Reino Unido se une à Alemanha em críticas à ameaças de Macron ao Brasil e Mercosul

Publicado em 24/08/2019 14:30

BIARRITZ, França (Reuters) - O Reino Unido uniu-se à Alemanha neste sábado em críticas à decisão do presidente francês, Emmanuel Macron, de obstruir um acordo comercial entre a União Europeia e o grupo Mercosul dos países sul-americanos para pressionar o Brasil contra incêndios florestais na Amazônia.

Em uma declaração surpresa na sexta-feira, Macron disse que havia decidido se opor ao acordo UE-Mercosul e acusou o presidente brasileiro Jair Bolsonaro de mentir quando minimizou as preocupações com as mudanças climáticas.

Depois de desembarcar no balneário francês de Biarritz, acontece uma cúpula de países do G7, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, criticou a decisão, um dia depois que o escritório da chanceler alemã Angela Merkel fez o mesmo em Berlim.

"Há todo tipo de pessoa que usará qualquer desculpa para interferir no comércio e frustrar os acordos comerciais, e eu não quero ver isso", disse Johnson a repórteres.

Na sexta-feira, um porta-voz de Merkel disse que não concluir o acordo comercial com os países Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai do Mercosul "não é a resposta apropriada para o que está acontecendo no Brasil agora".

"A não conclusão do acordo do Mercosul não ajudaria a reduzir a destruição das florestas no Brasil", acrescentou o porta-voz. 

Uma autoridade do escritório de Macron disse que o líder francês mais tarde explicou sua posição a Merkel. "É algo que o presidente explicou para a chanceler para que ela entenda a posição que ele assumiu ontem e é algo que ela entendeu muito bem", disse.

Na quinta-feira, Macron e o secretário-geral da ONU, António Guterres, expressaram preocupação com os incêndios que assolam a Amazônia, mas Bolsonaro respondeu irritado ao que ele considerava intromissão.

O escritório de Macron disse na sexta-feira que as decisões de Bolsonaro nas últimas semanas mostraram que ele decidiu não respeitar os compromissos climáticos que assumiu com a França na última cúpula do G20 em Osaka, Japão. "O presidente só pode concluir que o presidente Bolsonaro mentiu para ele durante a cúpula de Osaka", acrescentou o Palácio do Eliseu.

Bolsonaro rejeitou o que chama de interferência estrangeira nos assuntos internos do Brasil, onde áreas da floresta amazônica estão em chamas. Ele disse que o exército foi enviado para ajudar a combater os incêndios.

Os ambientalistas culparam o desmatamento pelo aumento de incêndios e acusam o presidente Bolsonaro de relaxar a proteção de uma vasta armadilha de carbono e fator climático crucial para combater a mudança climática global.

A França há muito expressa reservas sobre o acordo com o Mercosul, com Macron alertando em junho que ele não assinaria se Bolsonaro desistisse do acordo climático de Paris.

A França está preocupada com o impacto em sua vasta indústria agrícola das importações da América do Sul, que não teriam que respeitar os rígidos regulamentos ambientais da UE.

Disputas globais devem abalar cúpula do G7 em Biarritz; pauta inclui comércio e clima

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  • BIARRITZ, França (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chegou à França neste sábado para o que promete ser uma reunião difícil das principais nações industrializadas, com atritos envolvendo comércio, mudanças climáticas e o Irã provavelmente atrapalhando as negociações.

A reunião de três dias do G7 no balneário francês de Biarritz ocorre em meio a diferenças acentuadas sobre uma série de questões globais que correm o risco de dividir ainda mais um grupo de países que já lutam para falar a uma só voz.

O anfitrião da cúpula, o presidente da França, Emmanuel Macron, quer que os líderes do Reino Unido, Canadá, Alemanha, Itália, Japão e EUA se concentrem na defesa da democracia, igualdade de gênero, educação e meio ambiente e convidou líderes asiáticos, africanos e latino-americanos a se unirem para um impulso global sobre essas questões.

No entanto, em uma avaliação sombria das relações entre aliados outrora próximos, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, disse que está ficando "cada vez mais" difícil encontrar um terreno comum.

"Esta é outra cúpula do G7, que será um teste difícil de unidade e solidariedade do mundo livre e de seus líderes", disse ele a repórteres antes do encontro de Biarritz. "Este pode ser o último momento para restaurar nossa comunidade política."

Uma série desagradável de disputas e problemas aguardam os líderes, com o agravamento da guerra comercial entre a China e os EUA, os governos europeus lutando para amenizar as tensões entre Washington e Teerã e a condenação global crescente por incêndios ilegais que estão devastando a Amazônia.

Trump levou a cúpula do G7 do ano passado a um fim deprimente, saindo do encontro no Canadá mais cedo e rejeitando o comunicado final. Neste sábado, ele parecia mais otimista.

Trump, que se negou a assinar a declaração final da cúpula do G7 realizada há um ano no Canadá, manterá reuniões bilaterais com os governantes da França, Alemanha, Reino Unido, Canadá, Japão, Índia e Egito, entre outros líderes políticos.

Recentemente, Trump afirmou que gostaria de que Rússia voltasse a fazer parte do G7, grupo dos países mais desenvolvidos do mundo, formado por Estados Unidos, Alemanha, Japão, França, Reino Unido, Canadá e Itália.

ESTREIA DE JOHNSON

Horas antes de partir para Biarritz, Trump reagiu com furor à decisão da China de impor tarifas retaliatórias a mais produtos norte-americanos, mesmo dizendo na sexta-feira que ele estava ordenando que as empresas norte-americanas procurassem maneiras de fechar suas operações na China.

Trump também mirou o novo imposto da França sobre grandes empresas de tecnologia, ameaçando taxar o vinho francês "como nunca haviam visto antes". Tusk alertou que a União Europeia responderia em espécie se Washington visasse o imposto digital.

O presidente da China, Xi Jinping, não está entre os líderes asiáticos convidados para Biarritz. A China disse no sábado que se opôs fortemente à decisão de Washington de cobrar tarifas adicionais de 550 bilhões de dólares em mercadorias chinesas e alertou os EUA sobre as consequências se não encerrar suas "ações erradas".

Além da dinâmica imprevisível entre os líderes do G7, estão as novas realidades enfrentadas pelo Reino Unido ligadas ao Brexit: influência minguante na Europa e crescente dependência dos EUA.

O novo primeiro-ministro, Boris Johnson, desejará encontrar um equilíbrio entre não alienar os aliados europeus do Reino Unido e não irritar Trump e, possivelmente, comprometer futuros laços comerciais. Johnson e Trump manterão conversações bilaterais no domingo de manhã.

Mesmo assim, diplomatas minimizam a probabilidade de Trump e Johnson darem as mãos contra o resto, citando o estreito alinhamento da política externa britânica com a Europa em questões do Irã e do comércio às mudanças climáticas.

"Não haverá um G5 + 2", disse um diplomata do G7.

Johnson, que prometeu tirar a o Reino Unido da UE em 31 de outubro, disse antes da cúpula que o país não se retiraria de suas responsabilidades no cenário mundial após o Brexit, nem sacrificaria sua crença na ordem global.

As observações foram uma resposta àqueles que dizem que deixar a União Europeia diminuirá a influência do Reino Unido no cenário global e forçará um pivô à abordagem pouco ortodoxa e frequentemente confrontadora de Trump à diplomacia.

 

 

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Fonte:
Agencia Brasil/Reuters

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