Dólar sobe com demanda por proteção em meio a receio sobre Covid-19

Publicado em 10/07/2020 09:45

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar subia ante o real na primeira meia hora de negócios nesta sexta-feira, refletindo dia mais arisco nos mercados externos em meio a renovadas preocupações sobre efeitos econômicos do coronavírus diante de um salto de novos casos nos Estados Unidos.

Às 9:29, o dólar avançava 0,45%, a 5,3679 reais na venda.

Na B3, o dólar futuro tinha alta de 0,64%, a 5,3810 reais.

No exterior, o dólar subia contra praticamente todos os seus principais rivais, com destaque para as altas ante divisas de perfil semelhante ao real, como peso mexicano, rand sul-africano e peso chileno, que perdiam entre 0,4% e 0,5%.

O receio do mercado é que as novas quarentenas impostas por alguns Estados norte-americanos prejudiquem a recuperação na maior economia do mundo, que ainda luta para sair da recessão.

Mais de 60.500 novas infecções por coronavírus foram relatadas nos Estados Unidos na quinta-feira, a maior contagem de casos em um único dia em qualquer país desde que o vírus surgiu no final do ano passado na China.

E no Brasil a pandemia também segue resiliente, com 42.619 novos casos de coronavírus na quinta, elevando o total para 1.755.779. Foram mais 1.220 mortes informadas na véspera, com o número agregado indo a 69.184. [nL1N2EG2HR]

"Frente ao aumento dos riscos do cenário, investidores optam por manter posições mais cautelosas", disse em nota Alejandro Ortiz Cruceno, da equipe econômica da Guide Investimentos e chamando atenção para a queda nos yields dos Treasuries e alta do ouro, ativos demandados em tempos de incerteza.

Do lado macro, o setor de serviços registrou queda em maio, ainda afetado pelas quarentenas impostas para conter a disseminação do Covid-19. E o IPCA de junho subiu em linha com as expectativas, o que orienta as atenções do mercado para eventuais leituras mais altas nos próximos meses. [nE6N2E701K] [nAQN02SOI5]

Em entrevista à Reuters na noite de quarta-feira, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que o BC precisa entender o impacto do crescimento na inflação para avaliar se ainda há espaço para corte residual nos juros básicos, complementando que dados na margem mostram inflação acima das expectativas. [nL1N2EG0K0]

Leituras de inflação mais altas poderiam barrar expectativas adicionais de cortes de juros pelo Banco Central, evitando nova deterioração nas análises de risco/retorno para o real.

(Por José de Castro; Edição de Paula Arend Laier)

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Wall St salta com dados de empregos nos EUA reforçando hipótese de cortes nos juros
Dólar cai ao menor valor em quase um mês com dados fracos de emprego nos EUA
Ibovespa fecha em alta com melhora em perspectivas sobre juros nos EUA
Taxas futuras de juros têm nova queda firme no Brasil após dados de emprego nos EUA
Brasil e Japão assinam acordos em agricultura e segurança cibernética