Agência chinesa destaca fala de Bolsonaro sobre negociações com a China

Publicado em 20/07/2019 16:43
"inclusive, estou com um lindo relógio chinês aqui no meu braço"
Presidente do Brasil manifesta intenção de aprofundar relações com a China, diz Xinhua

Brasília, 19 jul (Xinhua) -- O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, manifestou nesta sexta-feira sua intenção de aprofundar as relações bilaterais com a China. Bolsonaro manifestou a postura num café da manhã com os correspondentes estrangeiros no Palácio do Planalto, em Brasília,

Para destacar sua postura amistosa em relação ao país asiático, Bolsonaro ressaltou: "inclusive, estou com um lindo relógio chinês aqui no meu braço."

Complementando as declarações do presidente, o ministro chefe de gabinete, Onyx Lorenzoni, ressaltou que o governo brasileiro está implementando um amplo programa de concessões e privatizações para o qual existe uma grande expectativa sobre a possível participação chinesa.

"O Brasil tem o maior programa de concessões e privatizações do mundo. Está claro que nas associações para estradas de ferro, hidrovias, aeroportos, linhas de transmissão, geração de energia elétrica, células fotovoltaicas, não há nenhuma dúvida de que associação chinesa será muito bem-vinda", destacou.

Quando questionado sobre as perspectivas para o grupo BRICS, dentro da presidência pro tempore brasileira este ano, que culminará em uma reunião de cúpula presidencial em novembro, em Brasília, Bolsonaro disse que está analisando o tema junto com seus principais colaboradores.

"Estou aprofundando a discussão com a equipe econômica sobre o BRICS. Em breve, daremos uma posição mais fundamentada sobre isso", disse.

 "Ninguém pode prescindir de negociar com a China", diz Mourão

Rio de Janeiro, 15 jul (Xinhua) -- O vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, reiterou na segunda-feira a importância das relações entre seu país e a China e prometeu reforçar os laços bilaterais junto ao país asiático.

"Ninguém, hoje, pode prescindir de negociar com a China. São quase 1,4 bilhão de habitantes. Costumo dizer que, se 700 milhões deles consumirem US$ 10 por dia, é um mercado do tamanho da União Europeia e Mercosul. Ninguém pode fugir de comerciar com a China", afirmou o vice-presidente em uma entrevista coletiva com os correspondentes da imprensa estrangeira, realizada no Rio de Janeiro.

Sobre a contribuição brasileira para essa parceria, o general Mourão recordou que o governo chinês "tem que garantir a alimentação e o trabalho para cada um dos habitantes" e que "nós podemos auxiliar nessa questão da segurança alimentar da China".

Perguntado sobre sua recente viagem na China, o vice-presidente brasileiro disse que sua tarefa, além de reativar a Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível -COSBAN- tinha como objetivo entregar uma mensagem política do governo do presidente Jair Bolsonaro "de forma a inibir possíveis dúvidas que possam ter ocorrido durante a campanha eleitoral", em uma alusão a declarações do então candidato Bolsonaro contrárias ao alto volume de comércio com o país asiático.

"Fomos bem sucedidos", comentou Mourão. Segundo ele, uma das consequências imediatas da visita foi resolver o problema da liberação de plantas de carne, "que foram logo liberadas", o que ele considerou como "a primeira aproximação de entender nosso posicionamento e dar um sinal de boa vontade".

"Nós não podemos, em nenhum momento, desprezar e sair fora dessa relação com a China, que é nosso maior fluxo comercial. No ano passado, esse fluxo foi de US$ 100 bilhões", enfatizou o general.

"Então, obviamente nós estamos trabalhando direto com os chineses. Eles estão aqui dentro do Brasil buscando participar das licitações e concessões que vão ocorrer nos projetos ligados ao PPI (Programa de Parceria em Investimentos) e outros projetos da área de infraestrutura", acrescentou.

Sobre a questão da Huawei, assegurou que não há nenhum bloqueio à atuação da empresa chinesa. "A Huawei está no Brasil há dez anos e trabalha direto com nossas universidade da região de Santa Rita do Sapucaí, que eu chamo de nosso vale do silício". E aproveitou para lembrar que "o próprio Estados Unidos fez agora uma revisão sobre a situação da Huawei".

Questionado pela Xinhua sobre como Brasil e China podem atuar para fortalecer o multilateralismo e aproveitar organismos existentes como o BRICS para ajudar a construir uma nova ordem mundial, o vice-presidente brasileiro disse que é necessário "muita conversa e muita negociação" para que cada país possa preservar seus ganhos.

"Nós temos que saber lidar com esse mundo diferente, distinto e sempre com aquelas duas palavrinhas chaves na relação entre dois países: benefícios mútuos. Sempre buscar uma relação em que haja ganho para os dois. Se só um ganha, não é bom pra ninguém", destacou o general.

