Greve dos caminhoneiros entra em sétimo dia com redução nos bloqueios mas caminhões parados

Publicado em 27/05/2018 14:23
Reuters

RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A greve dos caminhoneiros entrou neste domingo em seu sétimo dia com redução nos bloqueios nas rodovias, mas com os caminhões ainda parados ao longo de importantes vias, enquanto o governo busca colocar fim ao movimento que está causando problemas de abastecimento e prejuízos para a economia.

As forças de segurança estão escoltando caminhões-tanque das refinarias para atender as necessidades dos serviços essenciais nas principais cidades do país, enquanto os postos de combustíveis continuam desabastecidos e os supermercados registram falta de produtos.

"As bases de distribuição de combustíveis no Brasil estão com elevados estoques, mas o problema é que os caminhões-tanque que não conseguem sair", disse à Reuters o diretor da Agência Nacional de Petróleo (ANP), Aurélio Amaral. "Houve avanços nas últimas horas mas não na velocidade que gostaríamos ", adicionou.

O presidente da República, Michel Temer, está reunido neste domingo com os principais membros de seu gabinete para discutir uma solução para a crise.

Os caminhoneiros entraram em greve na segunda-feira da semana passada contra a alta dos preços do diesel. O governo federal chegou a anunciar na noite de quinta-feira um acordo para encerrar o movimento, ao garantir a subvenção do preço do diesel e reajustes a serem realizados apenas a cada 30 dias. Mesmo com o acordo, o movimento foi mantido e na sexta-feira o governo autorizou o uso das forças nacionais para desobstruir as rodovias. E no sábado o governo anunciou que passsaria a multar as empresas transportadoras paralisadas em 100 mil reais por hora.

Com potencial de agravar a situação de desabastecimento nos postos, a Federação Única dos Petroleiros e seus sindicados filiados convocaram uma greve nacional de advertência de 72 horas a partir da quarta-feira, pela redução dos preços dos combustíveis e saída do presidente-executivo da Petrobras, Pedro Parente.

Os bloqueios nas rodovias no Estado de São Paulo recuaram quase 80 por cento em 24 horas, segundo o governo estadual. Às 7h deste domingo, eram registrados 35 interrupções em rodovias estaduais e duas em rodovias federais no Estado, após governo estadual ter negociado com os grevistas a suspensão da cobrança do pedágio sobre o eixo levantado dos caminhões e perdão de multas aplicadas, entre outros pontos.

Com os postos praticamente sem combustíveis no Rio de Janeiro, apenas 13 por cento dos ônibus circulavam neste domingo, enquanto os BRTs circulavam com menos de 20 por cento de sua capacidade.

Os caminhoneiros ainda mantinham uma concentração grande na Refinaria de Duque de Caxias, na baixada fluminense, para onde as tropas da Polícia do Exército se deslocaram neste domingo a fim de garantir o fluxo logístico de combustível.

"Caminhões estão saindo de lá com escolta para abastecer vários pontos do Estado e estamos acompanhando também cargas para o Espírito Santo", disse o coronel Cibelli, porta-voz da intervenção no Rio de Janeiro.

Se a situação não melhorar, a prefeitura do Rio de Janeiro vai decretar ponto facultativo nas escolas a partir de terça- feira por falta de merenda.

"Não tem nada e estamos sem perspectiva. Estamos secos na nossa rede desde quarta-feira e já estamos com problema para os funcionários chegarem para trabalhar", disse à Reuters a gerente de um posto da zona sul carioca, Ana Santos.

Em São Paulo, três postos de combustíveis receberam 1 milhão de litros de diesel para atender exclusivamente os serviços essenciais da prefeitura paulistana.

"Hoje em São Paulo, temos prejudicada apenas apenas a coleta seletiva de lixo, e temos 100 por cento da frota de ônibus para o domingo operando", disse o prefeito Bruno Covas. Na segunda-feira, a expectativa é que a circulação de ônibus fique entre 60 e 80 por cento da frota normal, enquanto a prefeitura busca combustível para terça-feira.

"Não há nenhuma necessidade de ponto facultativo na cidade", disse o prefeito a jornalistas neste domingo, acrescentando que foi suspensa a restrição à circulação de caminhões na cidade até domingo que vem, facilitar o abastecimento da cidade.

Governo de SP diz que bloqueios caem 80% em rodovias paulistas após acordo (na FOLHA)

Ao meio dia, foram localizados 34 pontos, dois a mais em relação ao boletim das 11h

O governo de São Paulo mapeou uma redução de 80% nas interrupções de rodovias desde que se sentou com caminhoneiros para negociar o fim da greve no estado.

Em boletim da Artesp obtido pela Folha, foi identificada uma manifestação de caminhoneiros a menos no estado.

Ao meio dia, foram localizados 34 pontos, dois a mais em relação ao boletim das 11h.

Há uma interdição total de via e quatro parciais. A total ocorre na altura do km 471 da Raposo Tavares, nos sentidos leste e oeste. As demais manifestações são feitas no acostamento, gramado, canteiro lateral e postos de serviços das vias.

