Bolsonaro diz que casamento com Guedes segue mais forte do que nunca

Publicado em 24/05/2019 19:15

(Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro disse nesta sexta-feira que seu "casamento" com o ministro da Economia, Paulo Guedes, segue mais forte do que nunca, depois de afirmar que ninguém é obrigado a ser ministro, em reação a entrevista de Guedes, em que aventou renunciar se a reforma da Previdência fosse desidratada.

"Peço desculpas por frustrar a tentativa de parte da mídia de criar um virtual atrito entre mim e Paulo Guedes. Nosso casamento segue mais forte que nunca", escreveu Bolsonaro em sua conta no Twitter.

"No mais, caso não aprovemos a Previdência, creio que deva trocar o ministro da Economia pelo da Alquimia, só assim resolve", ironizou.

Em entrevista à revista Veja, Guedes disse que, caso o Congresso aprove uma "reforminha" da Previdência, ele renunciaria ao cargo e deixaria o país para morar no exterior.

Indagado sobre a declaração do auxiliar no Recife, onde participou mais cedo nesta sexta-feira de reunião da Sudene, Bolsonaro disse que ninguém é obrigado a permanecer ministro, ao mesmo tempo que concordou com Guedes sobre a necessidade da reforma e disse que o Brasil entrará num "caos econômico" caso a medida não seja aprovada pelos parlamentares.

Guedes rechaça "qualquer hipótese" de abandonar projeto de retomada econômica, diz ministério

SÃO PAULO (Reuters) - O ministro da Economia, Paulo Guedes, tem "total compromisso" com a retomada do crescimento econômico e rechaça "qualquer hipótese" de que possa se afastar desse objetivo, disse o Ministério da Economia em nota de esclarecimento divulgada no fim desta sexta-feira.

"O Ministério da Economia reitera ainda sua absoluta confiança no trabalho do Congresso Nacional, instituição com a qual mantém excelente diálogo, para garantir a aprovação da Nova Previdência com economia superior a 1 trilhão de reais", informou a assessoria de imprensa da pasta.

A nota de esclarecimento se refere a declarações de Guedes de que renunciará ao cargo se a reforma da Previdência pretendida pelo governo virar uma "reforminha". Os comentários foram feitos em entrevista ao site da revista Veja.

Guedes disse ainda haver margem de negociação para a economia com a reforma, que pode cair a um mínimo de 800 bilhões de reais.

O esclarecimento do ministério veio logo após o presidente Jair Bolsonaro publicar no Twitter que seu "casamento" com Guedes segue mais forte do que nunca.

As declarações do ministro despertaram reações entre membros do Congresso. O relator da reforma da Previdência, Samuel Moreira (PSDB-SP), afirmou que não se sente pressionado pelos comentários de Guedes.

Já o presidente da comissão especial que analisa a reforma da Previdência na Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL-AM) disse à Reuters que a ameaça do ministro de deixar o cargo foi recado ao governo.

Marcelo Ramos diz que reforma está blindada e que fala de Guedes foi recado ao governo

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da comissão especial que analisa a reforma da Previdência na Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL-AM), disse à Reuters nesta sexta-feira que a proposta está blindada de eventuais turbulências envolvendo o Executivo e que a ameaça do ministro da Economia, Paulo Guedes, de deixar o cargo foi recado ao governo.

O presidente da comissão especial, que garante que a proposta caminhará "com ou sem Guedes", afirmou que o calendário de tramitação está mantido.

"Primeiro, eu acho que ela (a ameaça de Guedes) não contamina em nada a tramitação da proposta na Câmara, porque nós tomamos a decisão de blindar a reforma da Previdência de qualquer desses desentendimentos de governo", afirmou Ramos à Reuters por telefone.

A relação entre Congresso e o Executivo enfrenta um acirramento, e o governo tem acumulado episódios de mal-estar com parlamentares, que adotaram a postura de imprimir um protagonismo do Parlamento, independente do Palácio do Planalto.

"Eu acho que a mensagem foi muito mais para o governo do que para nós", avaliou Ramos. "Agora, ela é uma mensagem, na minha opinião, desrespeitosa com o presidente e com o país, porque ele não diz que abandona o cargo, ele diz que vai embora do Brasil."

O presidente da comissão afirmou que a proposta será tocada pelo Parlamento com ou sem o ministro, "até porque nós não trabalhamos para o Paulo Guedes, nós trabalhamos para o Brasil".

Guedes afirmou em entrevista publicada no site da revista Veja nesta sexta-feira que irá renunciar ao cargo caso a proposta oferecida pelo governo vire uma "reforminha". Negou, no entanto, ser irresponsável ou inconsequente, e acrescentando que não iria embora no dia seguinte.

"Agora, posso perfeitamente dizer assim: 'Olha, já fiz o que tinha de ter sido feito. Não estou com vontade de ficar, vou dar uns meses, justamente para não criar problemas, mas não dá para permanecer no cargo'. Se só eu quero a reforma, vou embora para casa", disse o ministro na entrevista.

Ramos disse ainda à Reuters que tanto ele, quanto o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), assim como boa parte dos deputados, têm se manifestado a favor da manutenção da economia prevista de 1 trilhão de reais em dez anos com a reforma, "diferente do governo, que vez por outra vacila na defesa da reforma".

O relator da proposta, Samuel Moreira (PSDB-SP), também comentou a entrevista do ministro, e disse que não se sentia pressionado pelas declarações. Afirmou ainda que sempre defendeu a meta de 1 trilhão de reais por 10 anos "por convicção".

Mais cedo, o presidente Jair Bolsonaro declarou que nenhum de seus ministros é obrigado a permanecer no cargo, mas fez uma defesa da necessidade da reforma previdenciária e disse concordar com Guedes que o país viverá um caos econômico se não for aprovado um texto muito próximo ao que o governo enviou ao Congresso. [nL2N2300WD]

Posteriormente, o presidente foi ao Twitter e afirmou que seu "casamento" com Guedes segue mais forte do que nunca. 

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Fonte:
Reuters

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