EUA apoiam Brasil para entrada na OCDE no lugar da Argentina; Bolsonaro comemora

Publicado em 15/01/2020 08:39

Os Estados Unidos planejam apoiar a proposta do Brasil de entrar na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) no lugar da Argentina, confirmou o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Ernesto Araújo, na noite de terça-feira.

Os planos do governo dos EUA, depois de ter dito anteriormente que queria que a Argentina fosse o próximo país a se juntar ao clube de nações mais ricas, é uma vitória para o governo do presidente Jair Bolsonaro, um admirador do presidente norte-americano, Donald Trump, e que busca laços mais próximos com Washington desde que assumiu o poder no ano passado.

"Anúncio americano de prioridade ao Brasil para ingresso na OCDE comprova uma vez mais que estamos construindo uma parceria sólida com os EUA, capaz de gerar resultados de curto, médio e longo prazo, em benefício da transformação do Brasil na grande nação que sempre quisemos ser", disse Araújo no Twitter.

A notícia foi divulgada primeiramente pelo jornal Folha de S.Paulo e confirmada por duas fontes à Reuters antes da publicação do chanceler. A embaixada norte-americana em Brasília não tinha um comentário de imediato.

Apoiar a entrada do Brasil na OCDE era visto por muitos como um benefício tangível do alinhamento ideológico entre Bolsonaro e Trump, que tem buscado deixar para trás anos de disputas comerciais e desconfiança política entre os dois países para construir um relacionamento mais próximo.

A associação à OCDE é vista como um selo de aprovação que aumentaria a confiança dos investidores no governo e na economia do Brasil.

No entanto, a tentativa do Brasil de ingressar no clube vinha encontrando alguma resistência em Washington, e Bolsonaro ficou desapontado quando Trump não cumpriu inicialmente sua promessa de apoio ao Brasil e o país teve que se contentar com a vontade dos EUA de esperar a Argentina.

A eleição do presidente de esquerda argentino, Alberto Fernández, parece ter feito o Brasil subir na fila.

Mesmo assim, não é provável que a adesão seja imediata.

Em outubro, Bolsonaro disse que a adesão à OCDE era um processo prolongado e que o Brasil levaria até um ano e meio para se tornar membro. Na América Latina, apenas Chile e México estão no clube, enquanto a Colômbia está a caminho de ingressar em breve.

Bolsonaro: “Estamos bastante adiantados, inclusive na frente da Argentina”

Jair Bolsonaro, nesta quarta-feira, comentou o apoio dos Estados Unidos à entrada do Brasil na OCDE.

Ele disse:

“São mais de cem requisitos para você ser aceito. Estamos bastante adiantados, inclusive na frente da Argentina. E as vantagens para o Brasil são muitas. Equivale ao país entrar na primeira divisão. A gente vinha trabalhando há meses em cima disso, de forma reservada, obviamente.”

Chanceler Ernesto Araújo comemora a "excelente notícia"

O Brasil atropelou a Argentina na fila da OCDE.

Ernesto Araújo comemorou a excelente notícia no Twitter:

“Anúncio americano de prioridade ao Brasil para ingresso na OCDE comprova uma vez mais que estamos construindo uma parceria sólida com os EUA, capaz de gerar resultados de curto, médio e longo prazo, em benefício da transformação do Brasil na grande nação que sempre quisemos ser.”

“O governo brasileiro está trabalhando para alinhar as suas políticas econômicas aos padrões da OCDE enquanto prioriza a adesão à organização para reforçar as suas reformas políticas”, disse a embaixada dos EUA em Brasília.

Em outubro, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, enviou um documento ao secretário-geral da OCDE, Ángel Gurría, em que dizia que Washington defendia as candidaturas imediatas apenas de Argentina e Romênia.

Agora, porém, após a mudança no governo –com Mauricio Macri substituído pelo peronista Alberto Fernández–, os EUA passaram a considerar que a Argentina deixou de ver a entrada no “clube dos países ricos” como prioridade.

“Gente graúda animada”, diz a Folha

“Gente graúda de empresas e finança parece animada com o governo de Jair Bolsonaro em 2020, a julgar por uma rodada de conversas e por declarações dispersas pelos jornais”, diz Vinicius Torres Freire, da Folha de S. Paulo.

“Não é pesquisa, é ‘evidência anedótica’, mas a diferença de tom é notável em relação a meados do ano que passou e mesmo aos humores já melhorados de fins de 2019, depois de aprovada a reforma da Previdência (…).

Trata-se em geral do seguinte: 1) governo e Congresso teriam chegado a algum modelo de convivência; 2) a ‘interlocução’ dos congressistas com empresários seria ‘muito boa’; 3) não há oposição capaz de abalar esse esquema e há paz política ‘nas ruas’”.

Fonte: Reuters/O Antagonista

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