Gasolina da Petrobras volta a cair; mercado vê margens melhores na distribuição

Publicado em 12/11/2018 20:29

SÃO PAULO (Reuters) - O preço médio da gasolina nas refinarias da Petrobras voltará a cair na terça-feira, ao menor nível desde o início de abril, enquanto as frequentes reduções nos valores nas últimas semanas não estão sendo repassadas para as bombas, o que indica que distribuidores e revendendores estão recompondo margens.

Conforme a petroleira, o valor do combustível fóssil diminuirá 0,71 por cento em suas refinarias frente o praticado nesta segunda-feira.

Em novembro, a gasolina da Petrobras já acumula queda de quase 11 por cento. Em relação às máximas vistas em meados de setembro, o tombo é de 26,2 por cento.

Os sucessivos cortes da Petrobras seguem-se ao enfraquecimento do dólar ante o real e das referências internacionais do petróleo, fatores utilizados pela companhia em sua sistemática de reajustes diários.

Nos postos, contudo, o movimento é bem mais tímido. Nas últimas duas semanas, o recuo foi de 1,4 por cento, para 4,658 reais por litro, praticamente estável ante o observado em setembro, de acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

"Só em novembro, o preço da gasolina caiu mais ou menos 20 centavos nas refinarias. Considerando-se fatores técnicos, de mistura (de etanol anidro), a queda nos postos deveria ser de 14 centavos", calculou Bruno Valêncio, diretor da consultoria especializada em combustíveis Valêncio.

"Existe uma possibilidade de essa redução (nas refinarias) ter virado margem para as distribuidoras", avaliou.

Na mesma linha, o diretor da comercializadora Bioagência, Tarcilo Rodrigues, também disse que "o momento é de recomposição de margem da cadeia".

"A cadeia está tentando segurar essa descida (da gasolina) com o objetivo de recompor margem, tanto a revenda (posto) quanto a distribuição", afirmou, ressaltando que o valor do etanol anidro, misturado ao derivado do petróleo, não está exercendo influência por ora.

"Embora a participação seja de 27 por cento na base (da gasolina), o etanol anidro também está em queda."

Com efeito, monitoramento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, mostra que o preço do biocombustível nas usinas de São Paulo, referência para o país, caiu 4,5 por cento nas últimas duas semanas, embora esteja 3,6 por cento acima do alcançado em meados de setembro.

 

OUTRO LADO

Procurada pela Reuters, a Fecombustíveis, que representa os interesses de cerca de 40 mil postos revendedores de combustíveis do país, disse que o repasse do menor custo nas refinarias "não acontece na mesma velocidade e proporção nas bombas" devido ao funcionamento da cadeia de combustíveis.

"Pelas regras atuais, os postos não podem comprar gasolina e diesel direto das refinarias, compram apenas das companhias distribuidoras, que são responsáveis por toda a logística do abastecimento nacional em todos os estados brasileiros... Os preços da revenda estão ligados diretamente aos preços das companhias distribuidoras, ou seja, se elas reduzirem, os postos, consequentemente, também repassam a redução", afirmou a entidade, em nota.

"Vale destacar que os preços dos combustíveis são livres em todos os segmentos. A Fecombustíveis não interfere no mercado. Cabe a cada posto revendedor decidir se irá repassar ou não as quedas ao consumidor, de acordo com suas estruturas de custo", acrescentou.

Também procurada, a Plural, associação que responde pelas distribuidoras, afirmou que "cada litro de gasolina, etanol ou diesel vendido no país tem seu preço composto por cinco parcelas distintas", sendo estas de custo de produção, de logística, de tributos federais, de tributo estadual e de margem dos distribuidores e dos revendedores.

"A exemplo da gasolina, apenas duas dessas variáveis, custo do produto e tributos, são responsáveis por mais de 80 por cento do preço final, e a margem média dos distribuidores representa menos de 5 por cento", afirmou a Plural, citando informações da ANP e do Ministério de Minas e Energia.

Conforme a Plural, vários desses custos registraram aumento nos últimos meses.

No caso do ICMS, por exemplo, disse a associação, cada Estado tem sua própria alíquota e seu preço de pauta, que é divulgado a cada 15 dias.

Nos últimos 11 meses o aumento acumulado na média Brasil do ICMS da gasolina foi de 14 por cento, segundo a Plural.

Atualmente, a reguladora ANP realiza uma consulta pública sobre transparência dos preços dos combustíveis nos postos. A expectativa é concluir a regulamentação disso ainda neste ano.

Bunge investe em núcleo de mudas de cana para elevar produtividade

SÃO PAULO (Reuters) - A Bunge Açúcar & Bioenergia, uma das maiores empresas do setor sucroenergético do Brasil, com oito usinas no país, está investindo em produção própria de mudas de cana, com o objetivo de ampliar a produtividade de seu canavial, informou a empresa.

A divisão de açúcar e bioenergia da Bunge, cuja processo de oferta de ações no Brasil está em suspenso, aguardando melhora das condições do mercado, informou que investiu mais de 2 milhões de reais na criação de um Núcleo de Produção de Mudas Pré-Brotadas (MPB), inaugurado este mês na Usina Moema, em Orindiúva (SP).

A unidade da Bunge disse que, desde 2013, mantém anualmente investimentos relevantes nos canaviais, destinados ao aumento da fertirrigação, controle de pragas, introdução de novas variedades, adubação complementar e redução de pisoteio nas atividades mecanizadas.

"Com esses investimentos, a produtividade dos canaviais plantados após o ano de 2013 apresenta aumento superior a 25 por cento em relação ao período que antecede essas novas práticas agronômicas", completou a empresa em nota.

Com tais investimentos, a companhia, com capacidade de moagem de 22 milhões de toneladas por ano, busca se diferenciar de um setor que vem enfrentando fracas produtividades agrícolas, em meio a problemas climáticos e baixos investimentos nos canaviais, especialmente por parte das empresas mais endividadas.

De acordo com a Bunge, o primeiro viveiro com a nova tecnologia possui capacidade inicial de 3,5 milhões de mudas e atenderá as oito usinas da companhia no país. A empresa destacou ainda que, até 2020, a estimativa é de que a capacidade de produção seja duplicada.

A companhia explicou que o núcleo permitirá maior adoção do plantio via meiosi, que pode chegar a até 45 por cento do total em 2019. Esse processo é mais produtivo e beneficia tanto a operação quanto o cultivo.

"Atualmente, 15 por cento do nosso plantio é feito via meiosi... reduzindo o custo da formação do canavial, em razão da eliminação da necessidade de transporte da muda. Com o viveiro, vamos intensificar esse procedimento que passará a ser aplicado em até 45 por cento da plantação no próximo ano", disse Geovane Consul, VP da Bunge Açúcar & Bioenergia, em nota.

O período de produção das mudas é de cerca de 60 dias, e a empresa disse que prevê plantar uma área anual de 350 hectares de novas plantas.

Com a implantação do sistema e a ampliação de plantio via meiosi, a companhia prevê também redução de até 80 por cento nos custos com logística de muda, com formação de lavoura pelo melhor planejamento de viveiros.

As oito usinas da Bunge estão localizadas nas regiões Sudeste, Norte e Centro-Oeste do país. Cinco unidades formam um cluster, gerando economias de escala e sinergias para o negócio.

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Fonte:
Reuters

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