Prudência antes do Carnaval derruba Ibovespa abaixo de 95 mil pts

Publicado em 02/03/2019 05:20 e atualizado em 02/03/2019 06:24

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em queda de 1 por cento nesta sexta-feira, descolado de praças acionárias no exterior, tendo Petrobras entre as maiores pressões de baixa na esteira do recuo do petróleo e refletindo posições mais cautelosas antes de fim de semana prolongado no Brasil pelo Carnaval.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 1,03 por cento, a 94.603,75 pontos. O volume financeiro somou 13,44 bilhões de reais.

Na semana, acumulou declínio de 3,35 por cento.

"A bolsa segue enfraquecida por um certo desânimo com o andamento da reforma da Previdência", observou o gestor Marco Tulli, da mesa de Bovespa da corretora Coinvalores. "As declarações recentes do presidente, a perspectiva de prorrogação no prazo de tramitação, tudo reduz o apetite de investidores."

Na expectativa de algum progresso da reforma, estrategistas preferiram adotar um tom mais conservador em portfólios para março, uma vez que veem o processo adicionando volatilidade e incerteza da direção do Ibovespa, embora sigam otimistas no curto e médio prazos.

Fevereiro encerrou com o Ibovespa em queda de 1,86 por cento, em mês marcado por saída líquida de estrangeiros do segmento Bovespa, de 1,77 bilhão de reais até o dia 27.

No exterior, o ânimo desta sexta-feira encontrou suporte em expectativas positivas sobre as negociações comerciais entre os Estados Unidos e a China e números melhores sobre a economia chinesa. Em Wall Street, o S&P 500 subiu 0,69 por cento, em movimento alinhado a pregões na Europa e Ásia.

DESTAQUES

- PETROBRAS PN caiu 1,33 por cento e PETROBRAS ON recuou 2,21 por cento, tendo como pano de fundo a queda dos preços do petróleo no exterior, além de contínua repecussão dos números da empresa sobre o último trimestre de 2018 e perspectivas à frente, bem como definições sobre o leilão de excedentes da cessão onerosa.

- VALE encerrou com decréscimo de 0,76 por cento, tendo no radar que autoridades brasileiras investigarão a companhia sobre a possibilidade de corrupção em questões relacionadas à segurança da barragem que colapsou em Brumadinho (MG), podendo resultar em multa de até 20 por cento da receita bruta da mineradora de 2018. As ações chegaram a cair mais de 5 por cento após a divulgação das investigações pela Bloomberg, que foram confirmadas depois pelo governo.

- BRADESCO PN recuou 1,66 por cento, também pesando do lado negativo, assim como ITAÚ UNIBANCO PN, que fechou em baixa de 1,05 por cento. BANCO DO BRASIL destoou e encerrou com valorização de 1,4 por cento.

- MRV avançou 2,13 por cento, entre os destaques positivos, após divulgar balanço trimestral e planos de ampliar os lançamentos em 2019, além de manter um crescimento de dois dígitos nas receitas.

- JBS encerrou com acréscimo de 5,14 por cento, em sessão positiva para o setor de carnes, com MARFRIG em alta de 1,64 por cento, além da valorização do dólar frente ao real.

- ELETROBRAS PNB e ELETROBRAS ON cederam 3,80 e 3,62 por cento, respectivamente, após notícia da venda pela estatal de sua distribuidora de eletricidade Amazonas Energia para um consórcio formado pela empresa de geração Oliveira Energia e pelo grupo de combustíveis Atem's, a ser analisada pelo tribunal do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

- B3 caiu 2,78 por cento, entre as maiores quedas, no terceiro pregão de baixa, após fechar na máxima histórica no começo da semana, a 33,85 reais. Dados disponibilizados pela B3 mostraram que o volume financeiro médio diário no segmento Bovespa somou 16,97 bilhões de reais em fevereiro, um acréscimo de 0,7 por cento ante mês anterior. [nL1N20O0R9].

Equipe econômica usará agenda microeconômica de Temer para melhorar garantias, diz secretário

BRASÍLIA (Reuters) - A equipe econômica de Jair Bolsonaro usará a agenda de medidas microeconômicas desenhada pelo governo Michel Temer para melhorar o mercado de garantias, afirmou nesta sexta-feira o secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida.

Em entrevista à Reuters, ele disse acreditar que algumas iniciativas serão divulgadas ainda no primeiro semestre. Ele elogiou o trabalho deixado pelo governo anterior e indicou que as respostas estão ali.

"O Grupo de Trabalho sobre Mercado de Capitais deixou uma agenda fantástica, temos que segui-la", disse Sachsida. "Tem uma série de propostas prontas. Cabe a nós tocarmos. É consenso que são propostas microeconômicas que fazem todo sentido", agregou.

Entre as medidas para fomentar garantias, segundo relatório do grupo, está o seguro rural "que garanta disponibilidade financeira para pagamento da subvenção do Proagro, ampliando o alcance da cobertura ... e incentivando a oferta de seguro de renda do produtor". A medida já tem inclusive proposta de decreto pronta, a ser encaminhada à Presidência.

