Dólar tem nova queda e termina a R$ 3,71 ecoando eleições; Peso argentino sofre rali

Publicado em 09/10/2018 17:10

Por Claudia Violante

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar teve mais uma sessão de forte queda e terminou em 3,71 reais nesta terça-feira, com os investidores ainda ecoando os resultados do primeiro turno das eleições, no domingo, que deram força às apostas de um presidente mais comprometido com as reformas.

O dólar recuou 1,47 por cento, a 3,7107 reais na venda, menor valor desde os 3,7071 reais de 3 de agosto. Foi a sexta queda em sete sessões neste mês, acumulando em outubro baixa de 8,09 por cento.

Na mínima da sessão, a moeda foi a 3,7017 reais. O dólar futuro caía 1,77 por cento.

"O otimismo doméstico está se sobrepondo ao exterior. É muito recente o resultado de domingo", disse o operador da H.Commcor Corretora Cleber Alessie Machado, acrescentando que o fato de o dólar ter fechado longe das mínimas na véspera favoreceu o movimento nesta sessão.

No domingo, o primeiro turno das eleições terminou com Jair Bolsonaro (PSL) com 46 por cento dos votos e Fernando Haddad (PT), que vai disputar com ele o segundo turno, com pouco mais de 29 por cento. Além disso, o partido de Bolsonaro terminou com a segunda maior bancada na Câmara dos Deputados.

A preferência do mercado financeiro por Bolsonaro é apoiada no seu coordenador econômico, o economista liberal Paulo Guedes, e a expectativa é de que eles imponham uma agenda de reformas, entre elas a da Previdência, corte de gastos e ajuste fiscal.

"Embora Bolsonaro tenha uma realidade que o coloca muito próximo de ser o vitorioso no próximo dia 28, o mercado deve reagir a quaisquer sinalizações de um segundo turno 'dividido', o que acaba por alimentar expectativas com o Datafolha de amanhã", acrescentou Alessie Machado, citando a primeira pesquisa de intenção de voto após o primeiro turno.

Em entrevista a uma rádio nesta terça-feira, Bolsonaro voltou a reafirmar que acredita na democracia e criticou seu adversário, que, em sua opinião, seria tutelado num eventual governo pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Também falando a uma rádio, Haddad disse que o Ministério da Fazenda num eventual governo seu será comandado por um nome ligado à produção e com perfil diferente do economista Paulo Guedes, que chancela a área econômica de Bolsonaro.

No exterior, o dólar, que subiu parte da sessão ante a cesta de moedas, perdeu força e registrava pequena baixa à tarde. Também aliviou a pressão ante as divisas de países emergentes, favorecendo ainda mais o recuo ante o real.

As preocupações com o orçamento italiano e o corte das previsões de crescimento global feita pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), inclusive para o Brasil, em 2018 e 2019, influenciaram o humor dos agentes no exterior nesta terça-feira.

O Banco Central ofertou e vendeu integralmente nesta sessão 7,7 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares. Desta forma, rolou 2,695 bilhões de dólares do total de 8,027 bilhões de dólares que vence em novembro.

Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral.

Peso argentino amplia rali; crescem preocupações sobre dívida do banco central

Por Gabriel Burin

BUENOS AIRES (Reuters) - A moeda argentina ampliou seu rali de uma semana nesta terça-feira à medida que investidores se voltam em direção à dívida em peso oferecida pelo banco central a taxas de juros muito elevadas, ainda que economistas estejam preocupados com o crescente endividamento do banco.

O banco central começou a oferecer papéis de curto-prazo chamados de "Leliqs" a taxas de juros de cerca de 70 por cento no início do mês para encorajar bancos argentinos a investirem em ativos em peso em vez de buscar a segurança do dólar dos Estados Unidos. O dólar forte alimentou uma disparada na inflação na terceira maior economia da América Latina.

Ele foi negociado a 37,2 pesos por dólar nesta terça-feira. O peso subiu 11,2 por cento até o momento em outubro, incluindo o ganho de mais de 1 por cento desta terça-feira. Mas a divisa ainda opera em queda de mais de 50 por cento contra o dólar desde o início do ano, com economistas independentes projetando ainda mais desvalorização do peso pela frente.

Economistas, no entanto, estão preocupados com as elevadas taxas de juros dos papéis e veem a emissão das novas Leliqs como uma manobra de risco que pode sair pela culatra e deixar o banco com muitas dívidas.

A cada nova venda das Leliqs, os passivos do banco crescem. A estratégia ainda pode se provar de sucesso se a esperada depreciação do peso ao longo do próximo ano aumentar o valor das reservas de dólar do banco.

Guido Lorenzo, um economista da consultoria local ACM, disse que o perigo é que a taxa de endividamento do banco central supere o ritmo no qual suas reservas de dólar estão depreciando.

"Se isso acontecer, o banco central vai terminar com algumas obrigações de dívida terrivelmente altas", disse Lorenzo.

Fonte: Reuters

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