Em reta final, aliados querem que Alckmin mude comunicação com eleitor para buscar reação

Publicado em 18/09/2018 15:20

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Por Ricardo Brito e Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - Aliados do candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, cobram mudanças rápidas na comunicação do tucano com o eleitor a fim de tentar uma reação para que ele deslanche na disputa ao Palácio do Planalto a menos de 20 dias do primeiro turno.

Alckmin vai realizar uma reunião com lideranças dos partidos que formam a sua coligação nesta terça-feira, em São Paulo, para fechar uma estratégia de atuação na reta final da campanha.

Com a maior aliança entre os candidatos a presidente, Alckmin apostava na propaganda do rádio e da TV --detém quase a metade do tempo nos blocos e inserções-- para crescer nas pesquisas.

Mas assistiu nesse período o crescimento do adversário do PSL, Jair Bolsonaro, que se consolidou como o primeiro nas sondagens até agora, e o avanço do petista Fernando Haddad para a segunda colocação, embalado pela vinculação com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na avaliação de aliados do tucano, Alckmin é o mais preparado para comandar o país, diante da experiência que já teve em sua carreira política e o fato de ter governado São Paulo. Contudo, o presidente do PSDB em Minas Gerais, deputado federal Domingos Sávio, reconheceu que é preciso fazer mudanças na comunicação do candidato. Essa é uma avaliação feita, segundo o deputado, também por outros aliados dele.

"Acho que está faltando na campanha ser mais incisivo para mostrar para o Brasil que há uma ampla maioria que não quer a extrema-direita e a extrema-esquerda e compreendem que Alckmin é a melhor opção. O marketing da campanha tem de fazer o voto útil para que ele vá ao segundo turno", disse o presidente do PSDB mineiro, para quem essa "insegurança" sobre o desempenho do candidato tucano pode afastar eventuais votos nele.

ENGAJAMENTO

Estagnado nas pesquisas, o ex-governador de São Paulo também tem tido dificuldades de garantir engajamento de partidos aliados à sua candidatura. Principalmente no Nordeste, ele tem se deparado com o apoio de aliados ao PT e, no centro-sul, locais em que aliados defendem voto para Bolsonaro.

Na semana passada, por exemplo, o candidato do PP gaúcho ao Senado, o deputado federal Luiz Carlos Heinze, anunciou publicamente o apoio a Bolsonaro, ignorando a costura nacional. A candidata a vice-presidente na chapa de Alckmin, Ana Amélia, é senadora pelo partido no Estado.

Na primeira semana de campanha na TV, por exemplo, Alckmin assistiu aliados de peso da sua coligação, como o presidente do PP, o senador Ciro Nogueira (PI), defender ao lado de Haddad -- aquela altura ainda vice de Lula-- o voto na aliança do PT.

Um presidente de partido da aliança de Alckmin disse à Reuters que, desde o início da campanha na TV, só foi convocada uma reunião dos aliados para discutir ações, sendo que essa nem ocorreu. Nesta terça-feira, se houver quórum, haverá a primeira para valer.

Outro representante de partido da coligação de Alckmin, o líder do PR na Câmara, deputado José Rocha, disse que "com certeza" vai trabalhar pela candidatura de Haddad. Segundo ele, não há verticalização de apoio a Alckmin e a realidade nacional e estadual não estão vinculadas.

Questionado se a candidatura de Alckmin foi abandonada pelos aliados, Rocha respondeu: "Não posso falar, porque não sou aliado dele. Aqui pela Bahia ele já está abandonado."

Rocha é candidato à reeleição para a Câmara dos Deputados numa ampla aliança liderada pelo PT no Estado. "Não tenho dúvida que o segundo turno vai ser entre Bolsonaro e PT", disse ele à Reuters.

Um interlocutor direto de Alckmin falava no início da propaganda na TV ser "chance zero" o risco de o tucano acabar abandonado por partidos aliados. "Candidato do PSDB não tem a menor chance de ser cristianizado."

Aliados do tucano tentam se mostrar confiantes e usam o discurso de que a definição do voto para presidente se dará na reta final.

TEMPO

O ex-presidente do PSDB e ex-governador de São Paulo Alberto Goldman disse que ainda há uma "enormidade de tempo", mas admitiu que não há nenhuma fórmula mágica para uma reversão do quadro. Ele creditou ao PT a criação do que chamou de "direita radical" e "conservadorismo profundo", que seria encarnada na candidatura de Bolsonaro.

Ainda assim, Goldman afirmou que o momento não é de analisar os "erros estratégicos" da campanha, mas sim olhar para frente. "A campanha só termina no último dia, no último minuto, já vi de tudo acontecer na campanha. Em nenhum momento abro mão", disse ele, ao ser questionado se estaria desanimado com o desempenho de Alckmin.

Para Domingos Sávio, "é perfeitamente possível chegar ao segundo turno". Ele considera que a eleição ocorre em uma "onda de manifestação popular". "O eleitor está indeciso ou inseguro com seu próprio voto", avaliou.

Em entrevista em Brasília na segunda-feira, a agências internacionais e correspondentes estrangeiros, o candidato tucano ao Planalto disse que não vai mudar a sua estratégia de campanha e, atacando tanto PT quanto Bolsonaro, destacou ser ele o único representante a evitar a volta do PT ao poder.

"O Bolsonaro, se fosse para o segundo turno, será o passaporte para a volta do PT”, disse. "O PSDB irá ao segundo turno”, reforçou, ao interditar qualquer tipo de avaliação sobre cenário em que esteja fora da disputa final.

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Fonte:
Reuters

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