Ações caem 14% e Petrobras perde R$ 47 bi; Ibovespa fecha em queda com tombo da Petrobras

Publicado em 24/05/2018 18:17

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SÃO PAULO (Reuters) - As ações da Petrobras desabaram cerca de 14 por cento na bolsa brasileira nesta quinta-feira, levando a perda de 47 bilhões de reais em valor de mercado da estatal, após a companhia reduzir o preço do diesel por causa dos protestos dos caminhoneiros, deixando investidores apreensivos com o risco de interferência política na petrolífera com controle estatal.

Os papéis preferenciais, sem direito a voto, mas com preferência na distribuição de dividendos, caíram 13,71 por cento e fecharam a 20,08 reais. As ações ordinárias, com direito a voto, recuaram 14,55 por cento, a 23,20 reais. Apesar da forte queda nos papéis, eles ainda acumulam valorização em 2018, de 25 e 37 por cento, respectivamente.

O tombo das ações nesta quinta-feira levou a companhia a ter um valor de mercado de 285,2 bilhões de reais. Isso fez com que a Petrobras deixasse de liderar o ranking de valor de mercado da bolsa, com a Ambev recuperando o posto, com valor de mercado de 319,6 bilhões de reais.

Pressionada pelo governo, a Petrobras anunciou na quarta-feira à noite redução em 10 por cento no valor do diesel nas refinarias a partir desta quinta-feira, por quinze dias, em uma decisão "excepcional" devido aos protestos dos caminhoneiros, que deve resultar em perda de 350 milhões de reais em receita para a companhia.

Em teleconferência com analistas nesta quinta-feira, o presidente-executivo da Petrobras, Pedro Parente, tentou acalmar agentes financeiros, sem êxito. Ele disse que não deixaria o comando da companhia na atual situação e que os planos de desinvestimento, desalavancagem e redução da dívida da empresa não devem ser afetados pela decisão da véspera.

"As regras do jogo mudaram", destacou o analista André Hachem, do Itaú BBA, que cortou a recomendação das ações preferenciais para 'market perform" e reduziu o preço-alvo para 27 reais ante 32 reais, conforme relatório enviado a clientes.

O analista do Credit Suisse Regis Cardoso reduziu a recomendação para os ADRs (recibo de ação negociado nos EUA) para 'neutra', afirmando que os eventos recentes envolvendo a companhia trouxeram a "política técnica de preços da Petrobras para o debate político" e que ele teme um aumento dos riscos de interferência.

"Tudo o que precisa é uma pequena percepção de intervenção negativa", afirmou o analista Bruno Montanari, do Morgan Stanley, que também reduziu a recomendação do ADRs da empresa de 'overweight' para 'equal-weight' e ainda cortou o preço-alvo de 15 para 13 dólares.

Ibovespa fecha em queda com tombo de 14% nas ações da Petrobras

SÃO PAULO (Reuters) - A bolsa paulista fechou em queda nesta quinta-feira, com o Ibovespa pressionado pelo tombo de 14 por cento das ações da Petrobras, em meio à apreensão dos investidores com o risco de interferência política na empresa após decisão de reduzir o preço do diesel por causa dos protestos dos caminhoneiros.

O índice de referência do mercado acionário brasileiro caiu 0,92 por cento, a 80.122 pontos. No pior momento, recuou 2,3 por cento, indo abaixo de 80 mil pontos. O volume financeiro da sessão somou 16,5 bilhões de reais.

De acordo com profissionais da área de renda variável, o movimento da Petrobras reavivou temores de interferência política na companhia, enquanto as medidas do governo para enfrentar a greve adicionaram preocupações à situação fiscal do país, particularmente em um ano de eleição.

"A decisão mostrou que a Petrobras não está blindada de interferências políticas", afirmou o gestor chefe da Garín Investimentos, Ivan Kraiser, ponderando também que os papéis da estatal vinham mostrando forte valorização no acumulado do ano.

Dados sobre a participação de estrangeiros continuaram a mostrar saída no mês de maio, o que também vem pressionando as ações brasileiras, com o saldo negativo de capital externo no mês alcançando 3,5 bilhões de reais, de acordo com números da bolsa até o dia 22.

DESTAQUES

- PETROBRAS PN e PETROBRAS ON desabaram 13,71 e 14,55 por cento, respectivamente, perdendo 47 bilhões de reais em valor de mercado, após anunciar a redução em 10 por cento do preço do diesel nas refinarias para ajudar na negociação com os caminhoneiros, que entraram no quarto dia de greve nesta quinta-feira. Analistas cortaram a recomendação dos papéis da companhia, entre eles os do Credit Suisse, Morgan Stanley e Itaú BBA. "As regras do jogo mudaram", destacou André Hachem, do Itaú BBA. No ano, contudo, Petrobras PN ainda sobe 25 por cento e Petrobras ON avança 37 por cento.

- ELETROBRAS PNB e ELETROBRAS ON caíram 6,51 e 4,51 por cento, respectivamente, ainda pressionadas pela frustração dos investidores com a dificuldade do governo para seguir adiante com a privatização da companhia.

- BANCO DO BRASIL recuou 3,06 por cento, liderando as perdas do setor bancário no Ibovespa. A ação do banco estatal tende a sofrer mais em momentos de preocupação com riscos políticos no país. ITAÚ UNIBANCO PN, na outra ponta, subiu 1,32 por cento, ajudando a atenuar a pressão negativa sobre o Ibovespa. BRADESCO PN encerrou com variação positiva de 0,16 por cento.

- BRF avançou 6,40 por cento, com operadores citando especulações de que Pedro Parente poderia sair da Petrobras e assumir a presidência-executiva da companhia de alimentos, onde já é presidente do conselho de administração. Em teleconferência à tarde, Parente disse que não deixaria sua posição na atual situação da Petrobras. Mas isso não foi suficiente para abrandar o ânimo dos investidores com a ação, que ainda acumula perda de quase 38 por cento em 2018.

- SUZANO valorizou-se 6,02 por cento, encontrando na valorização do dólar ante o real suporte para a recuperação após queda nos três pregões anteriores. O dólar avançou 0,64 por cento, a 3,6483 reais na venda.

- BRASKEM encerrou em alta de 5,57 por cento, apoiada em expectativas relacionadas a aquisição do controle da petroquímica, após o jornal Valor Econômico noticiar que a holandesa LyondellBasell preparou uma nova proposta à Odebrecht para comprar o controle da Braskem, avaliando a petroquímica brasileira em 41,5 bilhões de reais. A Braskem disse que a Odebrecht negou ter recebido proposta da LyondellBasell.

- VALE fechou com acréscimo de 1 por cento, ajudando a limitar a queda do Ibovespa, tendo como pano de fundo a alta dos preços do minério de ferro na China.

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Fonte:
Reuters

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