Dólar fecha em firme alta com ruídos sobre Previdência; exterior pesa (Reuters)

Publicado em 11/04/2019 15:24 e atualizado em 11/04/2019 17:25

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SÃO PAULO (Reuters) - O dólar mais do que devolveu a queda da véspera ao fechar em firme alta ante o real nesta quinta-feira, impulsionado pelo ambiente menos amigável a moedas de risco no exterior e por sinais de que a articulação política do governo em prol da reforma da Previdência segue frágil e alvo de críticas.

"A percepção do mercado é que a ampulheta virou", disse Arnaldo Curvello, sócio-diretor na Ativa Wealth Management. "Você tinha todo o tempo a seu favor, com confiança no governo, boa vontade de todos. Mas agora está claro que estamos mesmo correndo contra o tempo", acrescentou.

Declarações do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), geraram incômodo ao mercado.

Por ora, agentes financeiros dizem que os debates no mercado ainda se restringem ao campo da desidratação da reforma, mas que à medida que o tempo passa e a comunicação do governo não melhora o risco é os preços começarem a se ajustar a um cenário de "não reforma".

O investidor estrangeiro, porém, segue mais cético. "Continuamos de lado em relação aos ativos brasileiros", disseram estrategistas do Citi em nota a clientes. Os profissionais preferem evitar "potencial volatilidade do mercado" quando o texto da reforma previdenciária for debatido na comissão especial no Senado.

Nesta quinta-feira, o movimento do câmbio local foi influenciado ainda pelo ambiente externo, onde várias divisas de risco perdiam terreno para o dólar. Com reação intensificada por questões idiossincráticas, o real teve o terceiro pior desempenho entre 33 pares do dólar, melhor apenas que lira turca e peso colombiano.

O dólar à vista terminou em alta de 0,86 por cento, a 3,8570 reais na venda. Na véspera, a cotação havia recuado 0,78 por cento, para 3,8240 reais.

A valorização desta quinta-feira é a mais intensa em cerca de duas semanas. E o patamar do dólar é o mais elevado desde sexta-feira da semana passada.

Na B3, a referência do dólar futuro subia 0,80 por cento, a 3,8610 reais.

Bancos fecham 2018 com melhor rentabilidade em 7 anos, mas BC vê estabilização à frente

(Reuters) - A rentabilidade dos bancos em 2018 foi a mais alta em sete anos, voltando a níveis pré-crise, destacou o Banco Central nesta quinta-feira, mas a expectativa adiante é de estabilização do indicador, após os bancos terem cortado gordura em custos e diminuído despesas de provisão.

Em dezembro, o Retorno sobre o Patrimônio Líquido do sistema bancário alcançou 14,8 por cento, sobre 13,6 por cento um ano antes, no melhor fechamento anual desde 2011 (16,5 por cento), divulgou o BC em seu Relatório de Estabilidade Financeira, com dados do segundo semestre do ano passado.

Segundo o diretor de Fiscalização do Banco Central, Paulo Souza, as instituições brasileiras ficam, com isso, na média da rentabilidade mundial.

Em coletiva de imprensa, ele ressaltou que a melhoria foi beneficiada pelo forte recuo nas despesas de provisão. Em 2016, essa linha somou 120 bilhões de reais, montante que caiu para 85 bilhões de reais em 2017 e, finalmente, para cerca de 65 bilhões de reais em 2018.

Para Souza, o nível de despesa de provisão deve agora se manter nessa faixa, a não ser que medidas estruturais, de melhoria no ambiente de garantias, levem a uma redução na inadimplência.

"Para que o sistema financeiro continue a apresentar uma rentabilidade na faixa de 15 por cento, isso só será possível caso ele consiga ter demanda de crédito que permita ele migrar aplicações em títulos para operações de crédito ou que ele aumente, dentro de cada uma de suas carteiras, ele migre de operações com spread um pouquinho maior", avaliou o diretor.

"Fora isso, a rentabilidade chegou num patamar que a gente considera que não tem mais grandes margens, oportunidades de ampliação", acrescentou.

O presidente do BC, Roberto Campos Neto, já chegou a afirmar publicamente que, embora o lucro dos bancos seja crescente, a rentabilidade no Brasil já foi bem maior, na casa de 19 a 20 por cento ao ano, quando a Selic também era mais alta. Hoje, a taxa básica de juros está na sua mínima histórica de 6,5 por cento.

No relatório, o BC destacou que com a perspectiva de estabilização das despesas de provisão e do custo de captação, a trajetória de aumento da rentabilidade tende a perder força.

"Nesse contexto, o crescimento da carteira e a alteração do mix da carteira, com proporção maior de portfólios mais rentáveis – crédito a pessoas físicas e a PME (pequenas e médias empresas) –, podem contribuir marginalmente para novos incrementos", trouxe o documento.

 

CONDIÇÕES CONFORTÁVEIS

No relatório, o BC também destacou que os resultados dos testes de estresse de capital seguem confirmando a resiliência do sistema bancário, que se mostra capaz de absorver as perdas estimadas em todos os cenários simulados. O risco de liquidez, por sua vez, continua a representar pouca preocupação.

Num reflexo do que o BC apontou como "níveis confortáveis da solvência do sistema", a distribuição de frequência para o Índice de Capital Principal (ICP) considerando a plena adoção de Basileia III demonstra que 129 instituições, representando 99,9 por cento dos ativos do sistema, possuem indicador projetado acima do requerimento mínimo de 7,0 por cento, a vigorar a partir de 2019.

Além disso, a necessidade projetada de capital é de apenas 600 milhões de reais, prosseguiu o BC, montante que equivale a 0,11 por cento do patrimônio de referência atual do sistema.

 

PREVIDÊNCIA NO RADAR

Em pesquisa feita pelo BC e publicada no relatório, o mercado financeiro mostrou elevada preocupação com os riscos relacionados à aprovação das medidas necessárias ao equilíbrio fiscal e à retomada do crescimento econômico.

"As instituições financeiras avaliam que a situação fiscal do país é preocupante e que, se reformas estruturais não forem realizadas, o ambiente econômico permanecerá desfavorável aos negócios", afirmou o BC.

"Quando se considera apenas o risco classificado como o mais importante entre os três livremente relatados pelos respondentes, observa-se que os riscos fiscais-políticos destacam-se como o fator mais preocupante, sendo citados por 65 por cento das instituições em fevereiro de 2019, ante 53 por cento em agosto de 2018, com probabilidade médio-alta e alto impacto no sistema financeiro", completou.

A avaliação vem em meio à batalha travada pelo governo para fazer avançar no Congresso a reforma da Previdência, considerada sua principal medida para o reequilíbrio das contas públicas, tarefa que vem sendo dificultada pela ausência de base aliada constituída.

A chamada Pesquisa de Estabilidade Financeira foi realizada com 55 instituições financeiras, que respondem por 94,4 por cento dos ativos do sistema financeiro, informou o BC.

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Fonte:
Reuters

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