"Se o governo não tem condições, que renuncie, antecipe as eleições", diz General (da Reserva) Antonio Mourão (na FOLHA)

Publicado em 27/05/2018 20:54
Antônio Mourão diz que há aproveitadores dos dois lados pedindo intervenção, na Folha de S, Paulo

O general da reserva Antônio Mourão afirmou que a população não pode se tornar refém da greve dos caminhoneiros e que não concorda com uma ação militar contra o governo federal para encerrar a crise política. Indagado se há “aproveitadores” pedindo uma ação das Forças Armadas contra o governo, o general disse que sim, “dos dois lados”.

“Tem gente que quer as Forças Armadas incendiando tudo. E a coisa não pode ser assim, não pode ser desse jeito. Não concordo. Soluções dessa natureza a gente sabe como começam e não sabe como terminam. Acho que a coisa tem que ser organizada, concertada. Se o governo não tem condições de governar, vai embora, renuncia. Antecipa as eleições, faz qualquer coisa, mas sai do imobilismo dele”, disse o militar.

“A minha visão é o país. O Brasil não pode se rachar ao meio, ser destruído.” O general disse que é necessário garantir os serviços essenciais no país. A entrevista foi concedida à Folha neste domingo (27). Grupos de manifestantes têm radicalizado o discurso por uma “intervenção militar”, um eufemismo para golpe militar.

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“Eu não defendo que o país entre no caos. O país não pode entrar no caos. Não podemos aceitar o caos. Vai ser prejudicial para todos. A partir do momento em que começar o caos, aí entra a violência. E não sabemos como vai terminar isso. Tem que garantir os serviços essenciais. Você [greve] está tornando a população refém. Tem pessoas com filhos em colégios que amanhã não sabem se vão para a escola. É uma situação muito ruim”, disse Mourão.

Antonio Hamilton Martins Mourão. Foto: Divulgação/Exercito Brasileiro - Divulgação/Exército Brasileiro

O militar chamou de “vergonhosa” a convocação feita pela FUP (Federação Única dos Petroleiros) para uma greve de 72 horas nas refinarias de petróleo nesta quarta-feira (30). Disse que a FUP “pega carona” na paralisação dos caminhoneiros. “A FUP é ligada à CUT [Central Única dos Trabalhadores]. Alguém viu a FUP entrar em greve quando se roubou a Petrobras até não poder mais? Não entraram em greve por causa disso, né?”, disse Mourão.

“O que se vê são aproveitadores dos dois lados. Essa questão dos petroleiros é vergonhosa. É a cabeça do sindicato que não representa a pessoa que está suando lá diariamente. Queda do preço da gasolina? Não é assim. Precisamos analisar as coisas”, disse o general.

No ano passado, quando estava na ativa na secretaria de finanças do Comando do Exército, Mourão falou, durante uma palestra em Brasília, em impor uma solução para a crise política no país caso o Judiciário não atuasse. Em março passado, ele passou para a reserva do Exército. Na entrevista neste domingo, Mourão disse que a crise pode ser superada se o governo federal “tomar uma atitude séria”.

“É aquela história, a teoria da bola de neve. O governo deixou a bola de neve aumentar. No primeiro dia ele tinha que ter feito intervenção de uma forma mais coerente, mais específica, mais dura. Você tem que bater dos dois lados, no cravo e na ferradura. Tem que ver o que a turma dos grevistas queria, ver o que era possível ceder, dentro dos preços dos combustíveis, que vinham aí aumentando de forma indefinida. Porque uma coisa é clara, você já viu reduzir preço de combustível? Quando cai é um, dois centavos. Isso aí é fruto até do monopólio, que te deixa sempre amarrado. É um governo fraco, não tenho mais dúvida nenhuma. O governo está tentando se salvar, vamos dizer, está tentando não ir para a cadeia”, disse Mourão.

Para o general, o governo vive uma crise de “credibilidade, autoridade, confiança”. “O sistema econômico trabalha na confiança. Você tem confiança que os contratos vão ser honrados, que os pagamentos serão efetuados. Quando você perde a confiança, ocorre o que nós estamos vendo. E há muito tempo nós temos falado: nossa infraestrutura, toda baseada no transporte rodoviário, ela nos enfraquece. Vamos lembrar, a primeira greve foi em 1999. Tem quase 20 anos que esse pacote vem se arrastando.”

