Ibovespa só deve se aproximar de máximas históricas em 2021

Publicado em 25/11/2020 09:39

Por Peter Frontini e Miguel Gutierrez e Gabriel Burin

SÃO PAULO/CIDADE DO MÉXICO/BUENOS AIRES (Reuters) - O principal índice de ações do Brasil só deve voltar a se aproximar de suas máximas históricas em meados do próximo ano e ainda assim pode não confirmar o movimento dado o risco de uma nova onda de contágio pelo coronavírus e receios com o cenário fiscal no país, segundo pesquisa da Reuters.

O Ibovespa deve zerar parte relevante do prejuízo com os efeitos econômicos do Covid-19 até o final de 2020, terminando o ano com uma um salto de 70% em relação às mínimas de março, mas ainda continuará relativamente distante do recorde de janeiro, quando quase bateu 120 mil pontos.

O coronavírus já matou quase 170 mil pessoas no Brasil, maior mercado acionário da América Latina.

Estrategistas estimam que o Ibovespa fechará este ano em 108 mil pontos - nível 1,6% abaixo do fechamento da terça-feira e 6,6% menor do que o encerramento de 2019 - e alcance 117.500 pontos até a metade de 2021, segundo a mediana de 10 estimativas compiladas pela Reuters entre 12 e 23 de novembro.

"O aumento das incertezas e um possível movimento de lockdowns se repetindo na Europa e nas Américas trazem um cenário mais denso que, caso se concretize, reduziria a velocidade de recuperação do Ibovespa", avalia o chefe de renda variável da Vero Investimentos, Alexandre Jung.

Outra razão que corrobora expectativas de que o Ibovespa não passe muito desse nível até o final de 2021 está relacionada à situação das contas públicas do país e os próximos passos do governo do presidente Jair Bolsonaro.

Na semana passada, a agência de classificação de risco Fitch Ratings reafirmou a nota de crédito soberano "BB-" para o Brasil, com perspectiva negativa, e chamou atenção aos riscos fiscais do país em um ambiente de incerteza política doméstica e ressurgimento global das infecções pelo coronavírus.

"Só uma definição sobre a agenda política e econômica fará com que os investidores voltem seus olhares para maior exposição em ativos de risco no país," disse Jung.

MÉXICO

De acordo com a pesquisa, no México, o índice S&P/BMV IPC deve retornar aos níveis pré-coronavírus no final do próximo ano, avançando para 46.000 pontos, enquanto as previsões sinalizam que fechará 2020 em 41.500 pontos. Embora distante de seu recorde de 2017 (51.713,28 pontos), a previsão para 2021 foi muito mais otimista do que a estimada em pesquisa realizada três meses atrás, em 42.600 pontos. Isso é explicado pela especulação de que o banco central do México manterá sua postura 'dovish' para garantir uma recuperação econômica que carece dos grandes estímulos implementados pelos seus vizinhos. "Como a taxa de juros do México provavelmente ficará em 4,0%, oferecendo rendimentos reais negativos, os investidores buscarão melhores retornos no mercado acionário local", disse o analista-chefe de mercado da MetAnalisis, Gerardo Copca.

(Com reportagem adicional de Richa Rebello e Manjul Paul em Bengaluru)

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Wall St salta com dados de empregos nos EUA reforçando hipótese de cortes nos juros
Dólar cai ao menor valor em quase um mês com dados fracos de emprego nos EUA
Ibovespa fecha em alta com melhora em perspectivas sobre juros nos EUA
Taxas futuras de juros têm nova queda firme no Brasil após dados de emprego nos EUA
Brasil e Japão assinam acordos em agricultura e segurança cibernética