Arábia Saudita diz que oferta de petróleo deve ter alta "mensurável" após acordo entre Opep e Rússia

Publicado em 23/06/2018 14:22

VIENA (Reuters) - A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) acertou neste sábado um acordo com a Rússia e outros países aliados produtores da commodity para elevar a produção a partir de julho e a Arábia Saudita afirmou que o aumento da oferta será "mensurável".

A Opep tinha anunciado na sexta-feira um acordo apenas com membros da entidade e também não revelou detalhes sobre metas de produção. Neste sábado, países que não integram o grupo concordaram em participar do acordo, mas números concretos sobre ele não foram revelados em um comunicado divulgado após as discussões em Viena.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estava entre os que estavam interessados em saber em quanto mais a produção da Opep seria elevada. "Espero que a Opep aumente a produção substancialmente. Precisamos manter os preços baixos!", escreveu Trump no Twitter após o anúncio da Opep na sexta-feira.

EUA, China e Índia querem que os produtores de petróleo elevem a produção para evitar um déficit que poderia afetar o crescimento econômico global.

O ministro saudita da Energia, Khalid al-Falih, afirmou que Opep e outros países que não fazem parte do grupo vão elevar a produção em 1 milhão de barris por dia nos próximos meses, o equivalente a 1 por cento da oferta global. A maior exportadora global, Arábia Saudita, vai ampliar a produção em centenas de milhares de barris, afirmou o ministro, comentando que o número exato será decidido posteriormente.

O ministro da Energia da Rússia, Alexander Novak, afirmou que seu país vai elevar a produção em 200 mil barris diários no segundo semestre deste ano.

Questionado em que medida a decisão de aumento da produção deve-se à pressão de Trump, Novak respondeu: "É óbvio que não estamos sendo guiados por tuítes e que baseamos nossas ações em análises profundas do mercado."

 

DESENTENDIMENTO ENTRE IRÃ E ARÁBIA SAUDITA

O Irã, terceiro maior produtor de petróleo da Opep, exigia que a Opep rejeitasse pedidos de Trump para um aumento da oferta, argumentando que foi o presidente dos EUA quem contribuiu para a recente alta nos preços ao impor sanções contra o Irã e a Venezuela, outro grande exportador da commodity.

Trump lançou novas sanções contra o Irã em maio e observadores do mercado esperam que a produção do país caia em um terço até o final deste ano. Isso significa que o país tem pouco a ganhar com um acordo para aumento de produção, diferente do que ocorre com a Arábia Saudita.

O ministro do Petróleo do Irã, Bijan Zanganeh, afirmou que o aumento real pode ser de apenas 500 mil barris por dia porque a Arábia Saudita não terá permissão para produzir mais para compensar a Venezuela, onde a produção despencou nos últimos meses.

"Cada país que tem produzido menos (que sua cota) pode produzir mais. Aqueles que não podem, não vão... Isso significa que a Arábia Saudita pode aumentar sua produção em menos que 100 mil barris diários", disse Zanganeh à Argus Media.

Mas Falih afirmou que as realocações de cota não precisam ser restritas, o que significa que a Arábia Saudita quer preencher as diferenças de produção de outros países.

"Alguns dos países...não vão poder produzir, então, outros vão. E isso significa que haverá uma realocação indireta", disse Falih.

A Opep e seus aliados têm desde o ano passado promovido um pacto para reduzir produção em 1,8 milhão de barris diários. A medida tem ajudado a reequilibrar o mercado nos últimos 18 meses e elevado os preços do petróleo para cerca de 75 dólares o barril ante 27 dólares em 2016.

Mas problemas de produção na Venezuela, Líbia e Angola efetivamente levaram os cortes de produção para cerca de 2,8 milhões de barris nos últimos meses.

Falih afirmou que o mundo pode enfrentar um déficit de oferta de até 1,8 milhão de barris por dia no segundo semestre deste ano.

Os EUA, que rivaliza com Rússia e Arábia Saudita, a liderança de maior produtor de petróleo do mundo, não está participando do acordo de oferta.

Preços do petróleo fecham em forte alta após acordo modesto da Opep sobre produção

NOVA YORK (Reuters) - Os preços do petróleo fecharam em forte alta nesta sexta-feira depois que a Opep e outros produtores concordaram em aumentar modestamente a oferta para compensar perdas na produção em um momento de crescimento da demanda global.

Os contratos futuros do petróleo Brent terminaram em alta de 2,50 dólares, ou 3,42 por cento, a 75,55 dólares por barril.

O petróleo dos EUA (WTI) avançou 3,04 dólares, ou 4,64 por cento, a 68,58 dólares o barril.

A Organização de Países Exportadores de Petróleo disse em comunicado que o grupo retomará o comprometimento de 100 por cento dos cortes de produção acordados anteriormente, o que na prática representaria aumento de produção. A Opep não deu um volume específico.

A Arábia Saudita disse que a mudança seria traduzida em um aumento nominal da produção de 1 milhão de barris por dia (bpd), ou 1 por cento da oferta global. O Iraque disse que o aumento efetivo seria de cerca de 770 mil bpd, porque muitos países que sofreram com o declínio da produção teriam dificuldade de alcançar as cotas completas.

Esse aumento real da oferta, entretanto, gera uma tendência altista para as cotações do petróleo, já que fica abaixo de volumes que estavam sendo discutidos antes da reunião.

"Tinha muita antecipação no mercado de que teria muito mais petróleo novo entrando no mercado, e isso não vai acontecer, pelo menos por agora", disse John Kilduff, sócio da Again Capital.

"Nós fomos provocados com um aumento de 1,8 milhão bpd em certo momento", disse Kilduff.

Por cerca de três semanas antes da reunião, os preços haviam recuado de altas de três anos e meio, sob o temor de que aumentos maiores de produção poderiam levar a excesso de oferta.

A decisão da Opep confundiu alguns no mercado, uma vez que os produtores deram metas opacas para o aumento, dificultando a compreensão de quanto mais o grupo vai bombear.

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Fonte:
Reuters

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