Petrobras ganha mercado de diesel com programa de subsídios limitando importação

Publicado em 03/08/2018 12:27

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Por Marta Nogueira e Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras se beneficiou do programa de subsídio ao diesel, que ajudou a companhia a recuperar participação no mercado do combustível mais vendido no país, na medida em que concorrentes importaram menos alegando que os valores estabelecidos pelo governo no programa de subvenção limitavam importações.

Para receber os subsídios, a Petrobras e importadores têm que congelar seus preços. Mas importadores alegaram que um valor básico estabelecido levou em conta uma cotação que impediu compras externas, o que acabou ajudando a estatal, que detém praticamente o monopólio de refino no país e dominância na produção de petróleo.

Além de o programa ter ajudado a empresa a recuperar mercado, a companhia ainda lançou cerca de 590 milhões de reais em subsídios ao diesel no resultado do segundo trimestre. Esse dinheiro, ainda a ser recebido do governo, é uma compensação pelo fato de a Petrobras ter congelado o valor do combustível na refinaria, e não estar vendendo o produto de acordo com a sua política de preços, que visa seguir parâmetros como o mercado internacional e câmbio.

"Um conjunto grande de empresas aderiu ao programa de subvenção, e o que ocorreu foi uma redução no volume de importação (de diesel) e um pequeno aumento do 'market share' da Petrobras...", disse o presidente-executivo da Petrobras, Ivan Monteiro, após a divulgação dos resultados do segundo trimestre, cujo lucro líquido superou 10 bilhões de reais.

"O que a Petrobras defende é que haja saudável competição entre Petrobras e agentes em benefício do consumidor."

Apesar de ter admitido queda das importações de concorrentes, ele disse que está sendo retomada uma normalidade do mercado, no qual a competição tende a se acirrar no segundo semestre, acrescentou Monteiro.

Em junho, a Petrobras registrou uma participação de mercado de 87 por cento no segmento de diesel ante 74 por cento na média de 2017. Em março, o "market share" era de 77 por cento.

Concorrentes da Petrobras se queixam do programa de subsídios criado após a greve dos caminhoneiros em maio e acusam a empresa de praticar preços predatórios, abaixo da paridade de importação.

Mas a empresa também recuperou mercado de gasolina, que não está incluída no programa de subsídios.

A Petrobras informou que seu "market share" de gasolina aumentou em junho para 85 por cento, ante 80 por cento em março e 83 por cento na média de 2017.

Diante disso, o fator de utilização das refinarias em junho subiu para 81 por cento, ante média de 77 por cento em 2017, versus 72 por cento em março.

O diretor de refino e gás da Petrobras, Jorge Celestino, afirmou a jornalistas que o fator de utilização continuará neste nível ou maior nos próximos meses, mas reforçou que a recuperação de concorrentes no mercado se dará com o aprendizado em relação ao programa de subvenção.

"Os agentes precisam aprender a trabalhar com esse modelo, mas a gente acredita que é um modelo competitivo, e vai trazer competição para o mercado", afirmou.

PAGAMENTOS ATRASADOS

Monteiro descartou qualquer insegurança em relação aos pagamentos de subsídio, que estão atrasados.

Segundo o executivo, o programa é muito novo e é natural que o governo demore um pouco no início.

O diretor da Área Financeira e de Relacionamento com Investidores, Rafael Grisolia, afirmou que a empresa calcula que a Petrobras tem a receber 590 milhões de reais, já reconhecidos no resultado do segundo trimestre, em setor de contas a receber.

(Por Marta Nogueira e Rodrigo Viga Gaier)

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Fonte:
Reuters

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