EUA expressam preocupação por interferência chinesa no Mar do Sul da China (Reuters)

WASHINGTON (Reuters) - O Departamento de Estado dos Estados Unidos disse neste sábado que está preocupado com relatos da interferência da China nas atividades de petróleo e gás no Mar do Sul da China, incluindo atividades de exploração e produção de longa data do Vietnã.

"As repetidas ações provocativas da China voltadas para o desenvolvimento de petróleo e gás offshore de outros Estados demandantes ameaçam a segurança energética regional e enfraquecem o livre e aberto mercado de energia indo-pacífico", disse o Departamento de Estado em um comunicado.

Na sexta-feira, o Vietnã acusou uma embarcação chinesa de pesquisa de petróleo e suas escoltas de violarem sua soberania e exigiu que a China removesse os navios das águas vietnamitas.

O Vietnã e a China há anos estão envolvidos em uma disputa sobre o trecho potencialmente rico em energia das águas do Mar do Sul da China.

Na quarta-feira, dois institutos de pesquisa norte-americanos relataram que navios chineses e vietnamitas entraram em um impasse que durou várias semanas perto de um bloco petrolífero na zona econômica exclusiva do Vietnã. Nem Pequim nem Hanói confirmaram ou negaram diretamente os relatórios.

"Os Estados Unidos se opõem firmemente à coerção e intimidação de qualquer reclamante para afirmar suas reivindicações territoriais ou marítimas", disse o Departamento de Estado.

Para se defender de vento contrário econômico (guerra comercial com os EUA), China fala em "abrir caixa de ferramentas políticas"

Embora incertezas externas sejam abundantes e a pressão interna cresça, os elaboradores de políticas da China têm muitas alavancas econômicas para combater os desafios, diz a agência Xinhua.

Ao dizer que os avanços econômicos no primeiro semestre do ano foram duramente conquistados, o primeiro-ministro Li Keqiang pediu a exploração de medidas anticíclicas e a realização de ações preventivas e ajuste fino quando necessário.

Os analistas observam que, se o ambiente econômico se exacerbar, o governo reforçaria o apoio monetário, fiscal e de outras políticas além dos incentivos existentes.

O governo divulgou muitas políticas pró-crescimento, incluindo os cortes de impostos e taxas de 2 trilhões de yuans (US$ 290,7 bilhões), emissão de bônus especiais de governos locais e apoios financeiros direcionados.

As estatísticas mostraram que a economia expandiu 6,2% no segundo trimestre de 2019, uma queda ante os 6,4% nos primeiros três meses, mas ainda dentro da meta de faixa anual do governo de 6 a 6,5%.

Apesar da moderação do crescimento do PIB, as atividades se recuperaram visivelmente em junho, com quase todos os indicadores de crescimento superando expectativas, um sinal de que os efeitos das políticas do governo estão dando certo, o que será mais evidente no segundo semestre, avalia Mao Shengyong, porta-voz do Departamento Nacional de Estatísticas.

Wang Tao, economista do UBS, espera que o Banco Popular da China (BPC), banco central do país, alivie ainda mais a liquidez para garantir a continuidade da recuperação de crédito no segundo semestre e corte os depósitos compulsórios em 100 pontos-base sem ajustar as taxas de juros de referência.

Cheng Shi, economista-chefe da ICBC International Holdings Ltd., ecoa a opinião de Wang e afirma que, após o possível corte de taxa de juros pelo Fed, o BPC provavelmente rebaixaria as taxas de juros para as operações no mercado aberto ou para a facilidade de empréstimos de médio prazo.

O BPC adotou reduções direcionadas de depósitos compulsórios duas vezes este ano para apoiar as empresas privadas e de micro e pequeno porte. O mais recente corte de depósitos compulsórios, anunciado em maio e sendo conduzido em três fases, desencadeou um total de 280 bilhões de yuans em liquidez ao mercado.

Estima-se que o governo continue com a política fiscal proativa, com mais apoio para elos fracos como os serviços públicos e a infraestrutura.

Meng Wei, porta-voz da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, destaca que o governo impulsionará a construção de grandes projetos e aumentará o investimento no setor privado.

O crescimento de investimento em infraestrutura deve se recuperar para "único dígito médio-alto" no segundo semestre em relação aos 4,1% no primeiro semestre, assinala Wang Tao.

O governo também pode aliviar os critérios para a emissão de bônus especiais dos governos locais e permitir que eles financiem projetos de infraestrutura locais junto com importantes projetos nacionais, salienta Lian Ping, economista-chefe do Banco de Comunicações.

Lian indica que o governo pode considerar elevar a cota dos bônus especiais dos governos locais depois que a cota de 2,15 trilhões de yuans deste ano esgotar no final de setembro.

