FMI corta previsão de crescimento global, cita guerra comercial e fraqueza na Europa

Publicado em 21/01/2019 11:07

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Por Leika Kihara

DAVOS, Suíça (Reuters) - O Fundo Monetário Internacional cortou nesta segunda-feira suas previsões para o crescimento econômico global para 2019 e 2020, devido à fraqueza na Europa e em alguns mercados emergentes, acrescentando que a não resolução das tensões comerciais pode desestabilizar ainda mais a desaceleração da economia global.

Em seu segundo rebaixamento em três meses, o FMI também citou uma desaceleração maior do que o esperado na economia chinesa e um possível Brexit "sem acordo" como riscos para suas perspectivas, dizendo que isso pode piorar a turbulência nos mercados financeiros.

O FMI prevê que a economia global crescerá 3,5 por cento em 2019 e 3,6 por cento em 2020, uma queda de 0,2 e 0,1 ponto percentual, respectivamente, em relação às previsões de outubro.

As novas previsões, divulgadas antes do encontro dos líderes mundiais e executivos de empresas na estação de esqui suíça de Davos, mostram que as autoridades precisam apresentar planos para lidar com o fim de anos de sólido crescimento global.

"Os riscos para o crescimento global tendem a ser negativos. Uma intensificação das tensões comerciais, além das já incorporadas na previsão, continua sendo uma fonte importante de risco para as perspectivas", disse o FMI em uma atualização do seu relatório de Perspectiva Econômica Global.

"A maior incerteza na política comercial e as preocupações com a intensificação e retaliação podem reduzir o investimento das empresas, interromper as cadeias de suprimento e diminuir o crescimento da produtividade. As perspectivas reduzidas da lucratividade corporativa podem prejudicar o sentimento do mercado financeiro e enfraquecer ainda mais o crescimento".

Os cortes nas perspectivas refletem os sinais de fraqueza na Europa, com a Alemanha, uma potência exportadora, sendo prejudicada por novos padrões de emissão de combustível para carros e com a Itália sob pressão devido ao recente impasse orçamentário com a União Europeia.

O crescimento na zona do euro deve se moderar de 1,8 por cento em 2018 para 1,6 por cento em 2019, 0,3 ponto percentual abaixo do projetado há três meses, disse o FMI.

O órgão também reduziu sua previsão de crescimento em 2019 para países em desenvolvimento para 4,5 por cento, uma queda de 0,2 ponto percentual em relação à projeção anterior e uma desaceleração dos 4,7 por cento de 2018.

"Os mercados emergentes e as economias em desenvolvimento foram testados por difíceis condições externas nos últimos meses, em meio a tensões comerciais, aumento da taxa de juros dos EUA, valorização do dólar, saídas de capital e preços voláteis do petróleo", disse o FMI.

O FMI manteve suas projeções de crescimento dos EUA a 2,5 por cento este ano e 1,8 por cento em 2020, apontando para uma continuidade da força na demanda doméstica.

A autoridade monetária também manteve a previsão de crescimento da China em 6,2 por cento tanto em 2019 quanto em 2020, mas disse que a atividade econômica pode ficar abaixo das expectativas se as tensões comerciais persistirem, mesmo com os esforços do Estado para estimular o crescimento aumentando os gastos fiscais e os empréstimos bancários.

O FMI tem instado autoridades a realizarem reformas estruturais, enquanto a economia global desfruta de um crescimento sólido, com sua diretora-gerente, Christine Lagarde, recomendando "consertar o telhado enquanto o sol está brilhando". O FMI enfatizou a necessidade de abordar temas como a desigualdade de renda e reformar o setor financeiro.

No entanto, à medida que o ímpeto do crescimento aumenta e os riscos para as perspectivas se elevam, as autoridades devem agora se concentrar em medidas econômicas para evitar novas desacelerações, disse o FMI.

"A principal prioridade política compartilhada é que os países resolvam cooperativamente e rapidamente seus desacordos comerciais e a incerteza política, em vez de elevar ainda mais as barreiras prejudiciais e desestabilizar uma economia global já em desaceleração", acrescentou.

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Fonte:
Reuters

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