Bolsonaro reduz tensão com partidos, faz "live" com Moro e gen Heleno e anuncia 13.o para Bolsa Família

Publicado em 05/04/2019 02:33

SÃO PAULO (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro agradeceu os líderes e presidentes de partidos que se reuniram com ele no Palácio do Planalto nesta quinta-feira e disse durante transmissão ao vivo em rede social acreditar que o Parlamento fará sua parte, não só na reforma da Previdência, como também em outras temas de interesse do governo.

"Eles (líderes partidários) têm o perfeito discernimento de que querem colaborar, não com o governo, mas com o Brasil. Estamos em um momento, que vai acontecer neste ano, da votação da reforma da Previdência. Interessa para os nossos filhos e netos. É importantíssimo, nós temos que garantir, via essa reforma da Previdência, que os aposentados do futuro vão receber suas pensões e seus proventos", disse Bolsonaro na transmissão.

"Eu quero agradecer fervorosamente essas lideranças político-partidárias por esse momento que tivemos hoje pela manhã --conversamos quase que individualmente com todos eles-- tratando deste assunto. Nada foi tratado sobre cargos, nem por parte deles, nem por minha parte. O Brasil está acima dos nossos interesses", garantiu.

Nas conversas com os presidentes de DEM, PP, PRB, MDB, PSDB e PSD, Bolsonaro conseguiu reduzir as tensões com os partidos, mas não obteve dos dirigentes partidários o apoio formal e um ingresso na base parlamentar aliada ao Palácio do Planalto.

Na transmissão, feita ao lado dos ministros Sérgio Moro (Justiça e Segurança Pública) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Bolsonaro disse ainda que 95 por cento das metas para os 100 primeiros dias de seu governo serão cumpridas e afirmou que o décimo terceiro salário para os beneficiados do programa Bolsa Família --uma dessas metas-- será anunciado na próxima semana.

Bolsonaro reduz tensão com partidos, mas não garante apoio formal ao governo, diz Reuters

BRASÍLIA (Reuters) - Depois de reuniões com seis presidentes de partidos nesta quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro conseguiu diminuir a tensão, mas não obteve dos líderes partidários a promessa de apoio incondicional à proposta de reforma da Previdência e nem de participarem da base de apoio do governo.

Ao deixar o encontro com Bolsonaro, os presidentes defenderam a reforma, mas apontaram pontos que desejam ver alterados --em especial as já conhecidas questões das mudanças no Benefício de Prestação Continuada (BPC) e na aposentadoria rural.

"O PSDB tem uma postura de independência em relação ao governo, não há nenhum tipo de troca, não participaremos do governo, não aceitamos cargos no governo", disse o presidente do PSDB, Geraldo Alckmin, ao sair do encontro no Palácio do Planalto.

O ex-governador de São Paulo disse ainda que o partido irá defender a reforma, mas não irá fechar questão. Votará pela proposta desde que alguns ajustes sejam feitos. Além do BPC e da aposentadoria rural, Alckmin afirmou que o PSDB não dará seu voto para aprovar nenhum benefício que fique abaixo do salário mínimo.

"O PSDB tem compromisso com a reforma, mas dentro desses parâmetros”, afirmou.

Primeiro a ser recebido, o presidente do PRB, Marcos Pereira (SP), disse à Reuters que o partido se manterá independente, mas irá colaborar quando necessário, como na reforma da Previdência.

"Eu não quero cargo, o partido não quer cargo. Eu quero é ser atendido. Não é questão de velha ou nova política, é uma questão de política. Os deputados vão levar demandas legítimas, precisamos de respostas, nem que sejam um não", disse.

Pereira, que também é vice-presidente da Câmara, contou que a conversa foi boa e que Bolsonaro elogiou sua honestidade e disse que gosta de quem não vem com "blá blá blá". Perguntado se as conversas irão ajudar o governo a resolver o problema de articulação, disse que depende da atitude do governo.

"Vai depender se eles atenderem as demandas legítimas dos parlamentares", afirmou.

Também sobre a reforma, Pereira afirmou que o partido defende a proposta, acha necessária, mas que alguns temas --como BPC e Aposentadoria rural-- não podem ser votados como estão.

Segundo presidente partidário a ser recebido por Bolsonaro, Gilberto Kassab, do PSD, também disse que o partido não fechará questão, em respeito à posição pessoal de seus parlamentares e à tradição da sigla, mas apoiará o texto porque a reforma faz parte do programa do PSD.

"O partido tem uma posição muito clara com a sua independência em relação ao governo, essa posição continuará", disse Kassab.

O líder do partido no Senado, Otto Alencar (BA), explicou que o PSD também espera mudanças em relação ao BPC, aposentadoria rural e em relação a outra questão, a capitalização, ponto-chave da reforma para a equipe econômica liderada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.

