etapa do acordo vai ocorrer somente após o STF decidir que a Polícia Federal, além do Ministério Público, também tem competência para fechar acordos de delação. Já há maioria no STF a favor dessa possibilidade, mas o julgamento está suspenso desde dezembro passado.

A assinatura do acordo com a PF foi noticiada nesta quinta-feira pelo jornal O Globo.

Procurada, a assessoria de imprensa da PF no Paraná disse que não iria se manifestar sobre o acordo.

Há praticamente um ano Palocci começou a se movimentar para tentar fechar uma delação. Em maio passado, ele trocou a bancada de advocacia liderada pelo criminalista José Roberto Batochio, que o acompanhava há mais de uma década, por um escritório de Curitiba especializado em fechar acordos de delação.

O ex-ministro tentou inicialmente fechar um acordo com o Ministério Público Federal, mas o acerto foi recusado por falta de elementos comprobatórios.

Em junho do ano passado, Sérgio Moro condenou Palocci a 12 anos e 2 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Em setembro, Palocci acusou Lula de comandar um esquema de recebimento de propinas da empreiteira Odebrecht que teria beneficiado o ex-presidente e o governo Dilma. Essas declarações --as primeiras feitas por um importante quadro do PT sobre o ex-presidente-- levaram-no a pedir a desfiliação do partido, do qual foi um dos fundadores.

O “pacto de sangue” de Lula

Em depoimento ao juiz Sergio Moro em setembro de 2017, Palocci disse que Lula firmou um “pacto de sangue” com o empresário Emílio Odebrecht no fim de 2010, seu último ano na Presidência, para receber R$ 300 milhões em propina. Na sequência, também em depoimento a Moro, Lula atacou Palocci em vários momentos e o chamou de “frio e calculista, capaz de simular uma mentira”.

No mesmo mês, o ex-ministro enviou uma carta à presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), reafirmando o que disse a Moro e pedindo sua desfiliação do partido por entender que o processo disciplinar interno aberto contra ele poderia punir “quem fala a verdade” e varrer “para debaixo do tapete” os “erros e ilegalidades”.

Na carta, Palocci também disse ter ficado chocado ao ver que Lula sucumbiu “ao pior da política” e fez uma emblemática indagação: “Afinal, somos um partido político sob a liderança de pessoas de carne e osso ou somos uma seita guiada por uma pretensa divindade?”

Bancos em perigo

Há muito tempo correm especulações de que Palocci pode denunciar ilícitos de grandes bancos do país em troca de um alívio em sua pena. O ex-ministro foi uma das principais pontes entre o PT e o mercado financeiro. Fora do governo, prestou consultoria a Itaú, Bradesco, Santander e BTG Pactual. E conhece como poucos os meandros dos negócios entre grandes bancos do país.

No depoimento a Moro, Palocci sinalizou que pode tratar de temas que envolvam o setor financeiro e entregar ao menos um banqueiro. Declarou que, “em sigilo”, poderia contar quem foi a “grande personalidade do meio financeiro”, que o procurou para “capitalizar” a “provisão de R$ 200 milhões da Odebrecht ao PT”.

Quando a delação de Palocci começou a ser especulada, a Gazeta do Povo publicou uma reportagem sobre o que pode acontecer se os grandes bancos caírem na Lava Jato. Embora o sistema financeiro seja todo interligado, o que significa que a “doença” de um banco pode se espalhar rapidamente para os demais, no chamado “risco sistêmico”, analistas disseram não esperar nenhum grande desastre.

A maioria acha pouco provável que a solvência das principais instituições financeiras venha a ser ameaçada, mesmo que banqueiros ou altos executivos sejam presos, e mesmo que lá na frente elas tenham de pagar multas pesadas por crimes ou infrações administrativas. De todo modo, o estrago vai depender muito do “pedigree” dos envolvidos e até da forma como a eventual operação policial for conduzida.

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Fonte:
Reuters/Gazeta do Povo

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1 comentário

  • Luciano Augusto Ribeirão Preto - SP

    Ai vem o STF de LULA e dá um jeitinho de falar que não tem nada a ver o lé com cré.

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