Onda do coronavírus chegou e vai passar; a do desemprego não pode chegar porque demora, diz Bolsonaro

Publicado em 26/03/2020 21:01

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro disse, em transmissão nas redes sociais na noite desta quinta-feira, que a onda do novo coronavírus chegou ao país e vai passar, mas resssalvou que não pode chegar aqui a onda do desemprego, que demora a passar.

"Nós precisamos de emprego no Brasil, manutenção (do emprego), estamos tomando várias medidas para que o emprego seja garantido", assegurou.

Em tom de alerta, o presidente disse que "sem grana" as pessoas podem morrer de fome, levar à depressão e ao suicídio, além de aumentar os índices de violência.

Bolsonaro repetiu que "erraram na dose" alguns poucos governadores e prefeitos que tomaram medidas mais drásticas de isolamento social no país. Citou que, para combater o vírus, "estão matando o paciente".

Segundo o presidente, esse vírus é igual a uma chuva, em que quando o tempo fecha as pessoas vão se molhar. Ele voltou a defender uma eventual adoção do chamado isolamento vertical, no qual apenas grupos de risco para a enfermidade são isolados. Essa medida, entretanto, não foi adotada oficialmente como protocolo de atuação no combate ao coronavírus pelo Ministério da Saúde.

"A primeira pessoa que tem que se preocupar com grupo de risco é você", disse, ao ressalvar que o governo não pode fazer tudo.

O presidente disse, novamente, que o brasileiro tem de ser estudado, numa consideração sobre uma suposta imunidade alta que teria naturalmente. Sem uma comprovação científica, ele citou que o brasileiro pula em esgoto e mesmo assim não pega doenças.

Bolsonaro afirmou que vai apresentar um projeto de lei, com regime de urgência, para garantir o pagamento da décima terceira parcela do programa Bolsa Família.

COMBUSTÍVEIS

Na transmissão, Bolsonaro exaltou o fato de que o preço dos combustíveis no país recuou cerca de 40% na refinaria. Disse que não vai interferir na política de preços da Petrobras, embora tenha dito que poderia fazer isso e que chegou a ligar para o presidente da estatal, Roberto Castello Branco.

Ele voltou a defender que esse percentual de queda chegue aos postos de abastecimento.

Bolsonaro diz que renda temporária a vulneráveis pode chegar a R$ 600

(Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira que a renda emergencial aos chamados vulneráveis durante a crise causada pelo coronavírus pode chegar a pagamentos mensais de 600 reais por três meses, e reforçou que o desemprego provocado pelo pânico será muito pior do que os efeitos diretos da própria doença.

O valor citado por Bolsonaro é superior aos 500 reais previstos inicialmente em projeto de lei em votação na Câmara dos Deputados. Antes disso, o valor proposto pelo governo era de 200 reais.

"Está em 500, talvez passe para 600", disse Bolsonaro em entrevista coletiva no Palácio da Alvorada, acrescentando que negociou o aumento proposto com o ministro da Economia, Paulo Guedes.

De acordo com o projeto em tramitação no Congresso, terão direito ao auxílio trabalhadores informais e microempreendedores individuais, e aqueles com renda familiar mensal per capita de até meio salário mínimo, ou renda familiar mensal total até três salários mínimos, entre outros.

O presidente disse que é necessário evitar o desemprego como forma de evitar um aumento na taxa de violência. "Podemos ter saques, podemos virar uma terra de ninguém. Temos de evitar isso a qualquer custo", destacou.

Bolsonaro afirmou também que o governo vai editar medida provisória para ajudar pequenas e médias empresas, com pagamento de parte dos salários dos empregados, cobrando em contrapartida a manutenção dos empregos.

Segundo ele, uma nova versão da MP que altera contratos de trabalho durante a pandemia do novo coronavírus está pronta. O presidente admitiu que foi um "erro" a medida provisória editada no início da semana que suspendia por 4 meses a vigência de contratos sem pagamento de salários.