Temer estuda fazer apelo a caminhoneiros e petroleiros para fim de greve (no ESTADÃO)

Presidente quer evitar o pior, ainda mais com a possibilidade de os petroleiros iniciarem uma paralisação de 72 horas

BRASÍLIA – O presidente Michel Temer poderá dar uma nova declaração à imprensa, neste domingo. Na sexta-feira, quando o acordo com os caminhoneiros não foi cumprido, o presidente Temer anunciou que estava convocando as forças federais, incluindo Forças Armadas, para desobstruir estradas e forças a categoria a voltar ao trabalho, tentando retomar o reabastecimento do País.

No momento, a ideia é que Temer faça um apelo, chamando para o diálogo. O presidente quer evitar o pior, ainda mais com a possibilidade de os petroleiros iniciarem uma greve de 72 horas, a partir de quarta-feira. Com isso, está acontecendo uma romaria de representantes de diversos segmentos ao Planalto para buscar diálogo e vantagens para o seu setor. No caso da Federação dos Petroleiros, no entanto, o governo está “indignado” com o que chamam de “oportunismo” da categoria, que querem promover uma paralisação com “cunho eminentemente político”, insistem os interlocutores do presidente.

Assustado com o fato de o movimento dos caminhoneiros não ter recuado e os trabalhadores permanecerem parados, sem distribuir combustíveis e outras mercadorias, deixando o País em uma situação considerada “muito grave”, por várias autoridades, o governo Temer decidiu reabrir as negociações. O ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos Marun, chegou a viajar para São Paulo, no sábado à noite para negociar e outros ministros e até ex-ministros estão ajudando nas discussões, com objetivo de tentar vencer o impasse criado.

O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, receberá lideranças não só do segmento dos caminhoneiros, como de outros setores. E não está descartada a possibilidade de o presidente também receber representantes dos movimento, embora haja interlocutores de Temer acharem essa ideia “absurda”. 

Caminhoneiros levam novas pautas ao governo (em O Antagonista)

Os líderes de caminhoneiros que não assinaram o acordo do governo semana passada voltaram hoje ao Palácio do Planalto para tentar negociar novas pautas, informa a Folha.

Além dos 12 itens propostos pelo governo na quinta-feira, os manifestantes pedem que as alíquotas de PIS/Cofins e Cide do diesel sejam zeradas.

Eles também querem que seja criada uma MP para regular preços de fretes, redução do preço do diesel para o valor que era cobrado em julho de 2017 e o congelamento do preço por 90 dias.

No WhatsApp, caminhoneiros falam em estender paralisação

No WhatsApp, as lideranças dos caminhoneiros pedem para os manifestantes estender a paralisação pelo menos até a próxima terça-feira, informa o Estadão.

Em alguns grupos, novas paralisações começam a ser organizadas a partir de amanhã.

“Pelo tom das conversas, as reivindicações vão além do problema do preço do diesel. Depois da dimensão que a greve tomou nos últimos dias, os motoristas acreditam que podem mudar o rumo do país. Cada um tem uma tese, mas todos apostam na força do exército como aliada e na intervenção militar como solução para os problemas do país”.

Em pronunciamento agora à noite, Michel Temer anunciou uma série de medidas que atendem à pauta de reivindicações dos caminhoneiros autônomos.

Temer prometeu zerar a Cide e o PIS/Cofins incidentes no preço do diesel, o que reduzirá seu valor em 46 centavos. O novo preço será mantido por 60 dias e, a partir daí, os reajustes do combustível serão mensais.

O presidente também vai editar três medidas provisórias: uma para acabar com a cobrança de pedágio sobre eixo suspenso, outra para garantir 30% dos fretes da Conab para esses profissionais e uma terceira para estabelecer a tabela mínima de frete.

Panelaço

Em São Paulo, após o discurso do presidente, ouviu-se panelaços no bairros: Consolação, Bela Vista, Centro, Paraíso, Vila Romana e Perdizes. Já na avenida Paulista, umasalg pessoas gritavam "Lula livre. Volta Dilma!". Também foram registrados batidas em Porto Alegre e em Brasília. Manifestação foi ouvida na região da Bela Vista, no centro de São Paulo 

Petrobras reajusta gasolina

O diesel vai ficar mais barato, mas a gasolina já aumentou.

O combustível que chegou agora à noite a postos do Distrito Federal trazem um aumento de 4%, que será naturalmente revertido ao consumidor final.

