Dólar sobe ante real com maior aversão ao risco no exterior

Publicado em 04/12/2018 17:42

LOGO REUTERS

Por Claudia Violante

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar terminou a terça-feira em alta ante o real, sob influência da maior aversão ao risco no mercado internacional, em meio a preocupações com a economia norte-americana e a guerra comercial Estados Unidos-China.

O dólar avançou 0,44 por cento, a 3,8592 reais na venda, depois de bater a mínima de 3,8182 reais. Na máxima, com a piora do mercado, bateu em 3,8686 reais. O dólar futuro tinha alta de cerca de 0,50 por cento.

"A queda abrupta nos juros de dez anos nos Estados Unidos está preocupando o mercado, o que dá para pensar que a questão de risco está motivando uma corrida para o dólar", avaliou o economista-chefe da corretora Spinelli, André Perfeito.

Ele se referia à inversão na curva de juros norte-americana algo que não ocorria há uma década, o que levantou preocupações sobre uma possível recessão no país.

A inversão dos retornos dos papéis de dois e dez anos precedeu as últimas três recessões norte-americanas. Até agora, essa inversão não ocorreu, mas o retorno do papel de 10 anos registrava a menor diferença acima do de dois anos em mais de uma década.

Além das preocupações com uma recessão --ou desaceleração--da economia norte-americana, temores sobre a frágil trégua comercial entre Estados Unidos e China no final de semana e uma questão geopolítica envolvendo a Rússia também ajudaram a azedar o humor dos agentes.

O presidente Donald Trump disse que se um acordo comercial com a China for possível, ele será feito, mas que se ambos os lados não resolverem as disputas, ele recorrerá a tarifas.

Já a Otan acusou formalmente a Rússia nesta terça-feira de violar o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF, na sigla em inglês), de 1987, que livrou a Europa de mísseis nucleares baseados em terra. E os EUA deram um ultimato de 60 dias aos russos.

Mais cedo, o dólar recuava ante o real num movimento patrocinado pelo exterior, com a percepção de menos juros nos Estados Unidos, e ainda com nova atuação do Banco Central.

"O dólar perdendo terreno contra as principais divisas globais (parece ser um) movimento que indica remeter ao (banco central dos EUA) Fed e a (chairman) Jerome Powell mais cautelosos em termos de aperto monetário pelos EUA", escreveu a corretora H.Commcor para justificar o movimento de mais cedo.

No exterior, o dólar tinha leve baixa ante a cesta de moedas, depois de subir no momento de maior tensão, e avançava ante outras moedas emergentes como o peso mexicano.

O Banco Central fez nesta terça-feira mais dois leilões de linha --venda com compromisso de recompra--, onde colocou integralmente a oferta de 1 bilhão de dólares, com o objetivo de dar liquidez ao mercado. No final de novembro, a autoridade já havia injetado 3 bilhões de dólares em novos leilões de linha, além de ter rolado todo o vencimento de 1,250 bilhão de dólares que venciam neste dia 4.

O BC vendeu nesta sessão 13,83 mil contratos de swap cambial tradicional, equivalente à venda futura de dólares. Desta forma, rolou 1,383 bilhão de dólares do total de 10,373 bilhões de dólares que vence em janeiro.

Se mantiver essa oferta diária e vendê-la nas próximas três semanas, como previu o BC, terá feito a rolagem integral.

Um profissional comentou que a ausência da referência norte-americana na quarta-feira, já que os mercados não funcionarão por causa do luto pela morte do ex-presidente George Bush, também pode ter ocasionado um movimento de proteção.

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Fonte:
Reuters

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário