Dólar fecha perto de R$ 4, maior patamar em quase 7 meses, com exterior e Previdência (REUTERS)

Publicado em 24/04/2019 17:20

Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar disparou ante o real nesta quarta-feira, fechando no maior patamar em quase sete meses e muito perto do nível psicológico de 4 reais, refletindo a percepção de que a reforma da Previdência pode enfrentar um caminho mais sinuoso pela frente.

O dólar à vista terminou a sessão em alta de 1,63 por cento, a 3,9863 reais na venda. É o maior patamar de fechamento desde 1º de outubro do ano passado (4,0183 reais).

Na máxima do pregão, a moeda bateu os 3,9950 reais.

Na B3, a referência do dólar futuro subia 1,76 por cento por volta de 17h40, para 3,9910 reais.

O real amargou o segundo pior desempenho global nesta sessão, só à frente do combalido peso argentino . Mas o pregão como um todo foi de fortes perdas para moedas de perfil semelhante ao da brasileira, diante de sinais de força dos EUA em relação ao restante do mundo, o que corrobora expectativas de migração de capital para os mercados norte-americanos em detrimento de emergentes como o Brasil.

"A reação do dólar no mundo foi muito forte, e há uma discussão sobre se a alta sequencial do petróleo pode ser inflacionária, o que reduz o tom 'dovish' do Fed", disse Cleber Alessie, operador da mesa financeira da H.Commcor.

Analistas da Kayros Consultoria destacaram em nota a correlação positiva entre o dólar no Brasil e o índice que mede o valor da moeda norte-americana frente a uma cesta de divisas <.DXY>. Com isso, os analistas lembram o peso dos fatores externos na formação do preço da taxa de câmbio local.

Porém, a performance mais fraca do real nesta sessão se deveu a um ajuste de posições passada a esperada aprovação do texto da reforma da Previdência na CCJ --a primeira e teoricamente mais simples etapa dos trâmites.

A PEC que muda as regras das aposentadorias foi aprovada na comissão da Câmara dos Deputados após acordo fechado pelo governo para retirar trechos do texto. O aval ao texto foi lido pelo mercado como mérito do centrão e do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), com problemas ainda aparentes na articulação do governo, que agora precisa convencer os deputados da comissão especial, que analisará o conteúdo da proposta.

Nesta quarta-feira, o secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, avaliou ser necessário que o governo se empenhe mais pela aprovação da matéria.

"O mercado busca a segurança do dólar porque ainda vê um caminho ainda muito complicado para a reforma", disse Thiago Silencio, operador de derivativos na CM Capital Markets. "O sentimento de que a vitória foi menos do governo agora gera grande dúvida sobre a capacidade do governo de convencer o Congresso a favor da reforma", completou.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Wall St salta com dados de empregos nos EUA reforçando hipótese de cortes nos juros
Dólar cai ao menor valor em quase um mês com dados fracos de emprego nos EUA
Ibovespa fecha em alta com melhora em perspectivas sobre juros nos EUA
Taxas futuras de juros têm nova queda firme no Brasil após dados de emprego nos EUA
Brasil e Japão assinam acordos em agricultura e segurança cibernética