Vice dos EUA, Mike Pence, deve anunciar medidas concretas para crise na Venezuela nesta 2ª feira

Publicado em 24/02/2019 17:40

WASHINGTON (Reuters) - O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, deve anunciar "medidas concretas" e "ações claras" para tratar da crise na Venezuela ao se reunir nesta segunda-feira com líderes regionais em Bogotá, na Colômbia, disse uma autoridade sênior do governo norte-americano.

A autoridade recusou-se a comentar em que consistiriam as novas medidas antes do discurso de Pence uma cúpula do Grupo de Lima em torno das 15:30 (GMT), após reunir-se com o líder da oposição venezuelana, Juan Guaidó.

O encontro ocorre após comboios de ajuda humanitária terem sido impedidos de entrar na Venezuela por forças de segurança e gangues leais ao presidente Nicolás Maduro, que os EUA e a maioria das outras nações do Ocidente já não mais reconhecem como líder do país.

"O que aconteceu ontem não nos deterá de levar ajuda humanitária para dentro da Venezuela", afirmou a autoridade neste domingo falando com repórteres na condição de anonimato.

"O vice-presidente anunciará medidas concretas", disse a autoridade. "Você deve esperar que ele anuncie ações claras amanhã ao falar para o Grupo de Lima", acrescentou.

Na sexta-feira, outra autoridade sênior dos EUA disse a repórteres que Pence estaria preparado para anunciar novas sanções na reunião em Bogotá, se a ajuda humanitária fosse recebida com violência.

Pessoas atiram pedras em membros da guarda nacional venezuelana, na fronteira, visto de Pacaraima, Brasil 24 de fevereiro de 2019. REUTERS / Ricardo Moraes

Manifestantes e militares venezuelanos se enfrentam na fronteira com o Brasil (FOLHA DE S. PAULO)

Apesar de uma manhã tranquila neste domingo (24), a cidade de Pacaraima (RR), na fronteira com a Venezuela, voltou a viver momentos de tensão.

Em imagens de TV da Globo News, é possível ver um grupo de venezuelanos fazendo ataques, como arremessar pedras e queimar pneus, em provocação a militares do mesmo país que estão fazendo a segurança da fronteira com o Brasil.

Os militares responderam com gás lacrimogêneo e balas de borracha, aproximando-se da linha da fronteira.

As bombas atingiram os manifestantes venezuelanos e também jornalistas que estavam na região.

O Exército brasileiro retirou manifestantes do local e montaram um cordão de isolamento para evitar novos distúrbios.

"Estamos observando para que ninguém se fira; isso é um confronto entre civis e militares venezuelanos", afirmou o coronel Georges Feres Kanaan, próximo à divisa.

Kanaan afirmou que não haverá um reforço militar na zona, mas um dispositivo formado por efetivos dos três corpos de segurnaç que já estão no local — Polícia Federal, Polícia Rodoviária e Exército. 

Logo depois, reforços do Exército brasileiro e da Polícia Federal chegaram ao local para conter os ânimos e impediram a passagem de pessoas com uma linha de segurança —sem, porém, fechar a fronteira. 

Um ferido que levou uma pedrada e sofreu com a ação de gás lacrimogêneo foi atendido por uma ambulância que carregava uma bandeira branca.

Maduro enfrenta "cerco diplomático" após tropas venezuelanas barrarem ajuda humanitária

CARACAS/WASHINGTON (Reuters) - O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, pode enfrentar uma nova rodada de sanções, disseram líderes regionais neste domingo, após suas tropas terem impedido comboios estrangeiros de levar ajuda humanitária ao país, com o Brasil considerando o ato criminoso e pedindo que aliados se juntem em um "esforço de libertação".

Tropas leais a Maduro barraram violentamente os comboios de ajuda que tentaram entrar na Venezuela no sábado, deixando quase 300 feridos em confrontos com as forças de segurança e pelo menos três manifestantes mortos em protestos próximos à fronteira com o Brasil.

Juan Guaidó, reconhecido pela maioria das nações ocidentais como legítimo líder da Venezuela, pediu que as potências estrangeiras considerem "todas as opções" para depor Maduro, antes de uma reunião dos países do Grupo de Lima em Bogotá na segunda-feira, que terá a participação do vice-presidente norte-americano, Mike Pence.

Pence deve anunciar "medidas concretas" e "claras ações" no encontro para tratar da crise venezuelana, disse uma autoridade sênior do governo norte-americano neste domingo, recusando-se a fornecer mais detalhes.