Além das políticas para evitar flutuações econômicas a curto prazo, o país implementou políticas de incentivo para aumentar a força de longo prazo para o desenvolvimento.

O país prometeu manter um desenvolvimento de alta qualidade, continuar a melhorar o ambiente de negócios e abrir ainda mais seus mercados para empresas mundiais.

Banco central da China injeta mais liquidez no mercado

Beijing, 19 jul (Xinhua) -- O Banco Popular da China (BPC) injetou mais dinheiro no sistema financeiro nesta sexta-feira através de operações no mercado aberto para manter a liquidez.

O banco central do país conduziu recompras reversas de 7 dias no valor de 100 bilhões de yuans (US$ 14,57 bilhões). Este é um processo no qual o BPC compra títulos dos bancos comerciais através de licitação, com um acordo para vendê-los de volta no futuro.

O movimento seguiu uma operação igual e de mesmo valor feita nesta quinta-feira. A taxa de juros para a operação permaneceu inalterada em 2,55%, segundo um comunicado do banco central.

A operação de hoje tem como objetivo manter uma liquidez razoável no sistema financeiro, acrescenta a nota.

As operações de mercado aberto nesta semana via acordos de recompra reversa e facilidade de empréstimos de médio prazo levaram a uma injeção líquida de 471,5 bilhões de yuans no sistema financeiro.

A China prometeu manter sua política monetária prudente "nem muito rigorosa nem muito frouxa" e uma liquidez no mercado em um nível razoavelmente amplo em 2019.

NO ESTADÃO:  China, modelo de Capitalismo de Estado

Governado pelo partido comunista e com a perspectiva de se tornar a maior economia do planeta em dez anos, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), a China virou modelo para as empresas capitalistas. 

Cerca de 15 anos atrás, as gigantes chinesas eram empresas de “garagem”. Uma das estratégias para se chegar lá, segundo Yamashita, é que as empresas são estruturadas em grandes ecossistemas. São companhias independentes, cujos negócios são altamente interdependentes. A geração de valor resulta das competências de cada empresa dentro desse universo interligado. “Fora do ecossistema, essas empresas não são nada”, diz ele. 

Um exemplo é o Alibaba, avaliado em cerca de US$ 500 bilhões, e que mudou a forma de fazer varejo, segundo Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo. A empresa nasceu como plataforma de exportação, conectando empresas da China com o resto do mundo. Evoluiu no comércio eletrônico por meio plataformas com propostas diferentes. Depois avançou para criação de solução de tecnologia, de logística para entregas e de pagamento de compras (Alipay). Sobre essa base, afirma Terra, foram erguidos negócios inovadores nos segmentos de e-commerce, supermercado, shopping, loja de departamento com uma velocidade impressionante. 

Não foi a única citada. A Luckin Coffee, concorrente chinesa da Starbucks, por exemplo, abriu 2.450 lojas em 14 meses.

Para Yamashita, uma das dificuldades de quem visita o país é entender a necessidade de crescer rapidamente para não ser engolido pela concorrência. Para isso, nos primeiros anos os ganhos são reinvestidos no negócio. Na cabeça do chinês, afirma Yamashita, o importante é o modelo de negócio ser sustentável - nesse momento o lucro não é variável-chave. “O empresário brasileiro fica louco com isso, pois é uma quebra de paradigma muito grande na forma de conduzir os negócios”, diz.

Outro segredo das empresas chinesas para se transformar no modelo hoje mais cobiçado por companhias de diferentes setores é a velocidade com a qual colocam em prática as inovações. “Enquanto o Vale do Silício pensa a inovação, a China executa e isso impressiona muito quem participa das nossas viagens”, diz Yamashita. 

As informações apresentadas à plateia são uma forma de instigar os participantes a visitarem o país asiático. No caso da GS&MD, um roteiro de 12 dias, com visitas guiadas, de negócios e turismo, e hospedagem em hotéis cinco estrelas, pode custar até R$ 40 mil.

Nos últimos dois anos, a StartSe, que tem escritório no Vale do Silício levou cerca de 500 executivos à China. O “programa educacional” de cinco dias, como prefere designar a viagem Englert, sai por US$ 4,5 mil e não inclui hospedagem. A China ganhou tanta importância que, em 2017, a consultoria abriu escritório em Pequim e, há seis meses, outro em Xangai.

Alavancas

- Urbanização

300 milhões de chineses migraram do campo para as cidades

- Escala global

Modelo mental de obsessão por crescimento

- Classe média

300 milhões de chineses ingressaram na classe média

- Educação

7,5 milhões por ano concluem faculdade

- Internet

800 milhões de acessos

- Governo

Tem forte presença nos negócios

 

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Fonte:
Xinhua (estatal chinesa)

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