Vale prevê venda de minério de ferro acima de US$ 90/t em 2019 com forte demanda da China, diz CFO

Publicado em 02/11/2018 09:39

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Por Marta Nogueira e Alexandra Alper

RIO DE JANEIRO (Reuters) - Os preços do minério de ferro vendido pela Vale deverão continuar fortes em 2019, acima dos 90 dólares por tonelada, com a mineradora tirando proveito de prêmios pelo seu produto de maior qualidade, afirmou à Reuters o diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da maior produtora global da commodity, Luciano Siani.

O patamar, sustentado com forte demanda da China pelo produto da Vale, ocorrerá apesar das tensões comerciais do país asiático, seu principal cliente, com os Estados Unidos.

Siani pontuou ainda que a demanda firme deverá sustentar os atuais preços de referência do mercado internacional em torno de 60 a 70 dólares por tonelada por minério de média qualidade ao longo do próximo ano. Atualmente, os valores estão mais altos.

"O que vai definir a demanda por minério de ferro é a continuidade da urbanização, dos investimentos em infraestrutura da China, da produção de automóveis, maquinário", disse Siani, acrescentando que o governo chinês tende a estimular a demanda interna para dar impulso à economia.

"A chamada 'fly to quality' da China é inexorável."

Ainda assim, ele reconheceu ser difícil prever os preços de sua principal commodity para além de 2019.

Os contratos futuros do minério de ferro na China subiram para o maior nível em quase oito meses na segunda-feira, impulsionados por uma demanda firme pela matéria-prima do aço no maior consumidor global e com uma queda de estoques nos portos chineses na semana passada.

A campanha da China em busca de reduzir a poluição, cortando produção de siderúrgicas mais poluentes, aumentou a necessidade de minério de ferro de alta qualidade, em busca de maior produtividade e redução de emissões, abrindo a porta para fornecedores como a Vale.

SAMARCO

Ao receber a Reuters na sede da Vale no Rio de Janeiro, Siani também revelou que um plano de negócios para a Samarco, uma joint venture entre a companhia e a BHP Billiton, foi distribuído aos credores da empresa nesta semana, um passo fundamental para a retomada das operações da empresa, atualmente prevista para 2020.

A expectativa é que, com o plano de negócios, a Samarco possa começar a renegociar as suas dívidas, não detalhadas por Siani. Em 2017, a Samarco informou que havia cerca de 3,8 bilhões de dólares em dívidas, sendo 1,6 bilhão com bancos e 2,2 bilhões com detentores de bônus.

"Os credores receberam essa semana o plano de negócios da Samarco, vão fazer as suas diligências, vão contratar os seus consultores, vão começar a haver rodadas de negociações", afirmou Siani, sem informar prazos.

As atividades da Samarco estão paralisadas há cerca de três anos, quando uma barragem de rejeitos de minério de ferro em Mariana (MG) se rompeu, deixando 19 mortos, centenas de desabrigados e poluindo o rio Doce, que percorre diversas cidades até atingir o mar capixaba.

Em junho, a Samarco e suas controladoras assinaram um importante acordo de governança com o Ministério Público Federal e outras autoridades a respeito de decisões relativas a compensações dos atingidos, naquele que foi considerado o maior desastre socioambiental do país. O acordo trouxe mais clareza para a retomada da empresa.

"O plano de negócios estabelece as condições da retomada, como será o aumento da produção, quais os investimentos necessários, como é o fluxo de caixa da companhia, o que vai sobrar para pagar a dívida", adiantou Siani, que evitou apresentar detalhes.

O executivo pontuou que a empresa precisará de soluções alternativas para depositar os rejeitos, além de uma cava que já está em construção. Uma possibilidade é construir meios de filtrar o rejeito da empresa, para empilhar uma parte e diminuir o volume. "Esses detalhes fazem parte do plano", pontuou.

METAIS BÁSICOS Em meio às boas notícias sobre o minério de ferro, a empresa tem antecipado também um bom cenário futuro para o mercado de metais básicos, aguardando um aumento de preços de níquel nos próximos anos, como resultado de uma esperada demanda para a fabricação de baterias para carros elétricos.

Por enquanto, vem trabalhando para agregar mais valor aos seus ativos, incluindo a busca por um parceiro para investir em seu ativo de níquel e cobalto Vale Nova Caledônia (VNC), localizado em ilha do Pacífico Sul. Chegou a haver especulação no mercado sobre a possibilidade de hibernar o projeto.

"Eu diria que o pêndulo está oscilando mais na direção de manter o ativo (operacional) devido à sua importância estratégica para o mercado de veículos elétricos", disse Siani, acrescentando que precisaria investir 350 milhões de dólares, em três anos, na expansão do sistema de depósito de rejeitos da VNC.

Em uma teleconferência na semana passada, o diretor-presidente da empresa, Fabio Schvartsman, disse que a Vale terá notícias sobre VNC em breve. Acima do orçamento e com anos de atraso quando finalmente começou em 2010, o projeto acumulou quase 1,3 bilhão de dólares em perdas entre 2014 e 2016.

Siani também descartou investir em lítio, reiterando que a empresa está estudando aquisições de ativos pequenos, portanto de baixo valor, próximos a operações da empresa e que podem ser integrados facilmente.

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Fonte:
Reuters

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