Há informações de fissuras entre militares venezuelanos e governo Maduro pode ruir, diz Bolsonaro

Publicado em 02/05/2019 00:42

(Reuters) - O governo brasileiro tem informações de que existem fissuras nas Forças Armadas da Venezuela, após o líder da oposição Juan Guaidó anunciar que tinha apoio de militares para derrubar Nicolás Maduro, e o governo do país vizinho pode ruir, disse nesta quarta-feira o presidente Jair Bolsonaro.

Em conversa com jornalistas ao lado do ministro da Defesa, Fernando Azevedo, em Brasília, Bolsonaro disse ainda que não há derrota de Guaidó após o movimento da terça-feira.

"O informe que nós temos é que existe uma fissura sim, que cada vez mais se aproxima da cúpula das Forças Armadas. Então existe a possibilidade de o governo ruir pelo fato de alguns da cúpula passarem para o outro lado", disse Bolsonaro a jornalistas após reunião na sede do Ministério da Defesa para tratar da situação na Venezuela.

"Não tem derrota nenhuma (de Guaidó). Eu até o elogio, reconheço o espírito patriótico e democrático que ele tem por lutar por liberdade em seu país", assegurou o presidente.

Indagado pelos jornalistas, Bolsonaro disse que até o momento não aconteceu nenhum contato do governo dos Estados Unidos para que o território brasileiro seja usado em eventual ação militar norte-americana na Venezuela.

"Se por ventura vier, o que é normal acontecer, o presidente reúne o Conselho de Defesa, toma a decisão, participa o Parlamento brasileiro", disse Bolsonaro.

O presidente expressou preocupação com os reflexos da crise venezuelana no Brasil por conta de seus impactos no preço do petróleo. Ele citou a política de reajuste de preços de combustíveis da Petrobras e afirmou que conversará com a estatal para se "antecipar a problemas".

"Agora, uma preocupação existe sim. Com essa ação, com embargos, o preço do petróleo a princípio sobe. Temos que nos preparar, dada a política da Petrobras. Não interviremos da nossa parte, mas podemos ter um problema sério dentro do Brasil como efeito colateral do que acontece lá", afirmou.

"A política de reajuste adotada pela Petrobras no momento é essa e vamos conversar para nos antecipar a problemas de fora, que venham de forma bastante grave aqui para o Brasil", acrescentou.

Os comentários de Bolsonaro sobre a política de reajuste da Petrobras e os possíveis impactos da crise venezuelana nos preços dos combustíveis acontecem depois de, recentemente, o presidente telefonar para o presidente da estatal, Roberto Castello Branco, que posteriormente recuou de um reajuste já anunciado do preço do diesel.

O presidente também manifestou preocupação com o fornecimento de energia elétrica para Roraima e disse que até o dia 15 deste mês o governo deverá receber um posicionamento de comunidades indígenas em cujas terras passariam as obras de uma linha de transmissão que ligará o Estado ao sistema nacional.

"A situação é emergencial. Não podemos ficar de forma eterna com a energia de óleo diesel, porque nós aqui, o resto do Brasil, paga um pouco mais de 1 bilhão por ano para a energia de Roraima", disse.

Milhares protestam contra Maduro enquanto impasse na Venezuela provoca tensões entre EUA e Rússia

CARACAS (Reuters) - Milhares de manifestantes protestaram na Venezuela nesta quarta-feira para tentar forçar o presidente socialista Nicolás Maduro a deixar o poder enquanto crescem as tensões entre a Rússia e os Estados Unidos sobre o impasse político no país membro da Opep. 

O líder opositor Juan Guaidó pediu "a maior marcha" da história da Venezuela e havia na véspera pedido que os militares o apoiassem, mas a liderança das forças armadas até agora permanece leal a Maduro, que está no poder desde 2013. 

"Se o regime pensou que havíamos chegado à pressão máxima, eles não podem nem imaginar", disse Guaidó a milhares de apoiadores em Caracas. "Precisamos continuar nas ruas". 

Sob sol escaldante, manifestantes bateram tambores e levaram bandeiras venezuelanas pedindo "liberdade". Em outro local em Caracas manifestantes com os rostos cobertos com camisetas, atiraram projéteis de uma passarela em oficiais da Guarda Nacional que estavam abaixo. Os militares responderam com bombas de gás lacrimogêneo.

A oposição venezuelana já promoveu uma série de protestos de rua contra Maduro, mas fracassou em tirá-lo do poder, apesar da profunda recessão econômica e da hiperinflação.

Guaidó - que dirige a Assembleia Nacional, liderada pela oposição - é reconhecido como presidente legítimo da Venezuela pelos Estados Unidos, União Europeia e Brasil, entre outros, mas Maduro é apoiado por Rússia, China e Cuba.

As disputas crescentes colocam a Venezuela no centro de tensões geopolíticas globais, com EUA e Rússia trocando acusações de intervenção nos assuntos internos da Venezuela. 

TENSÃO RÚSSIA-EUA 

O governo do presidente dos EUA, Donald Trump, impôs sanções sobre o governo Maduro e não descarta intervenção militar no país, embora diga preferir uma transição pacífica. 

"Ações militares são possíveis. Se for necessário, é isso que os Estados Unidos irão fazer", disse o Secretário de Estado, Mike Pompeo, na Fox Business Network. 

O Pentágono pareceu minimizar quaisquer preparações ativas para intervir diretamente na Venezuela, mas reconheceu que faz planejamentos detalhados de contingências. 

O ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, disse a Pompeo por telefone nesta quarta-feira que mais "passos agressivos" na Venezuela podem resultar em graves consequências.

Lavrov classificou a "interferência" dos EUA nos assuntos internos da Venezuela como quebra de leis internacionais.

Em resposta, os EUA também acusaram Moscou de interferirem no país, que é um aliado da Rússia desde a época do antecessor e mentor de Maduro, o falecido presidente Hugo Chávez.

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EUA fizeram "planejamento exaustivo" sobre cenários na Venezuela, diz secretário de Defesa

WASHINGTON (Reuters) - O secretário de Defesa em exercício dos Estados Unidos, Patrick Shanahan, disse nesta quarta-feira que os EUA realizaram "planejamento exaustivo" sobre a Venezuela e têm planos de contingência para diferentes cenários, acrescentando que o foco está na pressão econômica e diplomática.

"Estamos trabalhando isto como um todo no governo, e quando as pessoas falam que todas as opções estão sobre a mesa, elas literalmente estão. Mas trabalhamos isso mais diplomaticamente e economicamente para impor pressão", disse Shanahan em audiência no comitê de verbas da Câmara dos Deputados.

"Fizemos planejamento exaustivo, então não há uma situação ou cenário para o qual não tenhamos contingência", acrescentou.

O líder da oposição venezuelana Juan Guaidó, apoiado pelos Estados Unidos, está enfrentando um teste para seu apoio depois de convocar "a maior marcha" da história do país para tentar depor Maduro.

Rússia alerta EUA contra medidas "agressivas" na Venezuela

MOSCOU (Reuters) - O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse ao secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, em uma conversa por telefone que mais "medidas agressivas" na Venezuela trarão as mais graves consequências, informou o Ministério das Relações Exteriores nesta quarta-feira.

Lavrov também condenou o que chamou de "interferência" dos EUA nos assuntos internos da Venezuela como uma violação da lei internacional, acrescentando que o diálogo entre todas as forças políticas é necessário no país latino-americano.

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Fonte:
Reuters

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