"O que aconteceu ontem não nos deterá de levar ajuda humanitária para dentro da Venezuela", afirmou a autoridade falando com repórteres na condição de anonimato.

O Brasil, um peso-pesado da diplomacia na América Latina e maior economia da região, foi durante anos aliado vocal da Venezuela enquanto era governado pelo Partido dos Trabalhadores. Mas o país virou-se fortemente contra Maduro neste ano, depois que o presidente de extrema direita Jair Bolsonaro assumiu a presidência.

"O Brasil pede que a comunidade internacional, especialmente aqueles que ainda não reconheceram Juan Guaidó como presidente-interino, juntem-se ao esforço de libertação da Venezuela", disse o Ministério das Relações Exteriores do Brasil em nota.

Enquanto isso, o presidente da Colômbia, Iván Duque, denunciou em um tuíte a "barbaridade e a violência", dizendo que a cúpula de segunda-feira discutiria "como apertar o cerco diplomático à ditadura da Venezuela".

O ministro da Informação da Venezuela, Jorge Rodriguez, durante uma coletiva de imprensa neste domingo, comemorou o fracasso da oposição em levar ajuda ao país e chamou Guaidó de "um fantoche e uma camisinha usada".

Embora cerca de 60 membros das forças de segurança tenham desertado para a Colômbia no sábado, segundo as autoridades do país, a Guarda Nacional se manteve firme nos cruzamentos da fronteira. Outros dois membros da Guarda Nacional da Venezuela desertaram para o Brasil na noite de sábado, disse um coronel do Exército Brasil neste domingo.

"SELOU SUA DERROTA"

O Estado de Roraima informou que o número de venezuelanos sendo tratados por ferimentos à bala subiu de cinco para 18 nas últimas 24 horas. Este foi o resultado de constantes tiroteios, que incluíam homens armados e sem uniformes, ao longo do sábado na cidade Venezuela de Santa Elena, próxima à fronteira.

O Observatório da Violência Venezuelano, grupo local que monitora crimes, confirmou três mortes no sábado, todas em Santa Elena, e pelo menos 295 feridos em todo o país.

Embora o esforço de sábado tenha permitido que a oposição demonstrasse que Maduro está disposto a repelir a ajuda, muitos líderes oposicionistas pareciam desanimados e desapontados porque os alimentos e medicamentos não conseguiram entrar.

Durante uma visita à ponte na fronteira para avaliar danos, Duque disse aos repórteres que a fronteira permaneceria fechada por dois dias para reparos na infraestrutura e que a ajuda continuaria estocada.

"A ditadura selou sua derrota moral e diplomática ao mostrar ao mundo como persegue seu próprio povo com todos os tipos de violência", ele disse.

Brasil considera decisão de uso da força por Maduro como "criminoso"

SÃO PAULO (Reuters) - O governo brasileiro condenou os atos de violência perpetrados pelo regime de Nicolás Maduro nas fronteiras da Venezuela com o Brasil e com a Colômbia, que deixaram mortos e feridos no sábado, informou o Ministério das Relações Exteriores em nota.

"O uso da força contra o povo venezuelano, que anseia por receber a ajuda humanitária internacional, caracteriza, de forma definitiva, o caráter criminoso do regime Maduro", diz o comunicado na noite de sábado.

Na véspera, tropas venezuelanas leais a Maduro atiraram gás lacrimogêneo e balas de borracha contra apoiadores da oposição buscando levar ajuda humanitária estrangeira pela fronteira da Colômbia.

Os conflitos marcaram o agravamento da crise na Venezuela, onde Maduro enfrenta crescente pressão da comunidade internacional para renunciar ao poder, enquanto o líder da oposição Juan Guaidó é apoiado pela maioria dos países do Ocidente como líder legítimo do país.

"O Brasil apela à comunidade internacional, sobretudo aos países que ainda não reconheceram o presidente encarregado Juan Guaidó, a somarem-se ao esforço de libertação da Venezuela, reconhecendo o governo legítimo de Guaidó e exigindo que cesse a violência das forças do regime contra sua própria população", acrescentou o Ministério das Relações Exteriores brasileiro.

Pessoas atiram pedras em membros da guarda nacional venezuelana, na fronteira, visto de Pacaraima, Brasil 24 de fevereiro de 2019. REUTERS / Ricardo MoraesREUTERS / Ricardo Moraes/ direitos reservados
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Fonte:
Reuters

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