Coronavírus leva Ibovespa a nova mínima; Alívio temporário provoca queda dos juros futuros

Publicado em 27/02/2020 18:45

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Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa teve nova queda nesta quinta-feira, noutra sessão volátil devido às preocupações com a propagação do coronavírus e seus reflexos na economia mundial, mas com bancos atenuando a pressão negativa, enquanto Ambev foi destaque de baixa após prognóstico de cenário difícil para o começo de 2020.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 2,59%, a 102.983,54 pontos, mínima de fechamento desde 9 de outubro, após ter chegado a subir durante a sessão. O giro financeiro do dia somou 39,7 bilhões de reais.

"O movimento de hoje corrobora que, ao menos no curto prazo, a volatilidade veio para ficar", afirmou o analista Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos.

A queda foi bem menor do que os 7% na véspera, quando as ações brasileiras ajustaram-se a fortes perdas nos mercados globais no começo da semana, em meio à rápida disseminação do coronavírus para outros países além da China.

A equipe da gestora de recursos Safari Capital destacou que a volatilidade extrema dos últimos dias incomoda, mas ressaltou que momentos de pânico no mercado também abrem oportunidades.

Apesar do fechamento ainda negativo, o Ibovespa apresentou um melhor desempenho que o norte-americano S&P 500, que terminou o dia em baixa de X%.

O Goldman Sachs cortou suas previsões para os lucros das empresas dos Estados Unidos em razão dos efeitos do coronavírus e agora espera estagnação em 2020 ante o ano passado.

O novo coronavírus atingiu principalmente a China, mas já se espalhou para mais de 40 países, incluindo os Estados Unidos. O Brasil confirmou na quarta-feira o primeiro caso de infecção em um paciente de São Paulo.

O ritmo de contágio nesses últimos dias trouxe apreensão quanto a um efeito na atividade global ainda maior do que o estimado quando os casos estavam concentrados na China, onde o cenário sugere desaceleração na velocidade de propagação. Algumas casas já cortaram previsões para o PIB global.

Agentes financeiros também monitoram o cenário político, incluindo a polêmica entre o presidente Jair Bolsonaro e o Congresso, após ele compartilhar vídeo que convite a população a participar de manifestações contra os parlamentares.

"O temor é que possa haver algum impacto no calendário de aprovação das reformas", destacou a equipe da XP Investimentos.

DESTAQUES

- AMBEV ON despencou 8,34%, tendo tocado mínima desde outubro de 2018 no pior momento, a 14,28 reais, após reportar queda no lucro operacional medido pelo Ebitda e em margens, bem como aumento nos custos, que espera que continue pesando neste primeiro trimestre.

- ITAÚ UNIBANCO PN fechou com alta de 0,06% e BRADESCO PN caiu 0,43%. BANCO DO BRASIL ON avançou 1,24%, mas SANTANDER BRASIL UNIT cedeu 0,55% e BTG PACTUAL desvalorizou-se 2,45%.

- VALE ON caiu 1,94%, em meio ao cenário de menor crescimento global, que também derrubou os preços do minério de ferro na China. Agentes financeiros também acompanham os desdobramentos relacionados ao navio carregado de minério da companhia que está encalhado na costa do Maranhão.

- PETROBRAS PN e PETROBRAS ON recuaram 3,47% e 3,42%, respectivamente, acompanhando o recuo dos preços do petróleo no exterior.

- IRB BRASIL ON avançou 6,66%, tendo no radar que a Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, praticamente triplicou a fatia que detinha na resseguradora em fevereiro, de acordo com reportagem do jornal O Estado de S. Paulo

- GOL PN e AZUL PN caíram 8,9% e 6,47%, afetadas pelas preocupações sobre a demanda de viagens com o coronavírus se espalhando por destinos como Europa e Estados Unidos, bem como pela alta do dólar em relação ao real, para níveis recordes. CVC BRASIL ON perdeu 4,27%.

Alívio temporário no exterior provoca queda dos juros futuros (Estadão)

A diminuição temporária da aversão ao risco nos mercados globais refletiu-se na queda em toda a curva dos juros futuros na etapa regular, em uma recalibragem dos movimentos bruscos da véspera. Enquanto o trecho mais curto manteve a tendência da manhã, o médio e o longo mudaram de sinal, à medida que o coronavírus e seus efeitos na economia global seguem no centro das atenções dos investidores da renda fixa. No ajuste da estendida, contudo, as taxas reduziram a baixa, com a piora do cenário externo.

A taxa do Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 caiu de 4,195% ontem para 4,150% (regular) e 4,165% (estendida) hoje. O contrato para janeiro de 2022 recuou de 4,761% para 4,660% (regular) e 4,700% (estendida). O janeiro 2023 passou de 5,372% para 5,270% (regular) e 5,340% (estendida). O janeiro 2025 cedeu de 6,192% para 6,120% (regular) e 6,190% (estendida). E o janeiro 2027 foi de 6,631% para 6,570% na regular, mas subiu para 6,650% na estendida.

O movimento de alívio nas taxas teve início por volta das 13h30, em sintonia com os demais mercados, especialmente o cambial. "Com esta aversão ao risco estancando, sobra um pouco mais de espaço para operar o fundamento", afirmou o trader da Quantitas Asset Management, Matheus Gallina. "No meio de um tumulto muito grande, houve quem exagerou na correção. A partir de então (diminuição da tensão) ficou um pouco mais a racionalidade."

Os próximos movimentos do mercado, contudo, inspiram cuidados. A gestora de renda fixa da MAG Investimentos, Patricia Pereira, ressaltou que é muito cedo para falar que a melhora do mercado é uma constante. "Houve temporariamente um movimento de interrupção de piora externa", disse.

O mercado recebeu ainda positivamente a antecipação, para ontem, do anúncio das ofertas de títulos para os leilões de hoje, com volumes menores que os anteriores.

"Quando observamos o mercado mais volátil, antecipamos a portaria com os lotes dos leilões. Nesse caso, buscamos evitar que a expectativa de investidores, especialmente após o feriado de carnaval, aumentasse a volatilidade do mercado", explicou nesta tarde o coordenador-geral de operações da Dívida Pública, Luis Felipe Vital. Ele disse, contudo, que a regra geral continua sendo anúncio no mesmo dia do leilão.

O órgão ofertou 1,5 milhão de LTN e 100 mil NTN-F, e vendeu integralmente os dois lotes. Por sua vez, da oferta de 1 milhão de LFT, foi vendido apenas 183.450.

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Fonte:
Reuters/Agencia Estado

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