Avanço do petróleo impulsiona Wall St em meio a disparada de dado do auxílio-desemprego

Publicado em 02/04/2020 18:42

(Reuters) - As ações dos Estados Unidos viveram um rali nesta quinta-feira, conforme esperanças de uma trégua em uma guerra de preços do petróleo entre a Arábia Saudita e a Rússia e de um corte na produção de petróleo impulsionaram ganhos, reduzindo o impacto de um salto chocante nos pedidos de auxílio-desemprego norte-americanos devido às paralisações ocasionadas pelo coronavírus.

O índice de energia do S&P, que recuou mais de 50% neste ano devido à guerra de preços entre Rússia e Arábia Saudita e preocupações com a demanda ocasionada pelo coronavírus, o que tem causado a queda dos preços do petróleo, subiu 9,08%.

A Arábia Saudita tem solicitado uma reunião de emergência dos produtores de petróleo, enquanto o presidente dos EUA, Donald Trump, disse esperar que a Arábia Saudita e a Rússia reduzam a produção entre 10 a 15 milhões de barris por dia. Isso ajudou os contratos futuros de petróleo dos EUA a se estabelecerem em alta de 24,7% e o barril de petróleo Tipo Brent avançar 21,5%, os maiores ganhos percentuais diários já registrados.

Ainda assim, os principais índices adentraram o território negativo várias vezes antes de um tardio rali elevar as ações para fecharem próximas às máximas da sessão.

"O mercado apanhou tanto, você não tem um rali como esse a menos que haja muita gente pensando que isso foi exagerado", disse JJ Kinahan, estrategista-chefe de mercado da TD Ameritrade em Chicago.

O Dow Jones Industrial Average avançou 2,24%, para 21.413,44 pontos, o S&P 500 valorizou 2,28%, para 2.526,9 pontos e o Nasdaq Composite ganhou 1,72%, para 7.487,31 pontos.

A lista das principais ações com alta do índice S&P 500 estava cheia de empresas de petróleo. A Occidental Petroleum subiu 18,90%, com nomes como Apache Corp e Halliburton também obtendo valorizações percentuais de dois dígitos.

Uma alta nos preços ainda pode não ser suficiente para salvar algumas das empresas de xisto norte-americanas carregadas de dívidas e que estão à beira da falência à medida que a demanda continua a cair devido à pandemia do coronavírus.

Os analistas preveem um declínio adicional nas ações dos EUA, uma vez que as paralisações em todo o país para limitar a propagação do vírus resultam em um hiato virtual da atividade comercial e força as empresas a demitirem funcionários e a economizarem dinheiro.

Preços do petróleo têm maior alta diária da história após comentários de Trump

NOVA YORK (Reuters) - Os preços do petróleo registraram nesta quinta-feira os maiores ganhos diários da história, depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmar que espera que Rússia e Arábia Saudita anunciem um grande corte de produção, e de a imprensa estatal saudita noticiar que o reino convocou uma reunião emergencial de produtores para lidar com o atual cenário do mercado.

Trump disse que conversou com o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, e que espera que Arábia Saudita e Rússia cortem produção em até 10 milhões ou 15 milhões de barris, uma vez que ambos os países deram sinais de que estão dispostos a chegar a um acordo.

Trump não especificou se os números são representados em barris por dia (bpd), embora o mercado expresse oferta e demanda dessa forma. Um acordo desse tamanho, no entanto, necessitaria da participação de outros grandes produtores de fora da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

A Arábia Saudita, enquanto isso, anunciou que vai convocar uma reunião de emergência da Opep, segundo a mídia estatal do país. O Wall Street Journal, na sequência, reportou que o reino consideraria reduzir sua produção para 9 milhões de bpd, ou cerca de 3 milhões de bpd a menos do que planejava bombear em abril.

Os contratos futuros do petróleo Brent fecharam em alta de 5,20 dólares, ou 21%, a 29,94 dólares por barril, enquanto o petróleo dos EUA avançou 5,01 dólares, ou 24,7%, a 25,32 dólares o barril.

"A questão acaba sendo se eles conseguirão concordar em algo. Foram algumas semanas de Brent a 25 dólares e WTI a 20 dólares, e parece que agora os russos estão mais propensos à abordagem do que há um mês", disse Gene McGillian, vice-presidentem de Pesquisa de Mercado da Tradition Energy em Stamford, Connecticut.

Petrobras endossa alta do Ibovespa com disparada do petróleo

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em alta nesta quinta-feira, ajudado principalmente pela forte valorização das ações da Petrobras, na esteira da disparada do petróleo no mercado externo, enquanto incertezas relacionadas à pandemia de Covid-19 continuam adicionando volatilidade.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 1,81%, a 72.253,46 pontos. O volume financeiro somou 23,3 bilhões de reais.

A alta veio após duas quedas seguidas, período em que o Ibovespa acumulou declínio de 4,9%.

"Hoje, quem dominou o mercado foi o petróleo e tirou da frente do investidor um componente de aversão ao risco importante", disse o analista da Clear Corretora, Rafael Ribeiro, citando comentários do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que espera acordo entre Rússia e Arábia Saudita para corte de produção da commodity.

Em Wall Street, o S&P 500 fechou em alta de 2,28%.

Trump disse nesta quinta-feira que conversou com o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, e que espera que sauditas e Rússia reduzam a produção de petróleo em cerca de 10 milhões de barris, com os dois países demonstrando vontade de fechar um acordo.

Ribeiro também destacou a notícia de que a China começou a comprar petróleo para reservas, aproveitando o preço baixo, como mais um componente para a alta dos preços. De acordo com reportagem da Bloomberg, o objetivo inicial era ter estoques governamentais equivalentes a 90 dias de importações líquidas.

Mas a sessão também trouxe dados reforçando as preocupações com os efeitos do novo coronavírus nas economias, principalmente na norte-americana, onde os pedidos de auxílio-desemprego mais do que dobram para 6,65 milhões na semana encerrada em 28 de março, acima do esperado por economistas.

"Devemos estar cientes que essa é uma crise temporária, que contará com começo, meio e fim, mas que afetará de forma significativa o crescimento econômico ao menos no curto prazo", destacou a equipe de estratégia do Safra, em relatório a clientes nesta quinta-feira.

DESTAQUES

- PETROBRAS PN subiu 8,46% e PETROBRAS ON avançou 8,59%, impulsionadas pela alta dos preços do petróleo. A companhia também anunciou nova descoberta de óleo no pré-sal, em poço pioneiro no bloco Uirapuru, na bacia de Santos.

- LOCALIZA ON fechou em alta de 10,3%, encerrando uma série de quatro pregões de baixa, período em que acumulou queda de mais de 30%, afetada por preocupações sobre demanda.

- CVC BRASIL ON valorizou-se 9%, em dia de recuperação, uma vez que também tem sido fortemente afetada pela pandemia.

- JBS ON caiu 4%, na ponta negativa, com o MARFRIG ON em baixa de 3,80%, após fecharem em alta na véspera, na contramão do mercado. BRF ON subiu 4,10%.

- VALE ON fechou em queda de 1,36%, apesar da alta dos preços do minério de ferro na China.

- ITAÚ UNIBANCO PN subiu 0,47% e BRADESCO PN avançou 0,55%, também ensaiando recuperação após forte quedas na quarta-feira. BANCO DO BRASIL ON encerrou com acréscimo de 1%.

Fonte: Reuters

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