Dólar termina com leve alta com ação do BC e exterior; Ibovespa em alta de 0,6%

Publicado em 11/12/2018 17:05

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Por Claudia Violante

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar terminou a terça-feira com leve alta, com a atuação do Banco Central no mercado de câmbio atenuando as preocupações do exterior reforçadas no período vespertino pelo Brexit e ameaças do presidente Donald Trump de paralisação do governo norte-americano.

O dólar avançou 0,05 por cento, a 3,9207 reais na venda, depois de bater a mínima de 3,8892 reais logo após a abertura. Na máxima, esta tarde, foi a 3,9239 reais. O dólar futuro rondava a estabilidade.

"É muita indefinição. Ninguém tem a menor ideia de qual será o resultado e isso traz ansiedade e cautela", disse o diretor da corretora Mirae Asset, Pablo Spyer.

Ele se referia à notícia de que parlamentares do partido da primeira-ministra britânica, Theresa May, estão confiantes de que conseguiram o número suficientes de cartas para provocar um voto de não confiança sobre a liderança da premiê, disse a sub-editora de política da emissora Sky News nesta terça-feira.

May tem encontrado dificuldades no acordo para o Reino Unido deixar a União Europeia. Depois de ter conseguido chegar a um consenso com o bloco europeu, corria o risco de não aprovar o texto no Parlamento no país. Na véspera, temendo uma derrota, preferiu suspender a votação do texto que iria à votação nesta terça-feira.

Mais cedo, um porta-voz de May disse que o acordo seria colocado em votação em 21 de janeiro.

A notícia sobre o voto de não-confiança acabou reacendendo a cautela nos negócios globais e fazendo o dólar subir ante as divisas emergentes, como o peso chileno, e a apagar a queda ante real. A moeda também subia ante a cesta de moedas

O movimento ganhou reforço com ameaças de Trump, de que preferia uma paralisação do governo a ficar sem recursos para construir um muro na fronteira com o México.

Internamente, o dólar subiu 2 por cento nas últimas cinco sessões e terminou na véspera no maior valor desde 2 de outubro, o que levou o Banco Central a anunciar um novo leilão de linha --venda com compromisso de recompra --, ajudando na resiliência da moeda local.

"Tudo indica que a intervenção do BC será capaz de conter a pressão sobre a moeda estrangeira, sinalizando claramente que repetirá o movimento toda vez que fatores externos promoverem a desvalorização artificial da moeda nacional", escreveu mais cedo a corretora Correparti em relatório.

Para os analistas da corretora, o BC "manteve a coerência" ao chamar os leilões após a moeda norte-americana ter se aproximado do patamar de 3,95 reais.

O Banco Central vendeu integralmente mais 1 bilhão de dólares em linha, no quarto leilão de novos contratos feito desde o final de novembro pela autoridade, que ainda rolou mais 1,25 bilhão de dólares que venciam no início deste mês. Em novos contratos, foram 4 bilhões de dólares até o momento.

"A preocupação é que a tensão externa se some ao período onde as empresas direcionam recursos para suas matrizes e a intervenção visa dar liquidez e segurar um pulo mais forte do dólar ante o real na reta final do ano", escreveu o analista da corretora Mirae Pedro Galdi.

Além do Brexit, outras preocupações que içaram recentemente a moeda norte-americana ainda não se dissiparam, entre eles a desaceleração econômica global, guerra comercial entre Estados Unidos e China e o Brexit.

Nesta tarde, o Washington Post informou, citando autoridades dos EUA, que o governo Donald Trump vai condenar a China por hacking e espionagem econômica e tomará medidas contra a nação asiática usando sanções e indiciamentos. [L1N1YG1BD]

Mais cedo, China e EUA discutiram o roteiro para o próximo estágio de suas negociações comerciais, durante uma ligação telefônica entre o vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, e o secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, e o representante de Comércio dos EUA, Robert Lighthizer, o que ajudou a aliviar os mercados.

Internamente, os investidores seguiam monitorando o noticiário político local, a poucos dias de ter início o novo governo.

O BC vendeu nesta sessão 13,83 mil contratos de swap cambial tradicional, equivalente à venda futura de dólares. Desta forma, rolou 4,84 bilhões de dólares do total de 10,373 bilhões de dólares que vence em janeiro.

Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final da semana que vem, terá feito a rolagem integral.

Ibovespa fecha em alta de 0,6% no fim de sessão volátil

SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da bolsa paulista fechou em alta nesta terça-feira, após alternar alta e baixa na parte da tarde, na esteira da volatilidade no cenário externo e últimos ajustes para os vencimentos de opções do Ibovespa e do índice futuro.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa teve alta de 0,59 por cento, a 86.419,57 pontos, após oscilar da mínima de 85.583,05 pontos à máxima de 87.520 pontos. O volume financeiro somou 13 bilhões de reais.

A alta acontece após três pregões de perdas, período em que o Ibovespa acumulou queda de 3,5 por cento.

Na quarta-feira, acontecem os vencimentos dos contratos de opções sobre o Ibovespa e do índice futuro.

"O movimento foi bastante errático, refletindo em parte a alta volatilidade da bolsa norte-americana e a ausência de gatilhos relevantes no cenário doméstico neste fim de ano", avaliou o Gestor Igor Lima, da Galt Capital.

Em Wall Street, o S&P 500 e o Dow Jones caminhavam para um fechamento positivo após sobe e desce com notícias envolvendo a relação comercial EUA-China.

DESTAQUES

- ITAÚ UNIBANCO PN teve alta de 0,9 por cento, enquanto BRADESCO PN subiu 1,16 por cento, recuperando-se de fortes perdas na véspera. SANTANDER BRASIL UNIT caiu 1,47 por cento, em sessão com reunião do banco com investidores em São Paulo.

- VALE valorizou-se 0,8 por cento, alinhada ao movimento de ações de mineradoras nos mercados europeus.

- GOL PN disparou 13,04 por cento, ganhando fôlego após notícias de que a rival Avianca Brasil entrou com pedido de recuperação judicial. AZUL PN, que não está no Ibovespa, subiu 6,51 por cento.

- ELETROBRAS ON encerrou com acréscimo de 3,91 por cento e ELETROBRAS PNB subiu 3,28 por cento. A elétrica estatal disse que liminar para suspender os efeitos do leilão de privatização de sua unidade de distribuição no Amazonas, na véspera, não invalida o seu resultado.

- LOJAS RENNER avançou 2,95 por cento, em sessão mais positiva para o setor de varejo como um todo, com MAGAZINE LUIZA subindo 2,4 por cento e RD encerrando com elevação de 3,37 por cento.

- SUZANO recuou 3,81 por cento, tendo no radar dados de preços de celulose, com analistas do Itaú BBA avaliando que tais cotações podem continuar com uma tendência de baixa no curto prazo, conforme nota a clientes.

- JBS caiu 3,4 por cento, com notícia sobre investigações envolvendo a controladora da companhia, a J&F, no pagamento de propina a parlamentares, servindo como pano de fundo para realização de lucros nos papéis.

- PETROBRAS recuou 0,64 por cento, enquanto a ação ON da companhia perde 0,63 por cento, mesmo em dia de alta das cotações do petróleo. A minuta do edital para contratar capacidade de transporte do Gasoduto Bolívia-Brasil deve ir a consulta pública apenas no fim de janeiro e não mais em dezembro, disse à Reuters um diretor da agência reguladora ANP. A concorrência deve-se à proximidade do vencimento do atual contrato entre Petrobras e a Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil, em 31 de dezembro de 2019.

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Fonte:
Reuters

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