Com divisão de governo britânico, Parlamento e cidadãos, Brexit desordenado se aproxima

Publicado em 02/04/2019 14:39

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LONDRES/BRUXELAS (Reuters) - A União Europeia disse nesta terça-feira que o Reino Unido pode estar caminhando para uma saída potencialmente desordenada em apenas 10 dias, quando a premiê britânica, Theresa May, irá se reunir com ministros para descartar alternativas de modo a encerrar o impasse em torno do Brexit.

Cerca de três anos após o Reino Unido votar a favor de deixar a UE em um referendo de resultado surpreendente, o plano estratégico de May está no ar enquanto seu governo e seu partido ainda estão discutindo sobre como, quando e até se o Brexit deve acontecer.

O acordo de May foi derrotado três vezes na Câmara dos Comuns, que não encontrou na segunda-feira uma maioria entre os parlamentares para decidir qualquer alternativa. Espera-se que May tente colocar pela quarta vez seu acordo em votação nesta semana.

O beco sem saída já adiou o Brexit por ao menos duas semanas além do prazo original estimado, modificado até então para 12 de abril.

"Nos últimos dias, um cenário sem acordo se tornou mais provável, mas ainda esperamos evitá-lo", afirmou o negociador do Brexit por parte da UE, Michel Barnier, em Bruxelas. [nL1N21K0BM]

May presidiu horas de reuniões ministeriais em uma tentativa de traçar uma saída para a confusão que o Brexit se tornou. Não ficou claro se houve algum acordo.

Os alertas desencontrados sobre um Brexit sem ordem aumentam a pressão sobre os parlamentares britânicos à medida que alguns tentam tomar o controle do Parlamento para evitar uma retirada sem acordo.

Se o acordo de May não for ratificado pelo Parlamento, então ela precisará optar entre a retirada sem acordo, convocando eleições, ou pedir um longo adiamento à UE a fim de negociar uma relação muito mais próxima com o bloco.

NAS MÃOS DO REINO UNIDO

Ao menos metade do Partido Conservador de May deseja que a separação ocorra sem acordo, embora alguns parlamentares e ministros aconselhem-na a manter o Reino Unido firmemente na órbita econômica do bloco.

A derrota que o acordo de May sofreu após a premiê se comprometer a renunciar caso o plano fosse aprovado enfraqueceu a líder britânica frente a uma geração que enfrenta uma crise em espiral.

“Espero que possamos encontrar uma solução. O Parlamento britânico tem dito que não quer um Brexit desordenado”, disse a chanceler alemã, Angela Merkel.

May irá definir os próximos passos diante de uma cúpula emergencial da UE em 10 de abril, disse seu porta-voz. A premiê permanece contra outro referendo, acrescentou ele.

Em Paris, o presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que, se quase três anos após o referendo o Reino Unido não conseguir encontrar uma solução, era melhor "ter escolhido efetivamente uma saída sem acordo por conta própria".

Discursando no Palácio do Eliseu ao lado do primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, Macron disse que o Reino Unido deve decidir se o plano envolverá novas eleições, um referendo ou uma união alfandegária.

"Cabe a Londres dizer isso, e dizer isso agora", afirmou ele.

Com o eleitorado britânico, seus dois maiores partidos e o governo divididos em relação ao Brexit, May arrisca fragmentar o Partido Conservador independentemente de qual caminho ela siga.

Sair sem acordo significa que não haveria transição, então a saída seria abrupta. O Reino Unido é um membro da OMC, de modo que as tarifas e outros termos que regem seu comércio com a UE seriam estabelecidos sob as regras da OMC.

Um grupo de parlamentares disse nesta terça-feira que tentaria passar uma lei que forçaria May a buscar novo adiamento e preveniria uma separação sem acordo em 12 de abril.

Por ora, o acordo de May está de volta ao foco, embora ela deva encontrar uma maneira de contornar uma proibição de submeter repetidamente o mesmo assunto a votação no Parlamento.

(Reportagem de Guy Faulconbridge. Reportagem adicional de Jan Strupczewski em Bruxelas; Andreas Rinke e Michelle Martin em Berlim; William James e Ritvik Carvalho em Londres; Tom Miles em Genebra; Richard Lough, Michel Rose e John Irish em Paris)

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Fonte:
Reuters

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