Discordância entre EUA e China domina cúpula em Papua Nova Guiné

Publicado em 18/11/2018 09:09

PORT MORESBY (Reuters) - Os Estados Unidos e a China trocaram farpas sobre comércio, investimentos e segurança regional na cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, neste sábado, com as crescentes falhas entre os integrantes sugerindo que há pouca perspectiva de consenso na reunião.

Falando na capital de Papua Nova Guiné, o vice-presidente americano Mike Pence disse que as tarifas americanas continuariam até que a China mudasse suas práticas, depois de o presidente Xi Jinping alertar que a sombra do protecionismo e do unilateralismo atrapalhava o crescimento global.

Ilustrando o impasse entre as duas maiores economias do mundo, um diplomata envolvido na negociação de uma declaração de líderes da APEC disse à Reuters que o comércio era um tema espinhoso, e que a nação sede estava tendo problemas para encontrar uma linguagem aceitável para todos.

Pence atacou diretamente o programa "Cinto e Estrada" do presidente Xi, que a China tem promovido às nações do Pacífico na APEC, dizendo que os países não deveriam aceitar dívidas que comprometessem sua soberania.

"Não oferecemos um cinturão constritivo ou uma via de mão única", disse Pence à cúpula de executivos da APEC, uma precursora da reunião oficial de líderes, realizada em um navio de cruzeiro ancorado em Fairfax Harbour, em Port Moresby.

As tentativas da China de ganhar amigos no Pacífico, rico em recursos, estão sendo observadas com cautela pelas potências que tradicionalmente têm influência na região --Austrália e Estados Unidos.

O presidente norte-americano, Donald Trump, não comparecerá à reunião da APEC, nem seu equivalente russo, Vladimir Putin.

Xi, hospedado em Port Moresby, tem sido festejado por oficiais de Papua Nova Guiné e causou preocupação ao Ocidente, na sexta-feira, quando realizou uma reunião com líderes das ilhas do Pacífico, na qual promoveu sua iniciativa "Cinto e Estrada".

Falando antes de Pence, Xi disse que não havia uma agenda geopolítica por trás do projeto, que foi revelado em 2013 e que busca reforçar uma rede de conexões, por terra e por mar, entre o Sudoeste Asiático, a Ásia Central, o Oriente Médio, a Europa e a África.

"Não exclui ninguém. Não é um clube exclusivo fechado para quem não é membro, nem uma armadilha, como algumas pessoas rotularam".

Há preocupações de que países pequenos que aderiram aos projetos de infraestrutura fiquem com o fardo de dívidas que não possam pagar, o que foi sublinhado por Pence.

"Não aceite uma dívida externa que possa comprometer sua soberania. Proteja seus interesses. Preserve sua independência. E, como os Estados Unidos, sempre coloque o seu país primeiro", disse.

Apec não chega a consenso com maior divisão entre EUA e China

 

PORT MORESBY (Reuters) - Líderes da região Ásia-Pacífico não conseguiram chegar a um acordo em um encontro em Papua Nova Guiné neste domingo pela primeira vez em sua história, uma vez que expressivas divergências entre os Estados Unidos e a China sobre comércio e investimentos minaram o ambiente de cooperação.

A competição entre norte-americanos e chineses pelo Pacífico também foi colocada em foco, com Washington e seus aliados ocidentais adotando uma resposta coordenada ao programa chinês 'Belt and Road'.

"Você conhece os dois grandes gigantes da sala", disse o primeiro-ministro Peter O'Neill, de Papua Nova Guiné, em entrevista coletiva, quando perguntado sobre qual dos 21 membros do grupo de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec) poderia não chegar a um acordo.

O'Neill, que presidiu a reunião, disse que o ponto crítico era se a menção da Organização Mundial do Comércio (OMC) e sua possível reforma deveriam estar na Declaração dos Líderes.

"A Apec não tem carta sobre a Organização Mundial do Comércio, isso é um fato. Essas questões podem ser levantadas na Organização Mundial do Comércio."

A estrutura multilateral de comércio em que a Apec foi criada em 1989 para proteger está desmoronando à medida que o posicionamento chinês no Pacífico e as tarifas dos EUA pressionam as relações na região e dividem as lealdades.

Uma declaração de líderes foi emitida após cada reunião anual de líderes da Apec desde a primeira em 1993, mostra o site do grupo.

O'Neill disse que, como anfitrião da Apec, ele divulgaria uma declaração do presidente, embora não esteja claro quando.

O presidente dos EUA, Donald Trump, não compareceu à reunião e nem seu colega russo, Vladimir Putin. O vice-presidente dos EUA, Mike Pence, esteve presente no lugar de Trump.

O presidente chinês, Xi Jinping, chegou na quinta-feira e foi homenageado por autoridades da Papua Nova Guiné. Ele alimentou a preocupação ocidental na sexta-feira, quando conheceu os líderes das ilhas do Pacífico para apresentar sua iniciativa 'Belt and Road' - proposta pela primeira vez em 2013 para expandir as ligações terrestres e marítimas entre a Ásia, a África e a Europa, com bilhões de dólares em investimento em infraestrutura da China.

Os Estados Unidos e seus aliados Japão, Austrália e Nova Zelândia reagiram no domingo com um plano de 1,7 bilhão de dólares para entregar eletricidade confiável e internet para a Papua Nova Guiné.

Wang Xiaolong, funcionário do alto escalão da área econômica da delegação chinesa na Apec, disse que o fracasso quanto a uma declaração conjunta "não é exatamente um ponto de discórdia entre dois países em particular".

A maioria dos membros afirmou seu compromisso com a preservação do sistema multilateral de comércio e apoiou uma OMC robusta e eficiente, disse ele.

"Falando francamente, estamos em um estágio muito inicial dessas discussões e diferentes países têm ideias diferentes sobre como levar esse processo adiante", disse Wang.

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Fonte:
Reuters

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