Dólar sobe ante real com correção por noticiário eleitoral e à espera de Datafolha

Publicado em 10/10/2018 10:42

Por Claudia Violante

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar operava em alta ante o real nesta quarta-feira, em um movimento de correção após as quedas recentes alimentado pela inquietação com declarações do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) e à espera da pesquisa Datafolha de intenção de votos para o segundo turno da eleição.

Às 10:38, o dólar avançava 1,01 por cento, a 3,7482 reais na venda, depois de terminar a véspera em queda de 1,47 por cento, a 3,7107 reais, acumulando em outubro baixa de 8,09 por cento. O dólar futuro tinha alta de cerca de 0,8 por cento.

Na véspera, Bolsonaro falou a jornalistas sobre a reforma da Previdência, afirmando que a atual proposta do presidente Michel Temer dificilmente será aprovada.

"Eu, chegando lá, vou procurar o governo para aprovar uma reforma da Previdência que tenha aceitação do Parlamento e a população entenda como sendo justa e necessária", disse Bolsonaro, aventando a possibilidade de aumentar o tempo de serviço do serviço público.

Na avaliação do mercado, as declarações do candidato do PSL vão na contramão da visão de seu coordenador econômico, o economista liberal Paulo Guedes. A preferência do mercado por Bolsonaro é justamente apoiada em Guedes, com a expectativa de que eles imponham uma agenda de reformas, corte de gastos e ajuste fiscal.

"Desta forma, ele se coloca numa posição de antagonismo à de seu assessor econômico, que é mais agressivo (no que se refere à reforma da Previdência)", explicou o superintendente da Correparti Corretora, Ricardo Gomes da Silva.

O deputado reeleito Onyx Lorenzoni (DEM-RS), cotado para assumir o Ministério da Casa Civil em um futuro governo Bolsonaro, já havia dito que, se eleito, Bolsonaro tratará da Previdência a partir de 1º de janeiro de 2019.

Desta forma, também pesava nos negócios a notícia da Folha de S.Paulo de que Guedes está sendo investigado pelo Ministério Público Federal em Brasília por suspeita de associar-se a executivos ligados a PT e MDB para praticar fraudes em negócios com fundos de pensão de estatais.

"Tudo ainda é muito incipiente. Se o mercado estivesse mais estressado, o dólar estaria muito mais pressionado", completou Gomes da Silva, para quem "o viés segue sendo de baixa para o dólar porque o mercado ainda crê na vitória de Bolsonaro no segundo turno".

Sob a influência do noticiário eleitoral, o mercado aguarda ainda a divulgação, às 19h, de pesquisa Datafolha, a primeira após o primeiro turno da eleição presidencial.

No exterior, o dólar também subia ante as divisas de países emergentes, como o rand sul-africano e o peso mexicano. Ante a cesta de moedas, o dólar tinha leve queda.

O Banco Central realiza nesta sessão leilão de até 7,7 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares para rolagem do vencimento de novembro, no total de 8,027 bilhões de dólares.

Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Confederação de municípios estima prejuízos acima de R$ 4,6 bi no RS
Enchentes afetam abastecimento de combustíveis no RS; refinaria da Petrobras "sem acesso"
BC suspende medidas executivas contra devedores do Rio Grande do Sul por 90 dias
Brasil diz que fechou acordo com Paraguai sobre tarifa de Itaipu
Ações europeias fecham em picos recordes com impulso do setor financeiro