Atender reivindicações custará R$ 10 bilhões

O ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo) estima que atendimento às reivindicações da greve custará em torno de R$ 10 bilhões.

Manifestação foi ouvida na região da Bela Vista, no centro de São Paulo.

Governo cede e aguarda fim da paralisação dos caminhoneiros (Agência Brasil)

Diesel terá redução de R$ 0,46 por litro durante 60 dias

O governo federal cedeu e decidiu congelar por 60 dias a redução do preço do diesel na bomba em R$ 0,46 por litro. A proposta foi anunciada há instantes pelo presidente Michel Temer, que fez um pronunciamento depois de um dia inteiro de negociações no Palácio do Planalto. Isso equivale, segundo o presidente, a zerar as alíquotas da Cide e do PIS/Cofins. Os representantes dos caminhoneiros autônomos não aceitaram o congelamento do diesel por apenas 30 dias, como havia sido inicialmente proposto.

O governo federal concordou ainda em eliminar a cobrança do pedágio dos eixos suspensos dos caminhões em todo o país, além de estabelecer um valor mínimo para o frete rodoviário. Essas determinações deverão constar em medidas provisórias a serem publicadas em edição extra no Diário Oficial da União. A expectativa do Palácio do Planalto é que a paralisação, que já dura sete dias e causa enormes prejuízos e transtornos em todo o país, termine logo.

"Os efeitos dessa paralisação na vida de cada cidadão me dispensam de citar a importância da missão nobre de cada trabalhador no setor de cargas. Durante toda esta semana, o governo sempre esteve aberto ao diálogo e assinamos acordo logo no início. Confirmo a validade de tudo que foi acertado", afirmou o presidente. Temer disse que, nas últimas 48 horas, o governo avançou na negociação dessas novas medidas. "Assumimos sacrifícios sem prejudicar a Petrobras." Ele destacou disse que o congelamento valerá por 60 dias e, a partir daí, só haverá reajustes mensais. "Cada caminhoneiro poderá planejar seus custos. Atendemos todas as reivindicações", ressaltou o presidente.

A equipe econômica foi chamada ao Palácio do Planalto para calcular o impacto das novas vantagens concedidas ao setor. Durante todo o dia, custos, cortes e compensações foram avaliados. Além de restrições orçamentárias, empecilhos legais tiveram de ser examinados. Na primeira rodada de negociações com os caminhoneiros, quando se acordou que a Petrobras baixaria em 10% o preço do diesel nas refinarias durante 30 dias, e os caminhoneiros fariam uma trégua de 15 dias na paralisação, o Ministério da Fazenda estimou em R$ 5 bilhões o valor das compensações do Tesouro Nacional à estatal.

Agora, com a validade do congelamento do preço nos postos – e não na refinaria – pelo dobro do tempo, as despesas serão proporcionalmente elevadas. Segundo o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, as reivindicações custarão R$ 10 bilhões ao Tesouro.

Assista à integra do pronunciamento do presidente Michel Temer:

 

Michel Temer recua mais uma vez e agora congela preço do diesel por 60 dias (no PODER360)

Diesel tem corte de 46 centavos na bomba; 3 MPs atendem pedidos de caminhoneiros; Brasil terá tabela oficial com preços de fretes; 

Com aspecto de cansaço, o presidente Michel Temer fez 1 pronunciamento às 21h44 deste domingo (27.mai.2018) e cedeu a todos os pedidos feitos até agora por caminhoneiros que paralisam o país há uma semana.

Em sua fala, Temer disse que tomou 5 decisões:

 
  1. redução no preço do diesel na bomba em R$ 0,46. O valor corresponde à soma do PIS/Cofins e da Cide incidente sobre o produto;
  2. manutenção do preço diesel por 60 dias. Ao fim deste período, reajustes passam a ser mensais e não mais diários;
  3. editará Medida Provisória que isenta o caminhoneiro, em todo o território nacional, de pagar a tarifa do pedágio pelo eixo suspenso do veículo;
  4. editará Medida Provisória para garantir aos caminhoneiros autônomos 30% dos fretes da Conab, a Companhia Nacional de Abastecimento;
  5. editará Medida Provisória estabelecendo a tabela mínima de frete, conforme previsto no projeto de lei 121, que esta sob análise do Senado.
 
 


 

Fonte: Folha /Reuters/Estadão

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