Guedes luta contra os rentistas: "É melhor termos câmbio a R$ 4,00 do que juros nas alturas"

Publicado em 13/02/2020 05:00

O ministro da Economia, Paulo Guedes, destacou nesta quarta-feira , 12, a queda dos gastos com a dívida pública. Ao comentar que no primeiro ano do governo Bolsonaro a equipe trabalhou para atacar o "principal fonte" de despesa, que é a Previdência. Guedes lembrou que a segunda grande fonte de despesas são os "rentistas". "São R$ 400 bilhões em juros da dívida, inaceitável".

Como mostrou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, cálculos do Ministério da Economia indicam que a redução da Selic gerou, apenas no ano passado, uma economia de R$ 68,9 bilhões no serviço da dívida. O montante é superior a todo o investimento feito pelo governo federal em 2019, de R$ 56,6 bilhões. Em quatro anos, até 2022, sem mudanças nas condições, essa economia seria de R$ 417,6 bilhões, sendo R$ 120 bilhões só neste ano.

"Gastamos R$ 70 bi a menos em juros em 2019, economia será de R$ 120 bi em 2020", disse Guedes, que participa de evento promovido pelo Grupo Voto.

O ministro da Economia ainda afirmou que os gastos com a dívida eram ignorados pelos governos anteriores, o que deixou a iniciativa privada "apanhando", enquanto o setor financeiro celebrava. "Coloca juros na lua e todo mundo te respeita na Faria Lima. Governos passados compraram respeito da Faria Lima com juros nas alturas", disse. "Sei porque estava do outro lado da cerca. Era muito bom. Setor privado apanhando e o setor financeiro sempre celebrando. ministro da Fazenda, Banco Central Ministro feliz que vai em todos os jantares com banqueiros. Com apenas R$ 10 bilhões no Bolsa Família, PT ganhou 4 eleições seguidas", disse.

Segundo o ministro, depois de devolver R$ 126 bilhões no ano passado ao Tesouro, o BNDES vai devolver bastante dinheiro à União também neste ano. Guedes não citou quanto o banco de fomento pagará antecipadamente ao Tesouro em 2020.

Guedes mais uma vez citou a mudança de mix entre câmbio e juros no País. "É melhor termos juros a 4% e câmbio a R$ 4,00, do que câmbio a R$ 1,80 e juros de 14%, nas alturas", repetiu.

Guedes diz que, com câmbio baixo, até empregada doméstica estava indo para Disney

O ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu nesta quarta-feira o atual patamar da taxa de câmbio e afirmou que "não tem negócio de câmbio a R$ 1,80", o que estaria desincentivando até mesmo o turismo interno. "Todo mundo indo pra Disneylândia. Empregada doméstica indo pra Disneylândia. Uma festa danada. Peraí. Vai passear ali em Foz de Iguaçu, vai passear ali no Nordeste, cheio de praia bonita. Vai pra Cachoeiro de Itapemirim, vai conhecer onde o Roberto Carlos nasceu. Vai passear no Brasil, vai conhecer o Brasil, que tá cheio de coisa bonita pra ver", afirmou Guedes, em palestra no evento realizado em Brasília no final da tarde desta quarta-feira, 12.

O ministro, que recentemente se envolveu em polêmica ao comparar a categoria de servidores a "parasitas", tentou depois minimizar a afirmação, dizendo que o câmbio mais baixo estaria permitindo todo mundo ir para a Disney, até as classes mais baixas. "Todo mundo tem que ir para Disneylândia conhecer Walt Disney. Mas não ir três, quatro vezes ao ano, até porque o dólar a R$ 1,80, tinha gente indo quatro vezes ao ano. Vai aqui para Foz do Iguaçu, Chapada da Diamantina, conhece um pouco do Brasil, conhece a selva amazônica e, da quarta vez, conhece a Disneylândia. Então, é só isso que digo. Mudamos o mix", tentou corrigir.

Na avaliação do ministro, uma taxa de câmbio mais alta é "boa para todo mundo". Ele mais uma vez citou a mudança de mix entre câmbio e juros no País. "É melhor termos juros a 4% e câmbio a R$ 4,00, do que câmbio a R$ 1,80 e juros de 14%, nas alturas", repetiu. "O câmbio não está nervoso, mudou para R$ 4,00. O modelo não é juro na lua e câmbio baixo, desindustrializando o Brasil", acrescentou.

Segundo dados da PNAD Contínua do IBGE, o País tinha até novembro de 2019 6,356 milhões de trabalhadores domésticos. O rendimento médio mensal da categoria era de R$ 897,00 no mesmo período, cerca de US$ 206,00 pelo fechamento da moeda norte-americana nesta quarta-feira.

Fonte: Estadão Conteúdo

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