Alimentos caem em maio e IPCA tem menor alta em seis meses

Publicado em 07/06/2019 13:38

RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - Os preços de alimentos passaram a cair em maio e a inflação oficial do Brasil desacelerou para o nível mais baixo em seis meses, mostrando que permanece sob controle enquanto o Banco Central busca mais tempo para avaliar o cenário.

Em maio, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve alta de 0,13%, depois de subir 0,57% em abril, informou nesta sexta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Esse é o resultado mais fraco desde uma queda de 0,21% em novembro, e a inflação mais baixa para meses de maio desde 2006 (0,10%).

Com isso, o IPCA em 12 meses passou a subir 4,66%, de 4,94% no mês anterior, aproximando-se ainda mais do centro da meta oficial de inflação do governo para 2019, de 4,25% pelo IPCA, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

"Ainda não dá para falar em tendência, tem que ver os próximos meses. Cada mês teve um motivo para o movimento da taxa", disse o analista do IBGE Pedro Costa.

"A taxa de 12 meses ainda embute o efeito da greve dos caminhoneiros (em maio de 2018), e esse efeito vai passar em junho", completou.

Os resultados ficaram abaixo das expectativas em pesquisa da Reuters, de altas de 0,20% na base mensal e de 4,72% em 12 meses.

Em maio, quatro dos nove grupos apresentaram deflação, sendo que o maior peso negativo foi exercido por Alimentação e Bebidas.

Os preços de alimentação e bebidas passaram a cair 0,56%, depois de subirem 0,63% em abril, com destaque para a queda de 0,89% da alimentação no domicílio.

Itens de peso na mesa do consumidor mostraram recuo, com os preços do tomate caindo 15,08% depois de alta de 28,64% no mês anterior, enquanto feijão-carioca recuou 13,04% e as frutas tiveram queda de 2,87%.

"Os feijões estão como uma ótima segunda safra e os tomates foram beneficiados por clima mais ameno. Há um aumento de oferta que justifica essa desaceleração", explicou Costa.

Tiveram deflação ainda em maio Artigos de Residência, de 0,10%; Educação, 0,04%; e Comunicação, de 0,03%. O índice de serviços também apresentou queda em maio, de 0,11%, após alta de 0,32% em abril.

Por outro lado, os grupos Habitação e Saúde e cuidados pessoais exerceram os maiores impactos de alta, ao subirem respectivamente 0,98% e 0,59%. O primeiro foi influenciado principalmente pelo aumento d 2,18% da energia elétrica.

Com os preços e as expectativas de inflação sob controle, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, vem defendendo que o país não pode cair na tentação de trocar crescimento de curto prazo por inflação mais alta, justificando que isso tende a causar inflação alta e crescimento baixo.

A economia brasileira iniciou 2019 com contração de 0,2% no primeiro trimestre, com fraqueza em indústria, agropecuária e investimentos, na primeira queda trimestral desde o fim de 2016.

Apesar do cenário de fraqueza econômica, os economistas consultados na pesquisa Focus do BC continuam vendo manutenção da taxa básica de juros Selic em 6,5% até o fim do ano. Para o IPCA a expectativa é de avanço de 4,03% em 2019.

IPCA desacelera em maio ao variar 0,13%, a menor alta desde 2006

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio variou 0,13% e ficou 0,44 ponto percentual abaixo da taxa de abril (0,57%). Esse foi o menor resultado para maio desde 2006 (0,10%). O IPCA é a inflação oficial do país.

Em maio de 2018, a taxa havia sido de 0,40%. Os dados foram divulgados hoje (7), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A variação acumulada no ano ficou em 2,22% e em 12 meses chegou 4,66%, abaixo dos 4,94% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores.

De acordo com o IBGE, quatro dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados mostraram deflação em maio.

O impacto negativo mais intenso (-0,14 ponto percentual) sobre o IPCA de maio veio de Alimentação e bebidas (-0,56%), que havia subido 0,63% em abril. Também apresentaram deflação: Artigos de Residência (-0,10%), Educação (-0,04%) e Comunicação (-0,03%).

Entre as altas, os destaques são Habitação (0,98%), com impacto de 0,15 ponto percentual, e Saúde e cuidados pessoais (0,59%), com impacto de 0,07 ponto percentual.

Segundo o IBGE, o resultado do grupo Alimentação e Bebidas deve-se principalmente à queda de 0,89% observada no grupamento da alimentação no domicílio.

O tomate, após apresentar alta de 28,64% em abril, caiu 15,08%, e o feijão-carioca acentuou a queda em relação ao mês anterior (passou de -9,09% para -13,04%). As frutas (-2,87%) também recuaram mais intensamente do que em abril (-0,71%).

Por outro lado, o leite longa vida (2,37%) e a cenoura (15,74%) subiram em maio, após apresentarem quedas (-0,30% e -0,07%, respectivamente) em abril.

Maior impacto

O grupo Habitação (0,98%), por sua vez, apresentou o maior impacto positivo no mês de maio, influenciado principalmente pela alta de 2,18% no item energia elétrica.

O IBGE lembra que, de dezembro de 2018 a abril de 2019, havia vigorado a bandeira tarifária verde, em que não há cobrança adicional na conta de luz.

Em maio, passou a vigorar a bandeira amarela, com custo adicional de R$ 0,01 para cada quilowatt-hora consumido. Além disso, vários reajustes de tarifas foram incorporados.

Ainda em Habitação, a variação de 0,82% na taxa de água e esgoto reflete os reajustes de 4,72% na região metropolitana de São Paulo (3,15%), a partir de 11 de maio, e de 2,99% em Brasília (0,18%), vigente desde 1º de abril. A queda no gás encanado (-0,84%), por sua vez, se deve à redução média de 1,40% nas tarifas residenciais da região metropolitana do Rio de Janeiro (-1,57%), desde 1º de maio.

O gás de botijão, também do grupo Habitação, teve alta de 1,35%, devido ao reajuste médio de 3,43%, autorizado pela Petrobras, nas refinarias, a partir de 5 de maio.

Segundo o IBGE, a segunda maior variação ficou com o grupo Saúde e Cuidados Pessoais (0,59%), que também exerceu o segundo maior impacto positivo no mês (0,07 p.p.).

Os preços do grupo desaceleraram em relação a abril (1,51%), principalmente por conta dos remédios, que passaram de 2,25% em abril para 0,82% em maio, e dos perfumes, que passaram da alta de 6,56% em abril para a queda de 1,61% em maio.

No grupo dos Transportes (0,07%), destaca-se a gasolina (2,60%), que apresentou o maior impacto individual no IPCA de maio, com 0,11 ponto percentual.

Passagens aérea caem de preço

Ao mesmo tempo, as passagens aéreas, que haviam subido em abril (5,32%), apresentaram queda de 21,82% em maio, contribuindo com o maior impacto individual negativo no índice do mês (-0,10 ponto percentual).

O IPCA é calculado pelo IBGE desde 1980, se refere às famílias com rendimento 1 a 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte, e abrange dez regiões metropolitanas do país, além de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís, Aracaju e Brasília.

Para o cálculo do índice do mês foram comparados os preços coletados entre 1º de maio e 29 de maio de 2019 (referência) com os preços vigentes entre 30 de março e 30 de abril de 2019 (base).

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Fonte:
Reuters/Agencia Brasil

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