Dólar se afasta de mínimas do dia com apreensão sobre estímulo nos EUA

Publicado em 19/10/2020 18:49

Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar começou a semana em queda ante o real, com as operações domésticas seguindo a fraqueza da moeda norte-americana no exterior, mas a cotação fechou longe das mínimas da sessão, conforme investidores pesaram incertezas sobre aprovação de novos estímulos nos Estados Unidos em meio a persistente desconforto relacionado ao coronavírus.

O dólar à vista caiu 0,64% nesta segunda-feira, a 5,6055 reais na venda. A divisa oscilou entre queda de 1,31% (para 5,5675 reais) e alta de 0,10% (para 5,647 reais).

No exterior, o dólar cedia 0,29% no fim da tarde, depois de perder 0,53% na mínima da sessão.

Veja gráfico do dólar/real e do índice do dólar nesta segunda-feira:

O real revezou com o peso chileno a ponta de cima na lista de moedas em alta frente ao dólar nesta sessão. O mercado se apegou a comentários feitos no domingo pela presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi.

Segundo ela, embora permanecessem diferenças com o governo do presidente Donald Trump sobre um amplo pacote de alívio ao coronavírus, seria possível aprovar o estímulo antes das eleições.

Mas as incertezas sobre o "timing" de alcance de um acordo deram o tom na parte da tarde, já que, segundo Pelosi, para a aprovação de um texto antes das eleições seria preciso um acordo até terça-feira. Em Wall Street, os índices de ações abandonaram altas de mais cedo e fecharam em queda de mais de 1%, segundo dados preliminares.

Após o fechamento dos mercados, o porta-voz de Pelosi afirmou que a presidente da Câmara dos EUA espera que até terça haja "clareza" sobre se será possível aprovar um estímulo antes da eleição e que ela e Mnuchin estão reduzindo as diferenças.

No plano doméstico, o real segue afetado por incertezas no campo fiscal, o que fica evidente no tombo de 28,41% da moeda em 2020 --pior desempenho entre os principais pares.

Analistas do Morgan Stanley notaram que o real sofreu na semana passada o maior corte de posições compradas --ou seja, aquelas que ganham com a valorização da divisa brasileira-- na América Latina e em relação à semana anterior.

"Seguimos neutros no real, devido aos elevados riscos no noticiário e a um potencial aumento da volatilidade antes das eleições nos EUA", disseram analistas do banco em nota. Eles ponderam, contudo, que a "história de crescimento" do Brasil segue atrativa, o que pode beneficiar a moeda.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Ibovespa fecha em alta e retorna aos 160 mil pontos com política e inflação no radar
Brasil vive pior crise institucional desde a democratização e 2026 ainda não deve trazer mudança profunda
Dólar tem baixa firme ante o real com cancelamento de entrevista de Bolsonaro
Taxas dos DIs fecham com baixas leves em reação positiva após Bolsonaro cancelar entrevista
STF autoriza cirurgia de Bolsonaro no dia 25 de dezembro
Ações europeias fecham em nova máxima recorde com impulso de Novo Nordisk a setor de saúde