"O grande conchavo" (da Folha de S. Paulo), em O Antagonista

Publicado em 18/09/2018 08:00

Depois de exaltar o “pragmatismo” de Fernando Haddad, a Folha de S. Paulo, em editorial, defendeu o conchavo entre o candidato petista e os parlamentares de PSDB, MDB e DEM:

“Na situação calamitosa de hoje, ajustes dolorosos se mostram inevitáveis — e dependerão do apoio de siglas já tachadas de golpistas.”

A imprensa é muito pragmática.

A coalizão PT – PSDB

Fernando Haddad, o plano B de Lula, sempre foi o plano A de FHC.

O candidato petista, diz o Estadão, “sinaliza que pode conversar com o PSDB. O propósito é mostrar que tem maior capacidade de união, além de deixar caminho aberto para uma coalizão no futuro”.

Leia o editorial da FOLHA: "Inflexões petistas"

Na ausência de programas de governo consistentes, candidatos ao Planalto têm apresentado economistas de gabarito e convicções conhecidas como garantia de qualidade em um eventual mandato. Uma exceção importante a essa tendência é —não se sabe até quando—Fernando Haddad (PT).

Além de a plataforma esboçada pela chapa petista carecer de solidez, mantém-se a incógnita quanto a nomes para a equipe na hipótese de vitória. Nesta segunda-feira (17), entretanto, Haddad indicou ao menos quem não quer como seu ministro da Fazenda.

Na sabatina promovida por Folha, UOL e SBT, o presidenciável desautorizou, com clareza inédita, o correligionário Marcio Pochmann, que até então atuava como um porta-voz informal da agenda econômica do partido.

“O Marcio é um professor, candidato a deputado federal e uma pessoa independente do ponto de vista intelectual”, nas palavras de Haddad. “Ele participou [do programa de governo] como 300 outras pessoas participaram.”

Pochmann —cuja contribuição ao ideário da campanha foi subitamente rebaixada a 0,3%— é personagem importante no PT, presidindo hoje a Fundação Perseu Abramo, centro de estudos vinculado à legenda. Está, ademais, entre os mais notórios militantes de teses caras à esquerda nacional.

Em declarações recentes, contestou a urgência de uma reforma da Previdência, com crítica severa ao projeto apresentado pelo governo Michel Temer (MDB); concentrou-se em medidas de estímulo ao consumo e aos investimentos, supostamente capazes de impulsionar a atividade e a arrecadação.

Ao escantear o colega, Haddad indicou uma inflexão rumo ao pragmatismo —e até a usualmente execrada proposta previdenciária de Temer teve méritos reconhecidos.

Nada de novo, aliás, em se tratando de campanhas petistas. Luiz Inácio Lula da Silva caminhou para o centro ideológico de forma bem-sucedida em 2002, com a célebre “Carta ao Povo Brasileiro”.

Já Dilma Rousseff colheu um desastre político ao nomear um ortodoxo para a Fazenda, em evidente reviravolta da agenda propagandeada na ofensiva pela reeleição.

A estratégia para uma eventual nova vitória permanece obscura. Haddad ainda defende despropósitos demagógicos como isentar do Imposto de Renda ganhos até cinco salários mínimos, o que os governos do partido tiveram o bom senso de não fazer mesmo quando o Orçamento era superavitário.

Na situação calamitosa de hoje, ajustes dolorosos se mostram inevitáveis —e dependerão do apoio de siglas já tachadas de golpistas. Obter o respaldo do próprio PT, cujo líder máximo estará empenhado em sair da prisão, não será tarefa menos complexa.

A civilização petista (em O Antagonista)

Se houver segundo turno, o plano de Fernando Haddad é oferecer a PSDB, MDB e DEM um grande conchavo contra Jair Bolsonaro.

Diz a Folha de S. Paulo:

“O petista tenta se colocar, de olho num segundo turno contra Jair Bolsonaro, como único interlocutor viável para a convivência republicana, inclusive diante de siglas que hoje estão com o PSDB. Um aliado explica: ‘Este embate precisa ser o da civilização x barbárie’.

Haddad foi instruído a, de agora em diante, projetar a imagem de pacificador.”

A civilização petista, como se sabe, está na cadeia.

Antipetismo contra antibolsonarismo

A cúpula da campanha de Fernando Haddad disse para a Folha de S. Paulo que “o segundo turno será uma disputa de rejeições: o antipetismo contra o antibolsonarismo”.

Os aliados do poste garantem que só ele pode “amenizar a rejeição ao PT”.

Bolsonaro espera ter alta neste fim de semana, diz Mourão

O general Hamilton Mourão visitou Jair Bolsonaro no Albert Einstein e disse a Crusoé que o presidenciável espera ter alta do hospital já neste fim de semana.

Segundo Mourão, depois da alta, Bolsonaro deve continuar se recuperando em sua casa no Rio.

Centrão e anti-Centrão

Entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad, diz o Estadão, “lideranças do Centrão no Nordeste ficam com o petista num eventual segundo turno. 

O capitão reformado é visto como antipolítico”.

É por isso que talvez nem haja um segundo turno: o Brasil é visceralmente anti-Centrão.

