Em dia de PIB, dólar vai à mínima em 4 meses e real lidera ganhos no mundo com esperança de estímulos

Publicado em 03/12/2020 10:53

O dólar acelerava o ritmo de perdas contra o real na manhã desta quinta-feira, refletindo a fraqueza da moeda norte-americana no exterior, em meio a expectativas de mais estímulo econômico nos Estados Unidos e a otimismo em relação à distribuição de vacinas para a Covid-19, em dia de dados da economia brasileira do terceiro trimestre.

Às 10:36, o dólar recuava 1,23%, a 5,1778 reais na venda, depois de cair a 5,167 reais na mínima da sessão (-1,43%). Mesmo na máxima intradiária a moeda se manteve em baixa, de 0,19%, cotada a 5,232 reais. O real tinha o melhor desempenho entre as principais moedas globais nesta sessão.

O contrato mais líquido de dólar futuro tinha queda de 0,79%, a 5,1785 reais, depois de tocar 5,1670 reais, menor patamar intradiário desde 31 de julho.

Segundo Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco Mizuho, principalmente fatores externos pressionavam a moeda norte-americana frente ao real nesta quinta-feira.

"Há expectativa de taxas de juros baixas em todo o mundo, esperanças em relação a um pacote de ajuda (fiscal) nos EUA e otimismo em relação a vacinas... Isso acaba contribuindo para o bom humor dos mercados", afirmou.

Na quarta-feira, o secretário do Tesouro dos EUA afirmou que o presidente Donald Trump sancionará o projeto de lei em resposta ao coronavírus proposto pelo líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell.

O líder da maioria na Câmara dos EUA, Steny Hoyer, expressou esperança de que um acordo de estímulo fiscal possa ser alcançado "nos próximos dias", e qualquer legislação provavelmente precisará ser complementada com mais ajuda no próximo ano.

As esperanças de mais apoio para empresas e cidadãos da maior economia do mundo se somavam ao otimismo em torno da distribuição de vacinas para a Covid-19, depois que o Reino Unido aprovou nesta semana o imunizante da Pfizer e da BioNTech. A vacina poderá começar a ser aplicada aos mais vulneráveis já na semana que vem.

Diante desse cenário, o índice do dólar contra uma cesta de pares fortes caía 0,34%, renovando mínimas desde abril de 2018. Lira turca (+0,7%), peso mexicano (+0,3%) e rand sul-africano (+0,3%), divisas cujo movimento o real tende a acompanhar, operavam em alta.

No Brasil, concentrava a atenção dos investidores a mais recente leitura do Produto Interno Bruto (PIB), divulgada nesta manhã, que mostrou crescimento recorde de 7,7% no terceiro trimestre.

Apesar do ritmo de recuperação, os dados ficaram abaixo das expectativas dos mercados e foram insuficientes para recuperar as perdas vistas no ápice da pandemia no país.

Rostagno que o número aquém do esperado limita os ganhos do real, que poderia ter "alta um pouco mais expressiva" no caso de um relatório mais robusto.

A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia avaliou nesta quinta-feira que o crescimento econômico do terceiro trimestre, embora abaixo do esperado pelo mercado, confirma a retomada em V da atividade, quadro que dispensa a necessidade de auxílios do governo para o próximo ano.

Mauriciano Cavalcante, diretor de câmbio da Ourominas, alertou que "ainda existe preocupação em relação às contas públicas", mas disse haver esperança nos mercados de que o governo não furará o teto de gastos e encontrará maneiras de cobrir despesas.

O dólar acumula alta nominal de 29% contra o real em 2020.

Na véspera, a moeda norte-americana à vista teve valorização de 0,27%, a 5,2422 reais na venda.

O Banco Central fará neste pregão leilão de swap tradicional para rolagem de até 16 mil contratos com vencimento em abril e agosto de 2021.

Fonte: Reuters

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