Após morte de alunos, bispos convocam protestos na Nicarágua (Agência Brasil)

Publicado em 15/07/2018 19:50

Após dois estudantes terem sido mortos dentro de uma igreja, bispos nicaraguenses convocaram um protesto pacífico contra a escalada da violência no país. Os alunos foram para a igreja tentar se proteger dos ataques de grupos paramilitares ligados ao governo.

“Hoje, como nunca, os direitos humanos estão sendo violados na Nicarágua”, diz o comunicado, pedindo aos fiéis que fiquem jejum na próxima sexta-feira (20) . Os bispos fazem ainda um apelo a todos “especialmente aos policiais, militares e demais funcionários públicos” que não apoiem “direta ou indiretamente” as ações do presidente Daniel Ortega e seu partido político.

Em menos de três meses, mais de 260 pessoas foram mortas na Nicarágua – muitas delas universitários. O estopim dos protestos foi uma reforma da previdência, no dia 18 de abril, que acabou sendo revogada. Mas as manifestações continuaram e se transformaram em um movimento nacional contra a violenta repressão, que sofreu uma nova escalada nos últimos dias, com ataques contra igrejas e o clero.

A pedido do governo, a Igreja Católica aceitou mediar um diálogo com setores da sociedade civil (estudantes, agricultores, empresários e organizações de defesa dos direitos humanos) para superar a crise. Um dos requisitos era a participação de organismos internacionais – como a Comissão Interamericana da Direitos Humanos (CIDH) – na investigação das mortes, das prisões arbitrárias e dos ataques, ocorridos durante as manifestações.

 A CIDH, entidade da Organização dos Estados Americanos (OEA), já apresentou dois relatórios. Ambos responsabilizam as forças de segurança, franco-atiradores e grupos paramilitares, simpatizantes do governo, pelas mortes. Um grupo de investigadores analisou provas balísticas, depoimentos das vítimas e imagens e concluiu que o governo nicaraguense está “atirando para matar”.

O governo rejeitou a conclusão dos dois relatórios da CIDH, alegando que foram parciais, mas permitiu que a comissão continue investigando as denúncias.

Ortega fez história na Nicarágua, liderando a Revolução Sandinista de 1979, que acabou com a ditadura de Anastasio Somoza. Porém a guerra civil continuou até 1990. Em 2016, Ortega conquistou o terceiro mandato presidencial consecutivo e elegeu a mulher vice-presidente. A votação - sem a presença de observadores internacionais – foi questionada pela oposição e também por antigos aliados do ex-guerrilheiro esquerdista.

Áudios

A situação na Nicarágua tem sido acompanhada diariamente pelo secretario-executivo da CIDH, o brasileiro Paulo Abrão, que tem recebido áudios e vídeos dos últimos acontecimentos no pequeno país centro-americano. 

Várias gravações, transmitidas em tempo real, registram o som de tiroteios. Ao mesmo tempo, o governo nicaraguense mostrava imagens de festejo dos 39 anos da Revolução Sandinista. Antigos guerrilheiros acusam Ortega e a mulher e vice-presidente, Rosario Murillo, de querer instalar uma dinastia política e corrupta – igual a de Somoza. 

Em entrevista à Agência Brasil, Abrão disse que as forças de segurança e os paramilitares ligados ao governo “atiraram para matar”. Segundo ele, ocorreram duas etapas. Na primeira, Ortega reconheceu que havia problemas e pediu ajuda apara solucionar-lós. “Nesta segunda fase, Ortega está negando os fatos e responsabiliza a violência ao confronto entre grupos a favor e contra do governo”, disse. 

Forças de segurança cercam estudantes nicaraguenses em igreja

Estudantes nicaraguenses refugiaram-se na casa paroquial da Igreja Divina Misericórdia, em Manágua, onde permanecem cercados por um grupo das forças de segurança do governo federal, que, pouco tempo antes, tinha atacado a Universidade Nacional Autônoma da Nicarágua (Unam-Manágua). Eles estão no local desde a noite de sexta-feira (13).

"Os sacerdotes, com estudantes feridos dentro da paróquia, ainda esperam que alguém chegue para ajudar os feridos. Eles permanecem cercados pelas forças de segurança que realizam disparos", denunciou, em sua conta do Twitter, o bispo auxiliar da Arquidiocese de Manágua, Silvio José Baez.

O grupo se refugiou na paróquia, anexa à Unam-Manágua, para onde estavam transferindo os estudantes feridos, que haviam ficado trancados durante várias semanas na sede da universidade para pedir a renúncia do presidente nicaraguense, Daniel Ortega.

Dom Silvio Baez manifestou sua "proximidade fraterna aos queridos sacerdotes, Raúl Zamora e Erick Cole, da Paróquia Divina Misericórdia", que estão "em constante comunicação e buscando ajuda para os estudantes feridos e outras pessoas que estão na casa paroquial".

Uma situação parecida aconteceu na última segunda-feira (9), na Basílica San Sebastián, em Diriamba, que fica a 40 quilômetros da capital nicaraguense, para onde seguiu uma delegação da igreja católica com o objetivo de libertar um grupo de opositores cercados por forças de segurança do governo. 

Edição: Carolina Pimentel
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Fonte:
Agência Brasil

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1 comentário

  • Sebastião Ferreira Santos Fátima do Sul - MS

    O mais interessante de tudo são os padres brasileiros apoiarem a ideologia do PT no Brasil como se fosse a solução para o país. Acho que tá na hora de padres e bispos reavaliaram a situação do que ocorre em CUBA, VENEZUELA E NICARÁGUA para que não incorram no mesmo erro. Precisamos de liberdade e em regimes comunistas não há liberdade. Então PSOL,PT,PCdoB e outros partidos de esquerda terão que ser extirpados da política brasileira.

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