"A capitalização tem que ser um piso, e não pode ter capitalização sem contribuição patronal, não tem como", defendeu o senador.

O DEM, que hoje já tem três ministros no governo --Casa Civil, Saúde e Agricultura--, mesmo sem uma adesão formal, foi o que chegou mais perto de admitir que poderá fazer parte da base, posição defendida pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado, que participou de um almoço com Bolsonaro e o presidente do partido, ACM Neto.

"Ser base, formalmente ou não, é algo que pode acontecer, com absoluta naturalidade, no momento que houver uma deliberação da Executiva do partido. Mas eu entendo que a preocupação maior tanto do Democratas como do presidente Jair Bolsonaro não está na formalidade, em dizer 'é base ou não é base', e sim em garantir que esse diálogo possa ser produtivo e facilite o andamento da agenda de reformas", afirmou Neto.

Presidente do MDB, Romero Jucá, também afirmou que o partido não quer ser parte da base.

"O MDB veio propor ao governo uma agenda econômica e social. O MDB não quer cargo e ministério", afirmou. "O MDB não quer ser base, quer ter uma agenda."

Também sobre Previdência, Jucá afirmou que o partido não planeja fechar questão em nenhuma votação, mas terá "posições firmes", na Câmara e no Senado. Alguns pontos da reforma precisam ser mais discutidas, como as mudanças nas regras do BPC, aposentadoria rural e o sistema de capitalização.

Os presidentes foram unânimes em dizer que Bolsonaro não fez convites formais de adesão. As conversas se concentraram mais sobre o apoio à reforma da Previdência, mas portas foram abertas, disseram os líderes partidários.

A líder do governo no Congresso, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), afirmou que não é um problema nesse momento os partidos não fazerem parte da base do governo, mas sim o compromisso com a reforma da Previdência.

"Temos mais tempo para fechamento da base em outras questões. Nesse momento temos que fazer duas contas: uma que é a aprovação da nova Previdência, e aí vale qualquer partido, inclusive da oposição. E uma outra conta é a formação de uma base para aprovação de outras questões", disse a líder do governo.

Já à noite, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que participou dos encontros, disse que os presidentes e líderes de partidos foram convidados a participarem de um futuro conselho de governo, cuja ideia inicial é que se reúna a cada 30 dias.

Onyx disse que todos concordaram "que é o momento da gente passar por cima das nossas diferenças, passar por cima do que aconteceu no período eleitoral" e relatou que Bolsonaro se desculpou por eventuais erros.

"O presidente, com a sua humildade, se desculpou de uma canelada aqui, uma canelada acolá, e a gente vai construir sim uma coisa que é muito importante: unir todos os que são verde e amarelos a favor do Brasil”, disse o ministro a jornalistas.

Também à noite, Bolsonaro, em uma transmissão em uma rede social, agradeceu os líderes partidários pelos encontros e ressaltou mais uma vez que não houve negociação de cargos.

"Eu quero agradecer fervorosamente essas lideranças político-partidárias por esse momento que tivemos hoje", disse Bolsonaro. "Nada foi tratado sobre cargos, nem por parte deles, nem por minha parte."

Segundo o presidente, os líderes partidários "têm o perfeito discernimento de que querem colaborar, não com o governo, mas com o Brasil".

Governo vai trabalhar para evitar que reforma da Previdência fique para 2020, diz fonte

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O governo vai trabalhar para aprovar a reforma da Previdência neste ano e não correr o risco de deixá-la "escorregar" para 2020, o que tornaria a sua aprovação quase inviável por se tratar de um ano eleitoral, disse à Reuters um fonte da área econômica do governo.

Segundo a fonte, que falou sob a condição de anonimato, a previsão é que ainda há espaço para o governo aprovar a reforma em primeiro turno na Câmara até a metade do ano. A perspectiva é que o projeto chegue ao Senado no segundo semestre.

"Não se pode correr o risco de deixar para 2020; com eleições fica muito difícil", disse a fonte. "Tem que sair com certeza absoluta este ano. Cada dia que passa fica pior, 2020 é ano eleitoral", acrescentou.

"Há um esforço concentrado porque ano eleitoral é sempre muito mais difícil."

Para conseguir viabilizar a aprovação neste ano, dentro da área econômica já se admite algumas mudanças nas regras propostas para o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e na aposentadoria rural.

A fonte avaliou que o bate-boca de quarta-feira na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), entre o deputado Zeca Dirceu e o ministro da Economia, Paulo Guedes, que provocou o encerramento da sessão, uniu ainda mais os parlamentares favoráveis à reforma.

"O aconteceu ontem uniu mais o grupo... Foi até bom acontecer isso para a aproximação. Foi um episódio que mostrou a necessidade de agir junto para conseguir aprovar."

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Fonte:
Reuters

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