Mercados devem se preparar para longo período de turbulências, alerta BIS

Publicado em 24/09/2018 07:26

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LONDRES (Reuters) - Os mercados financeiros precisam se preparar para um longo período de turbulência, à medida que mais bancos centrais do mundo começam a encerrar programas de incentivo e a elevar as taxas de juros, disse o Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês) em seu último relatório.

Uma década após o colapso do Lehman Brothers que desencadeou a crise bancária global, o banco baseado na Suíça, considerado o "banco dos bancos centrais", comparou a volatilidade do mercado este ano à reação de um paciente que acabou de sair de um remédio forte.

O relatório indica que poderá haver mais turbulência à frente, com as taxas dos EUA provavelmente subindo, as preocupações com a guerra comercial aumentando, o Banco Central Europeu prestes a encerrar seu programa de impressão de dinheiro e mercados emergentes problemáticos tendo que elevar as taxas de juros.

"Os formuladores de políticas e os mercados devem se preparar para uma convalescença demorada e agitada", alertou o chefe do Departamento Econômico e Monetário do BIS, Claudio Borio.

A liquidação nos mercados emergentes desde o final de janeiro já se equiparou àquele vista há cinco anos durante o "taper tantrum", episódio no qual os investidores começaram a se assustar com a vida sem incentivos do Federal Reserve norte-americano.

Isso provou ser um obstáculo de curto prazo para os mercados, mas o BIS vê esse episódio como algo mais lento, cuja duração dependerá em parte se as recessões começarem a atacar, como alguns economistas agora temem.

Espera-se que os bancos centrais ajam com cuidado. O fim iminente do plano de compra de títulos do BCE, de 2,5 trilhões de euros, será amortecido, enquanto o Banco do Japão fica ainda mais para trás no processo.

Mas ainda há muito para os mercados se preocuparem.

Os valores das ações de Wall Street subiram ainda mais, alcançando novos picos históricos.

A volatilidade manteve-se baixa e os "prêmios pela maturidade"' do mercado mantiveram-se altamente comprimidos. Os spreads de crédito para empresas mais arriscadas de 'alto rendimento' têm pairado em torno de níveis que eram prevaleciam pouco antes da crise financeira global de 2007-08.

Wall Street cai após tarifas entre EUA e China entrarem em vigor

Por Sinéad Carew

NOVA YORK (Reuters) - O S&P 500 e o Dow fecharam em baixa nesta segunda-feira após uma nova rodada de tarifas comerciais entre Estados Unidos e China entrarem em vigor, enfraquecendo esperanças da semana passada por negociações entre os dois países, e à medida que investidores aguardam um amplamente esperado aumento de juros pelo Federal Reserve.

O índice Dow Jones caiu 0,68 por cento, a 26.562 pontos, enquanto o S&P 500 perdeu 0,351575 por cento, a 2.919 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq avançou 0,08 por cento, a 7.993 pontos.

Sete dos principais 11 setores do S&P caíram após tarifas dos EUA sobre cerca de 200 bilhões de dólares em bens chineses entraram em vigor, junto com os impostos retaliatórios de Pequim.

"Investidores estão começando a ver o aviso de que a China está começando a se fechar e os EUA também estão", disse Chris Zaccarelli, chefe de investimentos da Independent Advisor Alliance. "É um tom geral de fugir de riscos, um sentido que as pessoas estão se tornando um pouco mais cautelosas."

Os mercados acionários dos Estados Unidos tiveram fortes ganhos na semana passada à medida que investidores se agarravam à esperança de que os EUA e a China mantivessem negociações comerciais. Mas com ambos os lados agora se mostrando firmes em suas posições, Zaccarelli disse ele "não ficaria surpreso se nós devolvessemos todos os ganhos da semana passada".

O setor industrial, que tem carregado o fardo da guerra comercial, foi o de maior peso sobre o S&P, com uma queda de 1,3 por cento.

Setores sensíveis à taxa de juros como bens de consumo, que caiu 1,5 por cento, e setor imobiliário, queda de 1,9 por cento, estavam sob pressão antes da reunião de dois dias do Fed que começa na terça-feira e que deve acabar com uma alta na taxa de juros.