O grupo também trabalha no modelo de um fundo para lastrear seguro de crédito à exportação, num novo modelo para o segmento com maior participação do mercado privado.

Sachsida destacou que a falta de amparo para garantias tem atrapalhado o mercado de crédito, com impactos na economia.

"Estamos muito atentos ao mercado de garantias e preparando medidas", afirmou o secretário.

Sachsida também pontuou considerar necessário melhorar o mercado de microcrédito e microsseguro.

O discurso vem em linha com o proferido nesta semana pelo novo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Segundo o secretário, Campos Neto é "outro grande fã" da agenda do Grupo de Trabalho para Mercado de Capitais.

Em sabatina no Senado, o agora presidente do BC disse que sempre que o governo deu segurança às garantias dos empréstimos, a taxa de juros teve forte queda, como na consignação em folha de pagamento para o crédito pessoal e no patrimônio de afetação para o financiamento à construção civil.

O governo Temer tinha enviado ao Congresso duas iniciativas nesse sentido: a duplicata eletrônica e a adesão automática ao cadastro positivo. Esta última ainda precisa ser aprovada em definitivo pelo Congresso.

Com o cadastro positivo de adesão automática, o governo espera que os provedores de crédito definam melhor o risco de cada tomador, abrindo caminho para a cobrança de taxas mais baratas nos casos de menor risco de inadimplência.

Campos Neto avaliou que essas medidas farão o juro cair em modalidades de crédito sem garantia, beneficiando principalmente os mais pobres, que não têm bens para penhorar em empréstimos.

Sachsida foi além e pontuou que as medidas para melhorar as garantias são fundamentais também para conferir maior ímpeto à recuperação do Produto Interno Bruto (PIB), após o IBGE divulgar na véspera que o país cresceu apenas 1,1 por cento em 2018, mesmo percentual de 2017, após contrações de 3,3 e 3,5 por cento em 2016 e 2015, respectivamente.

"Acreditamos que dado o tamanho da crise de 2015 e 2016, várias empresas tiveram que queimar gordura, tiveram que queimar as garantias que tinham. Então quando chegam no mercado de crédito, elas têm dificuldade em fornecer garantias para poder pegar crédito, aumentar a produção, comprar insumo", avaliou.

PREVIDÊNCIA

Sachsida ressaltou também a importância da aprovação da reforma da Previdência para corrigir a fragilidade fiscal do país, que impede uma retomada econômica mais forte.

O secretário de Política Econômica disse que, por ora, a equipe econômica prevê crescimento de 2,5 por cento do PIB neste ano, mas sublinhou que essa alta pode ser de 2,9 por cento, caso a reforma da Previdência seja aprovada em até seis meses e com a economia originalmente estimada pelo governo, de 1,072 trilhão de reais em dez anos.

Após os dados do IBGE, economistas do Barclays e Goldman Sachs cortaram as previsões para o crescimento do PIB este ano a 2,2 por cento e 2 por cento, respectivamente.

Dow Jones e S&P 500 avançam após 3 quedas seguidas

NOVA YORK (Reuters) - Os índices S&P 500 e Dow subiram após três quedas seguidas nesta sexta-feira, com o otimismo em relação às perspectivas de acordo comercial entre EUA e China, que ofuscaram dados da indústria dos dois países.

O Dow Jones subiu 0,43 por cento, para 26.027 pontos. O S&P 500 ganhou 0,69 por cento, a 2.803 pontos. O Nasdaq teve alta de 0,83 por cento, para 7.595 pontos.

O Nasdaq, por sua vez, marcou o maior período de ganhos semanais desde o final de 1999.

Após o anúncio do presidente Donald Trump de aumento nas tarifas sobre importações chinesas, a Bloomberg informou na véspera que uma cúpula entre Trump e seu colega chinês Xi Jinping para assinar um acordo comercial final pode acontecer em meados de março.

"O otimismo em relação à resolução do comércio supera o enfraquecimento dos dados econômicos", disse Ryan Detrick, estrategista sênior de mercado da LPL Financial em Charlotte, Carolina do Norte.

Uma pesquisa privada mostrou a atividade fabril da China se contraiu pelo terceiro mês consecutivo em fevereiro, embora em um ritmo mais lento, indicando uma melhora marginal na demanda doméstica, à medida que uma enxurrada de estímulos políticos começou a partir do final do ano passado.

O ISM também mostrou que a atividade manufatureira dos EUA em fevereiro caiu para o menor nível desde novembro de 2016, e a pesquisa da Universidade de Michigan mostrou que o sentimento do consumidor ficou aquém das expectativas no mês.

Detrick disse que, embora os dados estivessem fracos, os investidores esperavam que um acordo comercial entre os EUA e a China melhorasse as perspectivas de crescimento global.

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Fonte:
Reuters

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