Essa MP foi alvo de fortes críticas públicas da oposição e de aliados, e logo em seguida o presidente revogou seu artigo mais polêmico. Na entrevista, ele admitiu que houve uma "falha".

"Como estava ali, pelo amor de Deus, sem salário, sem comentário", disse. "Aquilo não existia", completou, ao atribuir o erro a um "digitador".

Novamente, Bolsonaro afirmou que alguns prefeitos e governadores erraram na dose ao decretar medidas restritivas de isolamento social por conta da pandemia, e que o "povo foi enganado", uma vez que algumas medidas já estão sendo revistas.

"Povo tem que trabalhar, quer trabalhar", disse. "O turismo passou para zero, ninguém faz mais turismo. Rede hoteleira passou para zero ou está com 10%. Nada está funcionando. Esta onda é muito maior do que este vírus, essa pânico, essa histeria."

Em um tom mais bem-humorado com jornalistas que nos últimos dias, o presidente brincou com a suposta imunidade alta que os brasileiros teriam. Para ele, o brasileiro tem que ser estudado porque "não pega nada". Disse ainda achar que muita gente já foi infectada no Brasil e já tem anticorpos.

Em reunião do G20, Bolsonaro defende empregos e uso da hidroxicloroquina contra coronavírus

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro levou à cúpula virtual do G20, nesta quinta-feira, o mesmo discurso que tem defendido internamente no combate ao coronavírus, de defender a saúde das pessoas mas também os empregos, e levantou mais uma vez o uso da hidroxicloroquina como tratamento para Covid-19, mesmo sem pesquisas conclusivas.

"O presidente concentrou-se em falar da necessidade de proteger a saúde das pessoas e ao mesmo tempo proteger os empregos, pensando prioritariamente nas pessoas mais vulneráveis. Falou do avanço das pesquisas, no Brasil, nos Estados Unidos e em outros lugares, sobre o tratamento com hidroxicloroquina", disse à Reuters uma fonte diplomática.

Em fotos distribuídas pelo Palácio do Planalto, Bolsonaro aparece com uma das versões do medicamento usado contra malária, produzido por um laboratório brasileiro, na mesa a sua frente. Em outra, enquanto está falando, segura a caixa do medicamento.

Bolsonaro tem sido criticado por falar constantemente no uso da hidroxicloroquina para tratar o coronavírus, apesar da falta de resultados conclusivos. Depois da fala do presidente norte-americano, Donald Trump, dizendo que algumas pesquisas na área eram promissoras, Bolsonaro repetiu a informação, o que ajudou a promover uma corrida às farmácias atrás dos medicamentos.

Na quarta-feira, o Ministério da Saúde decidiu abrir um estudo nacional e anunciou que vai adotar a cloroquina no tratamento de casos graves de infecção pelo novo coronavírus, mas ressaltou que o medicamento não deve ser usado fora de ambientes hospitalares.

O ministro da Saúde, Henrique Mandetta, disse que a intenção é deixar o medicamento à disposição dos médicos para o caso de decidirem usar em pacientes graves, com determinadas condições, que possam responder ao medicamento.

De acordo com a fonte diplomática, a reunião do G20 concentrou-se em encontrar meios de cooperação e de como os países devem agir para enfrentar a epidemia, mas também deixar os fluxos de comércio abertos e manter as cadeias de suprimento.

Em comunicado conjunto após o encontro, o G20 disse que fará "o que for preciso" para superar a crise do coronavírus e que vai injetar 5 trilhões de dólares na economia global através de medidas nacionais como parte de seus esforços para diminuir o impacto da doença.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

STF suspende prazos processuais em todas as ações ligadas ao RS
Wall St salta com dados de empregos nos EUA reforçando hipótese de cortes nos juros
Dólar cai ao menor valor em quase um mês com dados fracos de emprego nos EUA
Ibovespa fecha em alta com melhora em perspectivas sobre juros nos EUA
Taxas futuras de juros têm nova queda firme no Brasil após dados de emprego nos EUA