Sem influência do exterior, dólar sobe e bolsa cai por dúvidas quanto à Previdência

Publicado em 05/02/2019 09:35
Também o Copom abriu reunião para definir juros, com o mercado apostando na manutenção dos 6,5% da Selic

Sem bolsas asiáticas em ação pelo Ano Novo Lunar e um otimismo cauteloso quanto ao discurso do Estado de União de Donald Trump no Congresso americano, o Brasil deve ficar voltado mais para os ruídos em torno da reforma da Previdência e a expectativa da reunião que começa hoje (5) e termina amanhã que definirá a taxa de juros.

O dólar abriu em leve baixa, virou pouco acima da linha d'água, desceu novamente e desde o início da tarde se firmou em alta perto dos 0,30%, a R$ 3,68. O mesmo com a bolsa, que inverteu levemente, com o Ibovespa Futuro se descolando do campo positivo do mercado acionário dos Estados Unidos, enquanto o Índice Dólar (versus 6 moedas) também tem ganhos moderados. Na Europa, balanços positivos das empresas dão ganhos aos mercados locais.

O barril do petróleo Brent, depois de atingir a máxima ontem acima dos US$ 63,5 e fechar em US$ 62,51, experimentou nesta manhã brasileira o território negativo, e agora sobe comportado, pelo agravamento da crise venezuelana e o impacto cada vez mais sentido na produção, além da menor oferta já definida pelos grandes países produtores árabes mais Rússia. Mas está no radar a pouca margem para o petróleo sair dessa variação.

A commodity diretamente mais associado ao movimento do cru, o açúcar, segue estável depois dos 12.85 c/lp do março em Nova York na véspera.

Brasil

O vazamento pelo Broadcast/AE de que entre as propostas da Previdência está a que igualaria homens e mulheres agradou os agentes, mas dificilmente deverá ser encaminhada, inclusive com o vice-presidente Hamilton Mourão lembrando ser contra e tendo, segundo ele, a companhia do presidente Jair Bolsonaro.

A vitória de Davi Alcolumbre (DEM-AP) no Senado, cantada como favorável ao governo, também tem merecido cautela, dado que Renan Calheiros (MDB-AL), o grande derrotado, tem poder de fogo - no alinhamento com as oposições - para causar ruído quando as reformas chegarem à casa.

Para completar, o TSE pode atender o vice-procurador eleitoral e pedir a cassação por supostas irregularidades na prestação de contas de sua campanha em 2014.

Em todo caso, o ministro da Fazenda Paulo Guedes se reúne com as presidências do Congresso para negociar o encaminhando das propostas e o mercado vai ficar atento, com os militares ainda pressionando para ficarem de fora. Por sinal, Bolsonaro no seu texto de "boas vindas" ao Congresso neste dia 4 não fez nenhuma alusão ao ponto.

Nesta terça o Comitê de Política Monetária (Copom) estará discutindo, até amanhã, as taxas de juros, quando não se espera alteração dos 6,5% atuais, mas pode indicar detalhes sobre os rumos futuros da taxa Selic.

Estados Unidos

O compasso de espera nos Estados Unidos está dado na expectativa de que o presidente Trump acene com possibilidades de acordos entre Democratas e Republicanos em alguns pontos, entre os quais meios de financiar infraestrutura do país, a depender porém de como as tensões criadas em torno da construção do muro na fronteira mexicana serão equacionadas.

Hoje também sai alguns índices americanos atrasados, como o do setor de serviços, depois da paralisia parcial do governo por 35 dias.

Por: Giovanni Lorenzon
Fonte: Notícias Agrícolas

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