Após reorganização contábil, governo vê sobra de R$600 mi para cumprir regra de ouro em 2018

Por Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) - O governo passou a ver uma sobra de 600 milhões de reais para cumprir a regra de ouro este ano, apontaram os Ministérios da Fazenda e do Planejamento, após grande reorganização contábil que contou com a ajuda de 4,4 bilhões de reais devolvidos pelo Banco do Brasil a título de retorno de operação de crédito.

Na íntegra do relatório de receitas e despesas do 4º bimestre, o governo informou ter adquirido em 2011, com emissão de títulos públicos, parte da carteira dos contratos de renegociação do BB no âmbito do Pesa (Programa Especial de Saneamento de Ativos), destinado à securitização agrícola.

"Essa carteira tinha como garantia do principal títulos CTN (Certificados do Tesouro Nacional) com vencimento a partir de maio de 2018. Em 2018, o Tesouro Nacional iniciou o pagamento destes CTN com a devida transferência dos valores para o BB. Entretanto, como o credor do principal da dívida é o Tesouro, aquele banco passou a devolver os referidos valores para o Tesouro", trouxe o documento.

Antes, a previsão era de uma insuficiência de 98,4 bilhões de reais para o cumprimento em 2018 da regra constitucional, que determina que o governo não pode emitir dívida para pagar despesas correntes, como salários e aposentadorias.

"Para 2018, após a efetivação de diversas medidas, estima-se uma suficiência para cumprimento da regra de ouro", diz o relatório.

Mesmo no cenário anterior, o governo defendia que a regra seria honrada, pois ainda esperava o efeito positivo de medidas para fechar essa conta, incluindo eventual uso do resultado positivo do Banco Central do primeiro semestre, alavancado pela alta do dólar, possibilidade que havia cogitado apenas para 2019 anteriormente.

Diante da margem positiva estimada agora, o governo pontuou que o lucro contábil do BC ainda pode ser utilizado neste ano "para que se obtenha uma margem maior que possa acomodar eventuais frustrações em relação ao cenário básico".

"Vale destacar que a adoção de medidas para liberar fontes existentes que estão indisponíveis no caixa, principalmente devido a vinculações, pode criar meios para a execução de despesas orçamentárias que, de outra forma, teriam que ser financiadas por meio da emissão de dívida, com impacto negativo na regra de ouro", alertou.

Para chegar à sobra de 600 milhões de reais, o governo considerou uma série de medidas de equacionamento de que lançou mão este ano e que já havia mencionado antes, incluindo a devolução total de 130 bilhões de reais pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) ao Tesouro Nacional, além de 27,5 bilhões de reais de recursos do Fundo Soberano, que foi extinto.

O governo também contabilizou 17,4 bilhões de reais do Fundo Nacional de Desenvolvimento (FND), 6,7 bilhões de reais do Fundo de Fiscalização das Telecomunicações (Fistel) e mais 13,1 bilhões de reais com realocação orçamentária de recursos já disponíveis de concessões e permissões.

INSUFICIÊNCIA EM 2019

Para 2019, a insuficiência para cumprimento da regra de ouro segue projetada em 260,5 bilhões de reais, sendo que o governo pode utilizar o resultado positivo do BC de 169,3 bilhões de reais para diminuir esse buraco, levando-o a 91,2 bilhões de reais, disseram os ministérios no documento.

Entretanto, mesmo se recorrer ao expediente, o próximo governo eleito terá que obter no Congresso Nacional a aprovação de 258,2 bilhões de reais em crédito suplementar, apontou o relatório de receitas e despesas.

Isso porque a lei de diretrizes orçamentárias (LDA) aprovada para o ano que vem autorizou a inclusão de despesas condicionadas à aprovação de crédito suplementar independentemente da insuficiência da margem da regra de ouro de 2019.

"Assim, apesar de, na prática, o resultado positivo do Bacen do primeiro semestre de 2018 reduzir a margem de insuficiência da regra de ouro, em 2019, o governo ainda precisará por força da LDO aprovar 258,2 bilhões de reais de crédito suplementar", disse o relatório.

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Fonte:
Reuters

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