Dólar tem maior alta em mais de 2 semanas com exterior e fecha em R$ 5,18

Publicado em 13/04/2020 17:55 e atualizado em 13/04/2020 21:19

Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar começou a semana em forte alta ante o real, puxado pelo movimento da moeda no exterior, numa segunda-feira de maior cautela em mercados de risco à medida que analistas se preparam para uma recessão econômica mundial.

O real esteve entre as moedas de pior desempenho na sessão, afetado adicionalmente por expectativas crescentes de que o juro no Brasil ficará ainda mais baixo para ajudar a economia a se recuperar depois de uma contração prevista do PIB de cerca de 2%, conforme projeções contidas no relatório Focus do Banco Central.

No plano global, o dólar teve ganhos frente a um conjunto de moedas de países emergentes --grupo listado por organismos internacionais como dos mais vulneráveis à crise atual.

Analistas do Goldman Sachs resumiram os temores de investidores: "ainda nos preocupamos que o custo econômico da recessão ditada pelo coronavírus pode superar em muito as expectativas do mercado",

O Goldman considera que, no atual contexto, as estratégias consistem na busca de ativos de maior qualidade em detrimento dos mais vulneráveis a ciclos econômicos e numa rotação de emergentes para mercados desenvolvidos. Dentro dos emergentes, o banco recomenda ativos com maior nota de crédito aos de maior yield, conforme nota a clientes.

O Brasil é considerado grau especulativo pelas três principais agências de classificação de risco e se encontra fora do "complexo high-yield", com a Selic na mínima histórica e podendo cair mais. Esse combo reduz a capacidade do país de atrair investimentos que poderiam ajudar a baixar o dólar.

No fechamento das operações no mercado à vista, o dólar subiu 1,86%, a 5,1855 reais na venda. É a maior valorização desde 27 de março.

Na B3, o dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 1,43%, a 5,1910 reais, às 17h19. Os negócios com dólar futuro na B3 se encerram às 18h (de Brasília).

A alta se manteve apesar de o Banco Central ter anunciado oferta extraordinária de 10 mil contratos de swap cambial tradicional pela manhã, com colocação integral dos contratos (no equivalente a 500 milhões de dólares).

Dólar volta a subir após quatro quedas consecutivas e fecha em R$ 5,18 (Estadão Conteúdo)

Em uma segunda-feira de baixo volume de negócios, o dólar voltou a subir, após ceder 4,3% na semana passada, em quatro sessões seguidas de baixa. Em dia de feriado na Europa e aumento da aversão a ativos de risco nos Estados Unidos, com investidores realizando ganhos recentes em pregão marcado por aumento da cautela, o dólar chegou a superar os R$ 5,20, levando o Banco Central a intervir novamente no mercado, injetando US$ 500 milhões por meio de contratos de swap (venda de dólar no mercado futuro). Na parte da tarde, o ritmo de alta perdeu um pouco de fôlego, mas a moeda americana ainda terminou com ganho de 1,75%, a R$ 5,1833.

O dia foi ruim para moedas emergentes no exterior, mas operadores também ressaltam que pesou um pouco o cenário político local, com a continuidade da relação complicada entre o Governo e o Congresso e entre o Planalto e o ministério da Saúde

Um gestor ressalta que preocupações com aumento de gastos públicos e dúvidas sobre o pacote de ajuda a Estados e municípios também tiveram influência, tanto que o real foi uma das divisas com pior desempenho nesta segunda no mercado internacional, junto com a lira turca e o peso mexicano. Na tarde desta segunda-feira, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, disse que o pacote de socorro terá alguns limites para evitar total descontrole fiscal.

"Há um sentimento de forte incerteza no exterior, refletindo a pandemia do coronavírus", afirma o diretor da Mirae Asset, Pablo Spyer. Ele destaca que agora começa a temporada de balanços corporativos nos Estados Unidos e será possível ver os primeiros impactos da crise nas operações e finanças das empresas. O clima é de pessimismo com os números trimestrais, acrescenta ele. Com isso, o dólar caiu ante divisas emergentes de forma generalizada

O economista-chefe do Banco Votorantim, Roberto Padovani, destaca que o mercado financeiro começa a oitava semana de muita volatilidade nos ativos. "As razões para este ambiente são as mesmas. Há muitas dúvidas sobre a dinâmica da pandemia no mundo. Investidores estão muito cautelosos sobre a intensidade da contração mundial", afirma em um áudio a clientes do banco. O reflexo é aversão a risco em alta, pressionando o dólar no mundo e no Brasil, destaca ele.

O Peterson Institute for International Economics (PIIE), centro de pesquisas e estudos de Washington, prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve encolher 6% em 2020 por causa da pandemia. A economia mundial deve ter contração de 3,4% e a dos Estados Unidos, cair 8%. "A pandemia está levando o mundo para uma recessão que é muito mais profunda que a registrada após a crise financeira mundial (de 2008)", ressalta a economista da instituição e da universidade de Harvard, Karen Dynan.

 

 

Fonte: Reuters

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