Dólar ronda estabilidade com mercado atento a vacinação e política monetária

Publicado em 18/01/2021 11:46

O dólar tinha variações moderadas ante o real nesta segunda-feira, já tendo oscilado entre altas e quedas, com investidores atentos ao início da vacinação contra Covid-19 no Brasil em semana que trará a decisão de política monetária no Brasil e a posse de Joe Biden nos Estados Unidos.

Mais cedo, o dólar chegou a cair 0,49%, deixando o real entre as poucas moedas a se valorizar no mundo diante de um dólar de forma geral fortalecido nesta segunda-feira, conforme analistas acompanhavam o noticiário sobre o início da vacinação nacional contra a Covid-19.

A campanha começará às 17h desta segunda, segundo o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. Na véspera, a Anvisa aprovou, por unanimidade, o uso emergencial da CoronaVac, imunizante do laboratório chinês Sinovac, e, logo depois, a vacinação teve início com os profissionais de saúde do Hospital das Clínicas, em São Paulo.

O começo da vacinação era citado por profissionais do mercado como fator crucial para a recuperação do Brasil, elemento importante nas análises sobre os rumos da taxa de câmbio, já que uma economia em crescimento tende a atrair mais investimentos estrangeiros com potencial para baixar o preço da moeda norte-americana.

"A vacinação é condição necessária, mas não suficiente para o crescimento econômico brasileiro. A velocidade de vacinação ditará o quão rápido a atividade econômica retornará ao nível pré-pandemia, mas não altera os desafios estruturais que o país enfrenta", disse a Guide em nota matinal.

Às 11h30, o dólar à vista tinha variação positiva de 0,07%, a 5,3075 reais na venda. Na máxima, a cotação subiu 0,38%.

Da pauta macro, o IBC-Br, sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), registrou alta de 0,59% em novembro na comparação com o mês anterior, de acordo com dado dessazonalizado divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira.

Ligado aos movimentos em torno da vacinação, investidores seguiam atentos aos desdobramentos políticos do noticiário recente, depois de escalada nas rusgas entre o presidente Jair Bolsonaro; o governador de São Paulo, João Doria (PSDB); e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em plena campanha para definir os novos comandantes da Câmara e do Senado.

A política monetária também estava no radar, com o Banco Central anunciando na quarta-feira sua decisão de política monetária. Pesquisa Reuters mostrou que o Copom deve manter a Selic na mínima histórica de 2% ao ano, mas provavelmente enfatizar a necessidade de uma normalização da política monetária em resposta às pressões inflacionárias.

O entendimento é que esse seria o primeiro passo para se vislumbrar alta de juros, o que poderia dar algum suporte ao câmbio. Segundo analistas, um dos motivos para a pressão sobre o real é o juro em patamar muito baixo, que deixa a moeda mais vulnerável a operações de hedge ou de financiamento para apostas em outras divisas.

No exterior, o dólar tinha alta contra pares do real, como peso mexicano e dólar australiano, depois de registrar a melhor semana em 11, após nos primeiros dias de 2021 tocar mínimas em quase três anos.

Na visão do Standard Chartered, o dólar vai cair ao longo de 2021, mas com recuperações de curto prazo durante o curso. Para estrategistas do banco, a queda de 13% do índice do dólar desde março foi reduzida por um rali entre setembro e outubro, e as condições atuais sugerem que outra pausa pode estar a caminho.

Fonte: Reuters

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