Mulher ‘sem Bolsa Família’ do programa do PT recebia o benefício

No horário do PT, Fernando Haddad exibiu o depoimento de uma dona de casa que mostrava o cartão do Bolsa Família e dizia “quando Lula entrou, tinha esse benefício; agora, na gestão do Michel Temer, eu não estou tendo”.

O Globo localizou a dona de casa –Cleide da Rocha, de 43 anos– em Guaribas, no interior do Piauí, e obteve um extrato do seu cartão, que mostra que ela recebeu o Bolsa Família até agosto.

Questionada, Cleide primeiro disse que estava sem receber “há seis meses”. Depois admitiu ter recebido em agosto e deu explicações confusas para o suposto bloqueio do benefício nos meses anteriores.

A campanha do PT alegou que “o depoimento da moradora de Guaribas foi tomado de boa-fé”.

TSE suspende propaganda de Haddad com cartinha de Lula

Sérgio Banhos, do TSE, suspendeu propaganda eleitoral em que a coligação do PT mostra Lula apoiando seu poste Fernando Haddad, informa O Globo.

O ministro atendeu a pedido da coligação de Jair Bolsonaro, que alegou que o PT deu à cartinha de Lula a Haddad, em 13 de setembro, mais que os 25% do tempo do programa reservado a apoiadores.

“Em desrespeito à legislação eleitoral, quase 50% do tempo da propaganda eleitoral restou dedicado à leitura, por terceiros, dos termos da referida carta de apoio, intitulada ‘Carta de Lula ao Povo Brasileiro'”, escreveu Banhos na decisão.

Campanha petista gasta R$ 1,5 mi com advogados que defendem Lula (FOLHA)

A campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) registrou R$ 1,5 milhão em gastos eleitorais com o escritório de advocacia Teixeira, Martins Advogados, que defende o petista nos processos criminais da Lava Jato.

A prestação de contas da candidatura, que acabou barrada na Justiça Eleitoral e substituída desde terça (11) pela de Fernando Haddad, aponta que este é o maior gasto com advogados registrado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) até agora, segundo dados preliminares dos candidatos que disputam algum cargo nas eleições deste ano.

A despesa é descrita como "consultoria jurídica em processo eleitoral". Em nota oficial, a assessoria de imprensa da campanha afirmou que o escritório "prestou consultoria ao registro da chapa do Partido dos Trabalhadores".

Segundo a Folha apurou, parte da consultoria abordou a decisão do Comitê de Direitos Humanos da ONU, que defendeu o direito da candidatura de Lula e que foi a tese central da defesa para que o petista disputasse a Presidência.

Os advogados Cristiano Zanin e Valeska Teixeira Zanin Martins, sócios do escritório Teixeira Martins, defendem o ex-presidente nos processos da Lava Jato e também no processo que tramita na ONU.

Em agosto, o comitê da entidade publicou entendimento provisório no qual apontava o direito de Lula de participar das eleições e de fazer campanha de dentro da prisão.

A defesa de Lula alega que esta é uma decisão que teria quer ser cumprida pelo Brasil, em função de tratados internacionais. Ao barrar a candidatura com base na Lei da Ficha Limpa, o TSE entendeu que a Justiça eleitoral brasileira não está obrigada a se submeter a esse braço da ONU.

Além dos gastos com o escritório Texeira, Martins, a campanha do PT registra ainda despesas de R$ 900 mil com o escritório Aragão e Ferraro Advogados e R$ 150 mil com o escritório de Edilene Lobo, ambos especializados em direito eleitoral. Não há registros de pagamentos diretos ao advogado Luiz Fernando Pereira, que liderou a defesa do registro de Lula no TSE.

Ao todo, a campanha já gastou R$ 26 milhões, e o site do TSE registra a transferência de toda a prestação de contas feitas por Lula para o registro de Fernando Haddad.

Alguns advogados especialistas em direito eleitoral avaliam que a assessoria jurídica no caso da ONU não pode ser computada como gasto de campanha, por se tratar de uma defesa individual de Lula. Mas, segundo a assessoria da campanha, o caso se refere à consultoria para o registro do ex-presidente no TSE.

Segundo a resolução do TSE 23.553/2017, serviços de consultoria jurídica prestados durante as campanhas devem ser pagos com recursos da conta de campanha. Já os honorários advocatícios relacionados à defesa de candidato ou de partido político em processo judicial não caracterizam gastos eleitorais.

As regras do TSE foram estabelecidas na esteira da criação do Fundo Especial de Financiamento, conhecido como fundão, em que R$ 1,7 bilhão do Tesouro Nacional foram destinados aos partidos para financiar as campanhas neste ano. O PT recebeu R$ 212 milhões deste fundo, e o diretório nacional repassou R$ 20 milhões para a campanha presidencial até agora.

Neste ano, os gastos eleitorais para a campanha a presidente estão restritos a R$ 70 milhões. Isso significa que só o escritório de Teixeira, Martins vai representar pelo menos 2,1% dos gastos totais da campanha presidencial do PT.

Em 2014, a campanha da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) informou ter gasto no total R$ 318 milhões. De acordo com o Jota, site especializado em assuntos jurídicos, apenas 1,5% das despesas foram registradas como gastos com advogados.

O escritório Teixeira, Martins não se manifestou até a conclusão desta edição.

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Fonte:
O Antagonista/Folha de S. Paulo

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