Dólar fecha na mínima desde começo de maio, com perspectiva mais positiva sobre reformas locais

Publicado em 31/05/2019 18:25

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar caiu quase 5% desde as máximas alcançadas na semana passada, o que levou a moeda a zerar os ganhos no mês, numa reversão de tendência que pegou analistas de surpresa, diante do quadro melhorado para a agenda de reformas no país.

Nesta sexta-feira, o dólar à vista fechou em baixa de 1,37%, a 3,9244 reais na venda. É a maior queda percentual diária desde 21 de maio (-1,39%) e o menor patamar desde 1º de maio (3,9227 reais).

Na semana, o dólar acumulou desvalorização de 2,28% --a segunda seguida de baixa e a mais intensa desde o recuo de 2,91% na semana terminada em 1º de fevereiro.

Em maio, a moeda norte-americana ficou praticamente estável, com variação positiva de 0,04%.

Nos patamares atuais, a moeda já ameaça quebrar uma tendência de alta que persiste desde fevereiro. A região de 3,92 marca uma barreira que, se rompida de maneira sustentável, pode levar a moeda para a casa de 3,80 reais.

Em 20 de maio, o dólar bateu uma máxima em oito meses, de 4,10485 reais, em alta de 4,64% no acumulado de maio. Desde então, contudo, o Congresso passou a demonstrar tom mais favorável à reforma da Previdência. Com isso, investidores reduziram posições compradas em dólar, permitindo a correção do câmbio.

Alguma ajuda também veio do exterior, conforme o acirramento da guerra comercial liderada pelos Estados Unidos contra China e México fortaleceu especulações de corte de juros pelo Federal Reserve, o banco central norte-americano.

Mesmo que tímida, a alta do dólar em maio representou o quarto mês seguido de valorização, período em que a divisa acumulou avanço de 7,26%.

"Ainda esperamos algum ruído para o câmbio", disseram estrategistas do Morgan Stanley em nota a clientes. Contudo, os profissionais lembraram que o posicionamento contra o real já supera o visto antes das eleições e que os prêmios de risco haviam alcançado patamares superiores aos registrados na greve dos caminhoneiros, em maio de 2018.

A tensão comercial EUA-México pode beneficiar o real, segundo o BofA, que mantém recomendação de compra da moeda brasileira versus a mexicana via contratos de longo prazo.

"Gostamos desse trade porque estamos construtivos sobre a aprovação da reforma da Previdência e porque o posicionamento a favor do peso mexicano está excessivo", afirmaram os analistas.

O BofA estima que o dólar cairá a 3,80 reais até o fim do ano. Isso implica apreciação de 3,3% para o real ante os patamares atuais.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

STF suspende prazos processuais em todas as ações ligadas ao RS
Wall St salta com dados de empregos nos EUA reforçando hipótese de cortes nos juros
Dólar cai ao menor valor em quase um mês com dados fracos de emprego nos EUA
Ibovespa fecha em alta com melhora em perspectivas sobre juros nos EUA
Taxas futuras de juros têm nova queda firme no Brasil após dados de emprego nos EUA