Conselho de Segurança Nacional dos EUA elogia Bolsonaro por "posição" contra Cuba

Publicado em 17/11/2018 08:12

(Reuters) - O Conselho Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSC, na sigla em inglês), um órgão de assessoria direto do presidente norte-americano, elogiou nesta sexta-feira o presidente eleito Jair Bolsonaro pela "posição" que ele adotou contra o governo cubano na questão do programa Mais Médicos.

"Elogiamos o presidente eleito do Brasil, @JairBolsonaro, por tomar posição contra o regime cubano por violar os direitos humanos de seu povo, incluindo médicos enviados para o exterior em condições desumanas", escreveu o órgão, em português, em sua conta no Twitter, logo após um texto com o mesmo teor em inglês.

Na mesma rede social, Bolsonaro agradeceu o elogio do NSC em inglês.

Nesta semana, o governo de Cuba anunciou que o país retirará os médicos cubanos do Mais Médicos por declarações de Bolsonaro que o governo da ilha considerou depreciativas e ameaçadoras e por conta do desejo do presidente eleito de mudar os termos do acordo que garante a presença dos médicos cubanos no Brasil.

Bolsonaro respondeu que Cuba rejeitou suas condições para que o país seguisse no programa, entre elas a de que o salário pago fosse totalmente repassado aos médicos. O presidente eleito também questionou a capacitação dos médicos cubanos e comparou a forma de trabalho deles no Brasil ao regime escravo.

O elogio público do NSC a Bolsonaro é mais um episódio de aproximação entre o presidente eleito e a gestão do presidente dos EUA, Donald Trump, com quem Bolsonaro falou ao telefone no dia em que venceu a eleição presidencial.

Além disso, o presidente eleito escolheu para chefiar o Ministério das Relações Exteriores o embaixador Ernesto Araújo, um declarado admirador de Trump.

Bolsonaro diz que médicos cubanos têm situação de quase escravidão e reitera promessa de asilo

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O presidente eleito Jair Bolsonaro disse nesta sexta-feira que os médicos cubanos que trabalham no Brasil por meio do programa Mais Médicos são submetidos a situação de quase escravidão, e reiterou que aqueles que pedirem asilo político no Brasil serão atendidos por seu governo.

"É uma situação de praticamente escravidão que estão sendo submetidos os médicos e as médicas cubanas no Brasil. Imaginou confiscar da senhora 70 por cento do seu salário?", disse Bolsonaro a jornalistas em entrevista coletiva durante visita ao 1º Distrito Naval, no centro do Rio de Janeiro.

"Cubano que pedir asilo aqui justifica, no meu entender, pela ditadura da ilha, terá o asilo concedido da minha parte", acrescentou.

O governo cubano anunciou na quarta-feira que vai retirar todos os médicos do país que participam do Mais Médicos depois que Bolsonaro afirmou que vai modificar os termos da iniciativa e estabeleceu condições ao governo cubano.

Nesta sexta-feira, Bolsonaro repetiu as exigências e afirmou ter ouvido "barbaridades" sobre os médicos cubanos.

"Eu não sou presidente ainda, mas se fosse exigiria isso. Um Revalida presencial, assistir o médico atender o povo, porque o que nós temos ouvido, de muitos relatos, são verdadeiras barbaridades", afirmou. "Queremos o salário integral e queremos o direito a trazer a família para cá. Isso é pedir muito?".

Como parte do programa Mais Médicos, os profissionais de Cuba ficam com 25 por cento dos mais de 3.000 dólares pagos pelo Brasil à ilha por cada médico por mês, com 75 por cento ficando com o governo de Havana.

A Confederação Nacional de Municípios (CNM) lamentou a decisão de Cuba e afirmou que a situação pode levar a um "estado de calamidade pública" em regiões brasileiras onde há escassez ou até ausência de atendimento médico.

Segundo a CNM, 1.575 municípios atendidos pelo Mais Médicos contam apenas com médicos cubanos, que atendem em todo o Brasil mais de 28 milhões de pessoas.

"Nesse sentido, a CNM aposta no diálogo entre as partes para os médicos cubanos permanecerem no país pelo menos até o final deste ano ou, se possível, por tempo maior a ser acordado entre os dois países", afirmou a confederação na quinta-feira em comunicado.

Para substituir os 8.332 médicos cubanos que deixarão o país ainda este ano, o Ministério da Saúde realizará edital para selecionar profissionais brasileiros, que devem ser convocados ainda em novembro, informou a pasta em nota.

O ministério realizará reunião com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) nesta sexta-feira para finalizar a proposta do edital.

MARINHA

Ainda na visita desta sexta-feira ao 1º Distrito Naval, Bolsonaro afirmou, após se reunir com o comandante da Marinha, Eduardo Bacellar, que o almirante foi convidado para assumir o Ministério da Defesa, mas rejeitou o convite por questões pessoais.

Segundo Bolsonaro, o Bacellar estará em "nosso coração" durante todo tempo que ele permanecer na Presidência da República, mesmo sem ocupar formalmente um cargo no governo.

"Sempre o procurarei para que boas decisões sejam tomadas, em especial na área aqui da nossa Marinha", disse.

O general da reserva do Exército Fernando Azevedo e Silva foi anunciado na terça-feira como futuro ministro da Defesa.

Anteriormente, Bolsonaro havia falado em indicar alguém da Marinha para a pasta, uma vez que o próximo governo já tem diversos nomes do Exército e também um ministro da Aeronáutica.

(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier)

Fonte: Reuters

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