O Tribunal de Justiça anunciou que mantém a suspensão de prazos processuais nesta segunda (28). O expediente se encerrará às 17h.

Em São Paulo, PM vai escoltar combustível para postos

O comando da Polícia Militar informou que, na tarde deste domingo (27), inicia uma operação de escolta de caminhões de combustível pra população em geral. Será feita a distribuição em todas as regiões da cidade. A entrega está sendo coordenada pela associação de distribuidoras de combustíveis. 

Aeroporto de Goiânia recebe combustível

O aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia, recebeu três carretas de combustível no final da manhã deste domingo (27) e voltou a operar normalmente, informa a Infraero. Dez aeroportos administrados pelo órgão estão sem combustível no momento: Carajás (PA), São José dos Campos (SP), Uberlândia (MG), Ilhéus (BA), Campina Grande (PB), Juazeiro do Norte (CE), Maceió (AL), Aracaju (SE), Joinville (SC), João Pessoa (PB).

O presidente Michel Temer está reunido desde pouco depois das 10h deste domingo (27) com dez ministros no Palácio do Planalto para discutir a continuidade da paralisação de caminhoneiros pelo país e desabastecimento que o movimento vem provocando.

Temer está com os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Torquato Jardim (Justiça), Carlos Marun (Secretaria de Governo), Sergio ​Etchegoyen (Gabinete de Segurança ​Institucional), Moreira Franco (Minas e Energia), Grace Mendonça (Advogada-Geral da União), Raul Jungmann (Segurança Pública), Eduardo Guardia (Fazenda), Esteves Colnago (Planejamento), o interino da Agricultura, Eumar Roberto Novacki, além de Jorge Rachid, secretário da Receita Federal.

A paralisação de caminhoneiros entrou neste domingo no sétimo dia. De acordo com o boletim mais recente da Polícia Rodoviária Federal, às 22h de sábado (26), havia ainda 554 pontos de obstrução.

Ao chegar ao Palácio do Planalto, o secretário nacional de Segurança Pública, general Carlos Alberto dos Santos Cruz, disse que a Força Nacional tem um efetivo pequeno para atuar na desobstrução de rodovias e afirmou não haver o mínimo risco de as Forças Armadas cometerem erros na operação para desmobilizar a paralisação de caminhoneiros em todo o país.

Ele também afirmou que é preciso evitar interesses partidários nas mobilizações.

O comandante do Exército, general Eduardo Villas Boas, publicou no início da tarde em uma rede social que está em outra reunião com o ministro da Defesa, Joaquim Silva e Luna, e com comandantes das Forças Armadas e outros militares para uma videoconferência com os responsáveis por áreas de atuação na operação para debelar a greve dos caminhoneiros, expressão que ele escreveu entre aspas.

“Desejamos, o mais rápido possível, a solução desse desafio a fim de mitigar as dificuldades crescentes da população. Reafirmamos como diretriz operacional o foco no bem-estar social e na perene negociação para evitar conflitos entre os atores diretamente envolvidos”, publicou Villas Boas.

Indústria de cimento entrega apenas 5% da produção por greve dos 

SÃO PAULO (Reuters) - A indústria produtora de cimento está conseguindo entregar apenas 5 por cento da produção nacional aos seus destidos devido a greve dos caminhoneiros e prevê que a situação não será normalizada até três semanas após o fim do movimento, disse o Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC) neste domingo.

"Como as fábricas funcionam em regime de operação contínua, cimenteiras de todo o país estão sofrendo impactos, tanto na distribuição do produto como nas entregas dos insumos necessários à sua fabricação", disse o sindicato em nota.

Em média, a indústria de cimento distribui diariamente 200 mil toneladas de cimento no país, com o transporte rodoviário respondendo por 96 por cento da distribuição.

Os caminhoneiros entraram em greve na segunda-feira passada contra o aumento dos preços do diesel, com o bloqueio de muitas rodovias, levando ao desabastecimento combustíveis e problemas para vários setores. Desde sexta-feira os bloqueios nas estradas diminuíram, após o governo federal ter autorizado o uso das forças federais para desobstruir as estradas, mas a situação está longe de ser normalizada.

"O SNIC ressalta também que, mesmo após o final da greve dos caminhoneiros, será necessário um período de ajustamento de pelo menos duas a três semanas para que o funcionamento das fábricas de cimento seja normalizado", disse o sindicato, alertando para os "desdobramentos da paralisação dos caminhoneiros para a cadeia da construção civil, afetando diretamente a manutenção dos empregos da indústria da construção".

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Fonte:
Reuters/Folha

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1 comentário

  • João Carlos remedio São José dos Campos - SP

    Prender caminhoneiros e deixar políticos ladrões governando o País? Parece até piada, e será mesmo, se parte do Judiciário Brasileiro continuar procrastinando e advogando para bandidos do colarinho branco. Acabou, Temer, ou melhor, nunca teve legitimidade para ter existido!

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